Guthrie Govan: Ele é o salvador da guitarra shred?
Resenha - Guthrie Govan - Erotic Cakes
Por Thiago Pimentel
Postado em 17 de junho de 2012
De tempos em tempos, a mídia especializada costuma superestimar algum instrumentista - nesse caso, em específico, o guitarrista - e apresentá-lo como um um gênio, o salvador.
Na maioria dos casos, o tal 'gênio instrumentista' acaba sendo lembrado apenas por algumas exibições de virtuosismo pomposas e, talvez, algum suposto material didático no formato de vídeo aula. Adianto que esse não é o caso do guitarrista britânico Guthrie Govan. Não, definitivamente não o é.
Contextualizando: recentemente, apesar do músico estar na ativa um bom tempo e ter participado da banda de rock progressivo britânica "Asia", tem-se feito um burburinho em torno da obra de Govan; a alcunha de "salvador da guitarra shred" tem sido atribuída ao músico e, além disso, nomes renomados das seis cordas - a exemplo de Joe Satriani ("Chickenfoot") e Paul Gilbert ("Mr. Big") - têm distribuído elogios ao trabalho do artista.
Sinceramente? Acredito que o termo shred - uma associação a 'fritação de notas', ou seja, tocar excessivamente rápido - aqui é pejorativo, pois o amplo vocabulário musical que Govan imprime nas 11 faixas instrumentais que compõe "Erotic Cakes" vai além do que é, normalmente, vinculado a esta denominação. Entretanto, o próprio músico faz 'piada' da termo no título de uma das composições ("Rode Island Shred").
O álbum, cujo título fora inspirado em um episódio de The Simpsons, tem seu início com a intrigante "Waves". A sonoridade atípica, criada por Govan no tema principal, é seu charme. Esta composição já estava presente no repertório do guitarrista. Além dela, outras faixas como "Wonderful Slippery Thing" - peça bem funkeada responsável pela vitória do músico em um concurso da Guitarist Magazine's - e "Rode Island Shred" - faixa com pegada bem country que conta com a participação do guitarrista Bumblefoot (Guns N' Roses) - já datam mais de dez anos desde sua primeira aparição.
No geral, Guthrie Govan desenvolve bem seus temas utilizando sempre boas ornamentações e explorando melodias bastante exóticas - ouça "Uncle Skunk" e "Ner Ner" (com solos do guitarrista Richie Kotzen), por exemplo. A oitava faixa ("Eric"), uma das mais belas composições do álbum, é um prato cheio em sonoridade exótica e, ainda assim, é uma das músicas mais acessíveis do disco. O timbre do guitarrista, a propósito, é matador e, mesmo em momentos de pura 'fritação', todas as notas são audíveis e não soam de forma desagradável.
Já composições como "Slidey Boy" e "Hangover", exibem uma abordagem mais jazzística e tradicional ao subgnêgero fusion - em oposição a faixa título que, por exemplo, chega a remeter o metal progressivo. As famosas, em vídeos afora, "Fives" e "Sevens" completam o disco exibindo ecos de 'Steve Vai' ao ouvinte e, além disso, desenvolvem uma linguagem mais rock n' roll.
Apesar de Govan ser a estrela, tenho que mencionar o trabalho de baixo feito por Seth Govan (seu irmão) - vide "Uncle Skunk", "Fives" e "Eric" - e as linhas de bateria gravadas por Pete Riley.
Nesse álbum você encontrará técnica e virtuosismo? Certamente. Porém, tudo bem aliado a boa musicalidade e experimentalismos (positivos). Fora que, em nenhum momento, a audição do disco torna-se cansativa.
Em meio a megalomania egocentrista da maioria dos guitarristas ditos virtuosos, "Erotic Cakes" é uma espécie de respiro. Fortemente recomendado para quem gosta de guitarras e, obviamente, música instrumental. Atualmente, Guthrie Govan concentra-se na banda The Aristocrats - responsável por um fusion com pegada bem roqueira - e não se sabe quando o guitarrista lançará outro trabalho solo. Aguardemos.
Músicas-chave:
"Eric" ; "Ner, Ner" ; "Hangover"
Formação:
Guthrie Govan – guitarra
Seth Govan – baixo
Pete Riley – bateria
Andy Noble – órgão hammond
Tracklist:
01. Waves
02. Erotic Cakes
03. Wonderful Slippery Thing
04. Ner Ner
05. Fives
06. Uncle Skunk
07. Sevens
08. Eric
09. Slidey Boy
10. Rhode Island Shred
11. Hangover
Originalmente publicado em:
http://hangover-music.blogspot.com/2012/06/resenha-guthrie-govan-erotic-cakes.html
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As cinco músicas dos Beatles que soam muito à frente de seu tempo
A categórica opinião de Regis Tadeu sobre quem é o maior cantor de todos os tempos
Ingressos para o festival Mad Cool 2026 já estão à venda
A "música da vida" de Kiko Loureiro, que foi inspiração para duas bandas que ele integrou
Rodrigo Oliveira explica por que não passou nos testes para o Angra nem para o Sepultura
Max Cavalera diz ser o brasileiro mais reconhecido do rock mundial
É oficial! Iron Maiden vem ao Brasil em outubro de 2026; confira as informações
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
Os 20 álbuns de classic rock mais vendidos em 2025, segundo a Billboard
O guitarrista que uniu David Gilmour e Jimmy Page na mesma admiração; "ficamos de queixo caído"
M3, mais tradicional festival dedicado ao hard rock oitentista, anuncia atrações para 2026
Alter Bridge abrirá para o Iron Maiden apenas no Brasil
A melhor música de rock lançada em 2025, segundo o Loudwire
O maior baixista de todos os tempos, segundo o lendário produtor Rick Rubin
Pink Floyd - Roger Waters e David Gilmour concordam sobre a canção que é a obra-prima
Death On Two Legs: a declaração de ódio de Freddie Mercury
O então jovem roqueiro que irritou Caetano Veloso ao dizer uma verdade para o baiano
O recado sem-vergonha que Raimundos escondia no material que ia para rádios populares


"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional
"Rebirth", o maior sucesso da carreira do Angra, que será homenageado em show de reunião
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme



