Patria: sonoridade mais crua e voltada aos primórdios
Resenha - Nihil Est Monastica - Patria
Por Marcos Garcia
Postado em 26 de março de 2013
Nota: 10
O Black Metal nunca foi um estilo lá muito digerível para os não iniciados, tendo em vista que suas características seminais de fato aturdem pessoas com ouvidos não iniciados nos caminhos do Metal, e mesmo para alguns bangers não é muito simples esta aceitação. Mas é impossível não reconhecer seus méritos, conquistas e ótimos trabalhos dados à cena Metal mundial, sejam eles mais polidos ou mais voltados para a sonoridade de raiz delineada por BATHORY, HELLHAMMER e VENOM, seja ele feito na Europa ou na América, em especial na América do Sul. E um dos nomes fortes da cena Sul-americana é, sem sombra de dúvidas, o brasileiro PATRIA, que mesmo fazendo uma sonoridade mais crua e voltada aos primórdios, sempre surpreende com seus trabalhos, e com o novo 'Nihil Est Monastica', 5° disco da banda, e que está saindo em nosso país pela Drakkar Brasil (sim, agora o nosso país tem uma subsidiária do selo francês, logo, facilitará o acesso a grandes discos da matriz européia), não é diferente.
O grupo continua com aquele mesmo Black Metal soturno e azedo de sempre, ora em velocidade moderada, ora mais cadenciado e climático, mas sempre pesado, que dispensa apresentações longas, pois a mistura é a mesma de sempre: vocais rasgados extremos e bem colocados (fora a dicção de Triumphsword está cada vez melhor), riffs cortantes e bem criativos em sua simplicidade (o que não é algo fácil de se conseguir. Quanto mais simples, mais difíceis de serem criados), baixo e bateria bem sólidos na marcação e nas variações de andamento. E ela sempre resulta em algo muito bom.
A produção sonora, como sempre, é aquela mesma que privilegia a sonoridade mais voltada à Velha Escola norueguesa (e, obviamente, brasileira. Ou alguém esquece que o SARCÓFAGO é uma das maiores influências do Black Metal nórdico?), com os instrumentos bem saturados, deixando tudo extremamente pesado e climático, mas sem se embolarem mutuamente. Traduzindo: você consegue escutar os instrumentos separadamente, mas a sonoridade é a mesma que a banda utiliza desde seus primeiros trabalhos. A arte, com a capa feita por Costin Chioreanu (que já se destacou por trabalhos com DARKTHRONE, ULVER, AURA NOIR e outros), ficou bem trabalhada em tons de preto, branco, cinza e toques de marrom, eficiente e climática, sendo uma ótima complementação ao conteúdo musical.
E já que estamos falando em música, 'Nihil Est Monastica' é um disco que retoma um pouco a sonoridade vista em 'Hymns of Victory and Death', mas mantendo o nível técnico de 'Liturgia Haeresis', com um ótimo nível sonoro, capaz de satisfazer os fãs mais exigentes de Black Metal, e inclusive pode ganhar novos.
Destaques?
Bem, o CD inteiro é ótimo, mas vale destacar a ótima e ríspida 'Conquering Death's Palace', que alterna entre momentos velozes e outros mais cadenciados, preenchida por ótimos riffs; 'Nyctophilia', uma faixa climática, com levadas à lá HELLHAMMER, com vocais rasgados ótimos e bem postados, foram mundaças de andamento perfeitas; a terrorosa 'Ravens Almighty'; 'Sacro Vale dos Encantos', pesada e azeda, novamente com mudanças de andamento muito boas e excelentes riffs de guitarra; a ótima 'Evoking the Ancient Spirits'; 'Till Death', mais cadenciada e aterrorizante, com boas variações nos riffs, e vocais rasgados a extremo que são interpretados com maestria; e a versão personalizada de 'Black Vomit', do já mítico SARCÓFAGO, com alguns elementos diferentes da versão original, em especial a bateria na parte após o solo de guitarra.
https://soundcloud.com/blackmetalpatria/patria-till-death-web-single
É, o PATRIA mais uma vez acerta o alvo, e lança um CD obrigatório.
Nihil Est Monastica - Patria
(2013 - Drakkar Brasil - Nacional)
Tracklist:
01. Nihil Est Monastica (intro)
02. Conquering Death's Palace
03. Dark Cosmic Legend
04. Nyctophilia
05. Ravens Almighty
06. Altar
07. Sacro Vale dos Encantos
08. Ascendent of Darkness
09. Evoking the Ancient Spirits
10. Storm Before Eternity
11. Till Death
12. The Silence of the Thrones
13. Black Vomit (Sarcófago cover)
Formação:
Triumphsword - Vocais
Mantus - Guitarras, baixo, bateria
Igniis Inferii - Guitarra (live musician)
Stormbringer - Baixo (live musician)
Abyssius - Bateria (live musician)
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