Khan: Uma verdadeira obra prima da cena progressiva de Canterbury
Resenha - Space Shanty - Khan
Por Tiago Meneses
Postado em 23 de agosto de 2015
Nota: 9
Quando se fala de rock progressivo, mais precisamente da cena britânica de Canterbury, não existe nenhuma dúvida de que "Space Shanty", único álbum lançado pela banda Khan lançado em 1972 é uma das obras mais relevantes e influentes desse movimento. Formada por um time de peso, o super grupo era liderado pelo grande vocalista e guitarrista STEVE HILLAGE, além de contar em sua formação com NICK GREENWOOD (baixista da CRAZY WORLD OF ARTHUR BROWN), ERIC PEACHEY (baterista da DR. K'S BLUES BAND) e o tecladista DAVE STEWART (músico com passagens por URIEL, EGG HATFIELD AND THE NORTH E NATIONAL HEALTH).
Esse único registro contém seis faixas compostas quase que inteiramente por STEVE HILLAGE. Todos os quatro músicos trabalham de maneira bastante entrosada e inspirada. O álbum leva como seus principais ingredientes a guitarra de HILLAGE e o órgão hammond de STEWART. Embora seja um álbum em boa parte bastante metronômico, reto e seguindo um ciclo repetitivo em suas músicas, a banda também explode frequentemente em saídas instrumentais extensivas em uma interação formidável entre a dupla já citada. Um belo exemplo do início da cena de Canterbury.
O álbum começa através da música homônima ao disco, "Space Shanty". Tem seu início de forma que faz parecer que estamos ouvindo é o final da faixa, o vocal entra cantando de maneira tranquila. A banda então toda se junta em um tipo de rock clássico. Por volta de 1:27 acontece um excelente entrelaçamento entre órgão e guitarra. Também possui uma linha de baixo maravilhosa. Após essa parte a música entra em uma suave transição, após essa maneira mais lenta e bem cadenciada da banda, o ritmo fica mais rápido e sobre um impressionante solo de guitarra e uma linha de baixo dinâmica. A bateria sempre ajudando a acentuar a música. Então a música para e nisso acontece outro maravilhoso solo de guitarra que serve como uma transição para o próximo trabalho de órgão que mais tarde traz a música de volta a sua melodia original, digamos assim. Uma faixa de composição extremamente sólida. Órgão, guitarra, baixo e bateria preenchem seus espaços de forma única. O álbum não poderia começar melhor.
"Stranded" começa com uma simples guitarra acústica sendo tocada sobre a cama preparada pelo órgão. A linha vocal então surge em um ritmo ainda lento. Aqui também a linha de baixo é excelente. Tudo vai caminhando tranquilamente até quase os 3:00 de música, quando a faixa sofre uma transformação ganhando uma sonoridade mais enérgica liderada primeiramente por um solo curto de órgão. O baixo desempenha um papel muito importante nessa parte, pois ele define a atmosfera para o trabalho solo de guitarra. O vocal da banda então volta com o mesmo tipo feito na abertura da canção. Novamente tudo está soando bastante melódico com um belo vocal e belo arranjo. A faixa termina com uma transição para a canção de número três do álbum.
Agora a faixa é "Mixed up Man of the Mountains". Essa faixa de uma abertura simplesmente linda. Uma guitarra repetida tocada junto de um suave órgão de fundo e um vocal bastante agradável. Então que a faixa entra em seu andamento com a banda desenvolvendo uma excelente melodia. Por volta dos 2:00 a faixa entra em um clima mais silencioso, apresentando um vocal sereno além de belos trabalhos de guitarra e órgão. Logo em seguida a música entra em um ritmo mais rápido com linhas de improvisações de baixo, guitarra e órgão. Um interlúdio maravilhoso. Uma influência extremamente jazzística. Destaque também para o coro vocal e o solo de guitarra durante a passagem final da música que é impressionante.
"Driving to Amsterdam" tem uma abertura sensacional e que mostra exatamente o que é a cena progressiva de Canterbury. Com um trabalho de qualidade ímpar do órgão aumentada ainda mais pelo preenchimento da guitarra. Abertura fantástica. A linha vocal que sucede na canção também faz um trabalho harmonioso excelente. A dupla órgão e guitarra mais uma vez são o carro chefe aqui, sempre muito bem acompanhados por uma bateria dinâmica e imponentes linhas de baixo.
"Stargazers" começa com uma composição de uma complexa combinação de trabalho entre todos os quatro instrumentos, órgão, guitarra, baixo e bateria. Tudo fica mais calmo quando o vocal entra com as suas primeiras frases. Nota-se aqui novamente uma grande influência de jazz, mas não aquele jazz cru e tradicional da época e apresentado por músicos de décadas anteriores como MILES DAVIS ou ORNETT COLLEMAN, mas o jazz que continha na musicalidade de outras bandas da cena de Canterbury como EGG, HATFIELD AND THE NORTH E NATIONAL HEALTH. Essa faixa possui umas pontuações bastante fortes e muitos segmentos.
O álbum finaliza através de "Hollow Stone". Trata-se de uma faixa suave e de uma linha vocal bastante agradável. Aqui não apenas nota-se uma influência jazz e sem perder uma levada de rock, como também existe até mesmo algo de blues. Mesmo que tocados de maneira serena, órgão e guitarra novamente possuem solos belíssimos. Uma excelente faixa pra encerrar um não menos excelente álbum.
Sem sombra de dúvida que trata-se de uma verdadeira obra prima da cena progressiva de Canterbury. Ainda que o destaque esteja nas guitarras de HILLAGE e no órgão de STEWART, todos os quatro membros desempenham de maneira soberba o seu papel, as linhas de baixo de GREENWOOD e a bateria de PEACHY se não fossem feitas da maneira que estão no álbum, o brilho não seria o mesmo.
Músicos:
Steve Hillage - vocal, guitarra
Dave Stewart - orgão
Nick Greenwood - baixo, vocal
Eric Peachy - bateria
Faixas:
1 - Space Shanty - 8:59
2 - Stranded - 6:35
3 - Mixed Up Man Of The Mountains - 7:14
4 - Driving To Amsterdam - 9:22
5 - Stargazers - 5:32
6 - Hollow Stone - 8:16
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