O megahit da Jovem Guarda que Roberto Carlos só aprovou após artimanha do produtor
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de outubro de 2023
A Jovem Guarda foi um movimento musical brasileiro que emergiu na década de 1960, destacando-se como uma expressão marcante da juventude da época. Roberto Carlos, conhecido como o "Rei" da música brasileira, desempenhou um papel crucial nesse movimento.
Em 1965, Roberto Carlos lançou o álbum autointitulado "Jovem Guarda", que se tornou um marco na história da música brasileira. O disco incorporou elementos do rock'n'roll e da jovem guarda, consolidando a posição de Roberto Carlos como ícone dessa geração.
Uma das músicas mais emblemáticas desse álbum é "Quero Que Tudo Vá Pro Inferno", que se tornou um hino da rebeldia juvenil, com letras provocativas e uma melodia contagiante. Em entrevista ao Corredor 5, Jairo Pires, que trabalhava na gravadora CBS nesse disco, contou como foi atuar na produção.
"O Roberto Carlos no estúdio era assim. O difícil é que você não sabia nunca o que ele estava pensando. Tinha que adivinhar. Ele não gostava e você ficava sem entender. Chegou uma época que o Evandro, presidente da CBS, gravadora do Roberto, fez tudo para promover o Jerry Adriani. Fez toda a força possível para arrebentar e foi um grande sucesso, mas não tinha a coisa do Roberto. Então, ficávamos tentando nos virar no estúdio.
Lembro que naquela música ‘Quero Que Vá Tudo Para o Inferno’, começamos a por a voz umas 14h. Aí, o Roberto dizia que não estava bom. Uma delas, achei que ficou legal sim. O Roberto deu uma saída e falei para o auxiliar: ‘Guarda essa aí’. Entramos pela madrugada repetindo a mesma coisa. Ele sempre foi muito detalhista e cuidadoso. Depois de um tempo, falei para soltar aquela que tinha separado. Ele ouviu e pediu pra soltar de novo. Só então disse que estava legal! Eu queria matar! [risos]. E ficou aquela".
Jovem Guarda antes e hoje
Gabriel Thomaz, vocalista da banda Autoramas, comentou sobre o movimento da Jovem Guarda e suas características musicais durante sua participação no podcast Corredor 5. Segundo ele, a Jovem Guarda representou um movimento na música brasileira que teve como referência o rock produzido nos anos 1950. As músicas icônicas de artistas como Roberto Carlos e Erasmo Carlos deixaram uma marca significativa na época. No entanto, ele destacou que compreender a ousadia e agressividade das letras dessas músicas pode ser desafiador para a nova geração nos dias de hoje.
Durante a conversa, Gabriel Thomaz mencionou algumas músicas específicas, como "Muro de Berlim" de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ressaltando que, embora não tenham sido os intérpretes originais, essas canções exemplificam a diversidade do movimento. Ele observou que músicas como "Festa de Bolinha," também de autoria da dupla, demonstram a evolução artística ao longo do tempo.
Ao analisar o contexto da época, Gabriel Thomaz enfatizou que a Jovem Guarda possuía toda a energia característica do rock 'n' roll, com ideias inteligentes. Ele explicou que expressões como "Parei na Contramão" eram ousadas para a época, e as letras transpareciam uma rebeldia que se destacava. Citou o exemplo da música "Quero Que Vá Tudo Para O Inferno," destacando que, naquela época, a expressão era verdadeiramente agressiva, apesar de ser desafiador convencer as pessoas dessa agressividade nos dias de hoje.
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