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Sebastian Bach: Porque às vezes, velho, menos é mais

Resenha - Give 'em Hell - Sebastian Bach

Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 04 de maio de 2014

Confesso: sou muito fã do Sebastian Bach. Sério. Adoro o trabalho que ele fez à frente do Skid Row, acho que o sujeito manteve uma carreira artística coesa e de qualidade, indo até parar em musicais da Broadway e arriscando papéis em produções televisivas, com méritos inquestionáveis. Sempre o achei um cara inteligente, divertido, sarcástico, brilhando em entrevistas que insistiam em colocá-lo em saias justas. E quando finalmente colocou a sua carreira-solo na rua, o começo foi imensamente promissor, roubando a cena nos shows de abertura para o Guns n' Roses e lançando o pesado e intenso Angel Down, de 2007. Cada faixa tinha um "agora vai!" gritando alto e claro. Quando veio o segundo disco, Kicking & Screaming, a empolgação continuou. Revestindo-se de uma bem-vinda modernidade, mas sem pedantismo, e sem medo de explorar outras vertentes musicais, Bach estava mesmo mostrando a que veio.

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Mas eis que, este ano, somos apresentados a Give 'Em Hell. E, apesar do título provocativo, que sugere uma explosão de peso e fúria, o que temos como resultado final está muito mais próximo da esquisitíssima imagem de capa. Questionável. Give 'Em Hell parece mesmo ser o resultado de um Bach mais pesado e furioso do que outrora, envelhecendo e querendo pegar mais forte. Mas o direcionamento, o foco de tamanha porradaria, meus velhos, é tudo nesta vida. Neste sentido, Bach atira para todos os lados e parece não conseguir acertar nenhum alvo em particular. Por mais que tenha conseguido colocar ao seu lado o baixo de ninguém menos do que Duff McKagan (ex-Guns n' Roses) e, em algumas faixas, a guitarra do talentoso e por vezes subestimado Steve Stevens (Billy Idol, Michael Jackson).

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Hell Inside My Head, que abre os trabalhos, até que não é um começo de todo ruim. Uma faixa que, apesar da cacetada na bateria de Bobby Jarzombek, não chega a perder sua melodia tradicional. Mas dura pouco. Apesar da letra provocativa, brincando com sua própria trajetória, All My Friends Are Dead tenta enveredar por uma pegada mais modernosa, em especial nas levadas de guitarra, e na qual o seu tipo de vocal parece não encaixar. Algo ali não combina. O problema persiste ao longo de toda a audição, passando por Gun To A Knife Fight, Dominator, Taking Back Tomorrow. Bach está simplesmente deslocado. Em Push Away, ele força seus agudos até o limite - e chega a ultrapassá-los, arruinando o refrão de uma canção que tinha tudo para dar certo. E na melodia maliciosa e sacana de Forget You, ele insiste por uma interpretação que é por demais gritada, berrada - e nos poucos momentos da canção em que Bach entrega uma performance mais comedida, fica claro o caminho que deveria ter seguido. Isso é rock pesado, eu sei. Mas às vezes, menos é mais.

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Acho que este é, no fim das contas, o segredo - em Angel Down, Bach conseguiu soar pesado de maneira natural, sem forçar a barra. O flerte com o metal fez todo o sentido, estava bem encaixado. Em Give 'Em Hell, talvez numa tentativa de se distanciar ainda mais dos dias de laquê do Skid Row, Bach parece querer soar ainda mais metal, ainda mais infernal, com cara de malvado, sombrio, tenebroso. Não funciona. E nem precisaria, porque ele nunca teve que provar nada para ninguém. Em seu combo hard rock + heavy metal, ele parece querer deixar o hard rock de lado e privilegiar o metal. Errado, muito errado. Escute a baladinha Had Enough e entenda que é muito, mas muito errado um homem renegar as suas raízes.

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O ótimo cover para a Rock N Roll Is A Vicious Game, da banda canadense April Wine, é o momento mais inesperado de todo o disco, com seu espírito mais country e o acompanhamento de uma gaita e de um piano. E também é aquele no qual Bach se explora de maneira diferente, talvez respirando os ares da reflexão hard rock que sempre permeou os álbuns das bandas dos anos 80. Faltou Bach enxergar um pouco mais o seu próprio passado. Ficar dependente do passado é errado. Mas não precisa exagerar e tentar fingir que ele não existe. Faltou uma pitada de farofa aqui. E que faria toda a diferença.

Nunca deixei de defender o talento de Bach, nem depois do lamentável show no último Rock in Rio, um momento no qual sua voz falhou, não correspondeu ao potencial devido e o colocou uma posição que simplesmente não merecia. Como defendê-lo depois deste Give 'Em Hell, equivocado como nunca deveria ter sido? Não sei. Ele pode até ter tentado. Mas vai ter que fazer por merecer. Mais uma vez.

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Line-up:
Sebastian Bach - Vocal
Duff McKagan - Baixo
Devin Bronson, John 5, Steve Stevens - Guitarra
Bobby Jarzombek - Bateria

Tracklist:
1. Hell Inside My Head
2. Harmony
3. All My Friends Are Dead
4. Temptation
5. Push Away
6. Dominator
7. Had Enough
8. Gun To A Knife Fight
9. Rock N Roll Is A Vicious Game (April Wine cover)
10. Taking Back Tomorrow
11. Disengaged
12. Forget You

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Sobre Thiago El Cid Cardim

Thiago Cardim é publicitário e jornalista. Nerd convicto, louco por cinema, séries de TV e histórias em quadrinhos. Vegetariano por opção, banger de coração, marvete de carteirinha. É apaixonado por Queen e Blind Guardian. Mas também adora Iron Maiden, Judas Priest, Aerosmith, Kiss, Anthrax, Stratovarius, Edguy, Kamelot, Manowar, Rhapsody, Mötley Crüe, Europe, Scorpions, Sebastian Bach, Michael Kiske, Jeff Scott Soto, System of a Down, The Darkness e mais uma porrada de coisas. Dentre os nacionais, curte Velhas Virgens, Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus, Matanza, Sepultura, Tuatha de Danaan, Tubaína, Ira! e Premê. Escreve seus desatinos sobre música, cinema e quadrinhos no www.observatorionerd.com.br e no Twitter.
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