Capital Inicial: ela acertou mais que errou nessa longa jornada
Resenha - Saturno - Capital Inicial
Por David Oaski, Fonte: Rock Ideologia
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Porém de uma forma até injusta muitos se esqueceram da relevância de todo o resto da discografia da banda, afinal já são 30 anos de carreira e definitivamente a banda acertou mais do que errou nessa longa jornada.
No mínimo, os cinco primeiros álbuns da banda tem suas virtudes e qualidades, mesmo não tendo colocado a banda no patamar do primeiro time do rock nacional na época. Além disso, o Acústico Mtv, mesmo se tratando de uma compilação, é um disco espetacular, ouso dizer que um dos melhores já gravados por uma banda de rock nacional, pois além de ter ótimas melodias, mostrou uma banda coesa, com repertório forte e canções pop sem forçar a barra, o que resultou na maior vendagem da história da banda (pra lá de um milhão de discos vendidos).
A banda lançou no final do ano passado seu mais recente álbum: "Saturno", sucessor do bom "Das Kapital" (2010), que já mostrava uma banda mais interessada em soar algo além de um arremedo pop, com ares de The Killers e rocks de qualidade, a banda mostrou que ainda tinha lenha a queimar, superando as expectativas com o lançamento atual.
O disco (apesar da capa tosca) traz toda a energia, trazida principalmente pelo carismático vocalista Dinho Ouro Preto, a consistência rítmica da cozinha formada pelos irmãos Flávio Lemos (baixo) e Fê Lemos (bateria), mas o grande destaque do álbum são as guitarras de Yves Passarell.
A banda em diversos momentos lembra a sonoridade de bandas do pop rock atual, mostrando que segue antenada com os sons atuais, como Muse, The Killers, Green Day e The Strokes.
Dentre os rocks, destacam-se "Saquear Brasília", uma rara letra de protesto, que eram tão comuns nos anos 80, hoje em dia estão em extinção devido às bandas daquela época terem virado bunda moles e as atuais sequer se importarem com algo além de seu penteado. "Água e Vinho" também é muito interessante, com ótima guitarra permeando a canção e a letra relacionando antônimos na mesma frase. Além dessas "Um Homem Sem Rosto" e "Apocalipse Agora" seguem a linha, mantendo a energia do disco, com melodia mais acelerada, numa espécie de pop punk.
As duas melhores faixas do disco são "Cristo Redentor" e "A Valsa do Inferno", sendo a primeira a melhor letra da banda em muitos anos, tratando da ganância e conquista dos objetivos a qualquer preço; já a segunda é uma espécie de marcha, com ótimas guitarras e boa performance de Dinho, que parece ter recuperado sua voz após o acidente.
As baladas melancólicas do disco, o primeiro single "O Lado Escuro da Lua" e "Saturno" diferem numa coisa básica, enquanto a primeira é muito legal, com refrão marcante a segunda soa um pouco cansativa. "Noites em Branco" também parece não dizer a que veio, parece que a voz de Dinho não casa com esse tipo de canção, soando um tanto forçado em alguns momentos.
Ainda há espaço para "Poucas Horas" que inicia suave e fica mais pesada, com um ótimo solo e ideal para ouvir bem alto no som do carro; "Eu Ouço Vozes" que também possui boa melodia e a dispensável "Sol Entre Nuvens".
O mais importante ao analisar esse álbum é notar que a banda, apesar de algumas escorregadas, alcança seu objetivo, entrega um bom disco pop rock, com algumas pérolas na discografia da banda. Como todos os outros álbuns do Capital Inicial, não é impecável, mas trata-se de uma banda talentosa e carismática que tenta a muito tempo manter acesa a ideologia do rock no mainstream brasileiro.
Se você gosta de rock nacional, vale a audição. Se você não gosta dos caras devido ao som, eu te respeito. Agora, se você não gosta dos caras porque eles fazem sucesso, então volte para sua caverna empoeirada e ouça seus discos obscuros em paz.
O Capital Inicial conseguiu se mostrar muito mais relevante que a nova geração do rock, mostrando que ainda há estrada para esses coroas que parecem nunca envelhecer. Realmente parece que aquela história de que rock n' roll rejuvenesce procede.