Velhas Virgens: Do Love Story até a Avenida São João
Resenha - Carnavelhas 2: Do Love Story até a Av. São João - Velhas Virgens
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 31 de agosto de 2011
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Chamados com propriedade de "a maior banda independente do Brasil", os músicos das Velhas Virgens precisam, afinal de contas, fazer questão de manter-se "independentes". E isso significa não apenas lançar seus álbuns autorais por conta própria, sem ligações com grandes gravadoras, mas também ter a liberdade para ousar. Normalmente conhecido pelos flertes do rock clássico com o blues, o sexteto já tinha causado certa chiadeira entre parte dos fãs ao lançar o ótimo "Carnavelhas", com suas próprias marchinhas de Carnaval com tempero roqueiro. Mas eles não pararam por aí – e este ano, devidamente azeitados com uma de suas mais sólidas formações nestas suas décadas de trajetória, eles lançam o segundo "Carnavelhas", ainda mais saboroso do que o anterior. Rock não tem nada a ver com samba? Há. Você é que pensa. E não estou, nem de longe, me referindo àquela babaquice batizada de "samba rock". Aqui, o papo é outro.
Velhas Virgens - Mais Novidades
"Carnavelhas 2: Do Love Story até a Av.São João" é uma homenagem, de peito escancarado, à cidade de São Paulo. E tudo no álbum soa como uma verdadeira declaração de amor à vida e obra de ninguém menos do que Adorinan Barbosa, apaixonado pela Terra da Garoa e um exímio cronista urbano. Assim como grande parte de seus contemporâneos, Adoniran escrevia sobre boêmia, sobre as figuras da noite, sobre os bares, sobre a mulherada e as dores de amor – a seu jeito bem particular, sempre com bom humor, é claro. Alguém aí notou algum tipo de semelhança com as Velhas Virgens? Mulher, boteco, cerveja, humor? Bingo. Tratados como criaturas à margem da sociedade pelos "medalhões musicais" da época, sambistas como Adoniran e Noel Rosa foram os roqueiros de seu tempo. Se Paulão os tivesse conhecido, talvez tivessem formado juntos a sua própria versão das Velhas Virgens.
"Carnavelhas 2" tem batuques, cuícas, tamborins. Mas também tem muita guitarra – e altíssimas doses da sacanagem que é tão importante para as Velhas quanto o baixo ou a bateria. Em "Um Chopps e Dois Pastel", a banda evoca o português particular e peculiar de Adorinan enquanto desfila personagens típicos da sociedade paulistana como Hebe Camargo, Tom Zé e o Professor Pasquale. Já "São Paulo Meu Amor, Minha Menina", dedicada aos Demônios da Garoa (não por acaso, grupo que mais gravou as composições de Adoniran), trata a metrópole como uma mulher apaixonante, do tipo que "de noite é deslumbrante". O ápice do CD, no entanto, é "Praia de Paulista", uma elegia politicamente incorreta (Graças a Deus!) ao beberrão urbano que não tem a menor paciência para a combinação areia e mar – e que, se pudesse, ia mandar "azulejar o mar". Refrão simplesmente irresistível.
Vale também ressaltar as excelentes participações especiais, que dão ainda mais charme à bolacha. Em "DNA de Malandro", Paulão divide os vocais com Nasi (ex-Ira!) numa canção que é puro Bezerra da Silva. Procurando um novo amor "Nos Bares da Vila Madalena" (de preferência, uma mulher bunduda e burra, conforme atesta a letra), o cantor troca experiências com Laert Sarrumor, a voz do Língua de Trapo. Faminto depois de encher a cara a noite inteira, Paulão pede um toque para Wandi Doratiotto (Premê) sobre onde é possível encher a pança de madrugada. Com direito à introdução de "Eu Gosto de Mulher", Roger Moreira (Ultraje a Rigor) volta a fazer parceria com as Velhas na quase chicleteira "Em Tese", que leva a pegação para o ambiente universitário e bem que poderia embalar uma micareta. O momento crucial, no entanto, é mesmo quando Paulo Miklos (Titãs) entra em cena, para o rock travestido de samba-enredo das antigas "Adão e Eva", sobre uma mulher traidora que dá um "perdido" no namorado durante o Carnaval.
Ah, sim, uma coisa é fato: "Carnavelhas 2" deixa mais do que claro que, finalmente, as Velhas encontraram uma vocalista feminina à altura da banda. Basta perceber que Juliana Kosso comanda sozinha não uma, como de costume, mas duas faixas – "SP Pornô" (com uma série de piadinhas de duplo sentido sobre os principais pontos de referência da cidade) e "Taca Silicone na Japa" (tributo aos imigrantes japoneses cujo título é auto-explicativo).
Ao final do disco, na festiva "Turnê do Chopp", Paulão oferece aos turistas um verdadeiro mapa da mina sobre os melhores bares para tomar um chopp de qualidade na capital paulistano. Uma pérola, como só as Velhas Virgens conseguiriam fazer. Um brinde a mais um discaço.
Line-up:
Paulão Carvalho – Voz
Juliana Kosso – Voz
Alexandre "Cavalo" Dias – Guitarra
Roy Carlini – Guitarra
Tuca Paiva – Baixo
Simon Brow – Bateria
Tracklist:
1. Introdução
2. Marcha do Diabo
3. Um Chopps e Dois Pastel
4. Praia de Paulista
5. São Paulo Meu Amor, Minha Menina
6. DNA de Malandro
7. Nos Bares da Vila Madalena
8. Feijuca na Madruga
9. SP Pornô
10. Em Tese
11. Adão e Eva
12. Taca Silicone na Japa
13. A Nêga
14. Turnê do Chopp
15. Eu Nasci Aqui
16. Hino do Terra Nova
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Brian May escolhe os 5 maiores bateristas e inclui um nome que poucos lembram
Disco do Pink Floyd atinge o topo das paradas do Reino Unido 50 anos após lançamento
Com shows marcados no Brasil em 2026, Nazareth anuncia novo vocalista
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
O hit de Raul Seixas que ele precisou compor rápido após 30% do álbum ser censurado
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Turnês não rendem dinheiro, diz Gary Holt: "A gente toca para você vir visitar a nossa loja"
A banda que John Paul Jones considerava num patamar acima do Led Zeppelin
O megavocalista que Axl Rose teve como seu maior professor; "eu não sei onde eu estaria"
A música "esquecida" do Dream Theater que fala sobre pilantragem
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
O disco que o incansável Max Cavalera mais se divertiu gravando
Saída do Scorpions marcou queda irreversível de James Kottak: "Bebia o tempo todo. Dia e noite"
Como a turnê de "Arise" mudou os integrantes do Sepultura, segundo Andreas Kisser
As letras do Ghost falam sobre Deus ou o Diabo? Tobias Forge responde
O verso original de "Maior Abandonado" que Frejat barrou: "Não é censura, Cazuza, mas..."

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



