Sepultura: Evidenciando sobrevida para o ícone do thrash
Resenha - Kairos - Sepultura
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 28 de agosto de 2011
Nota: 7 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Em meio a uma profunda crise de identidade desde que Max Cavalera abandonou a banda na década de noventa, o SEPULTURA ainda não encontrou um novo e consistente rumo para a sua carreira de enorme sucesso internacional. Embora discos como "Dante XXI" (2006) e "A-Lex" (2009) não possam ser considerados obras desprezíveis, a verdade é que o grupo nunca mais conseguiu criar repertórios marcantes e intensos como os de "Arise" (1991) e de "Roots" (1996). O novo álbum, intitulado "Kairos", não pode ser apontado como a obra definitiva sob a voz de Derrick Green, mas evidencia uma sobrevida – mesmo que rasteira – para o ícone do thrash metal nacional.

De certo modo, a contribuição do renomado produtor Roy Z (BRUCE DICKINSON e ROB HALFORD) pode ser apontada como a grande novidade de "Kairos" se comparado com os seus antecessores, sobretudo com "Nation" (2001) e com "Roorback" (2003). O grupo, que parecia pouco interessado em criar faixas encorpadas e agressivas, aparentemente apostava as suas fichas em uma sonoridade mais superficial e menos direta. Porém, as ideias do novo produtor remodelaram o thrash metal do SEPULTURA a partir de uma ótica mais crua e pesada. Por mais que não conquiste o status de obra clássica e/ou de grande surpresa do ano, o novo álbum de Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Jean Dolabella (bateria) é – sem sombras de dúvidas – a melhor coisa que o conjunto escreveu na última década. Em pouco mais de quarenta e cinco minutos, a pegada característica da banda reparece com praticamente com o mesmo impacto de outrora.
Com muita simplicidade (mas sem abrir mão dos riffs pesados), "Spectrum" abre a nova empreitada de Andreas Kisser & Cia. sem muito impacto, ainda mais se comparada com as demais faixas do disco. Em contrapartida, "Kairos" pode ser apontada como o ápice do repertório por toda a sua agressividade. O grupo, que pouco vem explorando as referências da música brasileira nos seus registros mais recentes, precisaria mesmo compensar a ausência da originalidade de outrora com músicas mais encorpadas e violentas. O peso característico da fórmula do thrash metal ainda se desdobra em outras e interessantes faixas, como "Relentless" e "Dialog". No entanto, "Just One Fix" – cover do MINISTRY – não pode não ser mencionado como outro destaque à parte da obra.
Por mais que apresente uma série de boas ideias como recheio, "Kairos" se ressente da ausência de músicas capazes de vencerem a barreira do tempo e do esquecimento. Não há dúvidas de que o novo álbum do SEPULTURA se sai consideravelmente melhor se comparado com o seus antecessores. Porém, faixas como "Seethe" e "Born Strong" não ambicionam muito dentro desse set-list criado pelo quarteto. De certo modo, a fórmula desgastada dos registros mais próximos reaparece pelas beiradas trazendo um pouco de modéstia ao álbum que tinha tudo para ser uma das principais novidades em 2011. O repertório, que inicia com os seus principais destaques, perde boa parte do seu impacto na metade para o fim. No entanto, a agressividade simples de "No One Will Stand" pode agradar boa parte dos fãs do conjunto, diferente da esquisita "Structure Violence (Azzes)", um equívoco parecidíssimo com o que há de mais controverso nos trabalhos do SOULFLY.
Enfim, não há dúvidas de que o SEPULTURA aparentemente reencontrou em "Kairos" a fórmula do thrash metal vigoroso de outrora. No entanto, o que falta para que a banda reconquiste o sucesso dos anos noventa parece muito distante ainda. O repertório pouco homogêneo evidencia a ausência de faixas verdadeiramente coesas e impactantes. Não há dúvidas de que os fãs certamente poderão se contentar com o mais recente álbum do conjunto. Porém, comparar o novo disco do quarteto com as suas obras clássicas é injusto e inadequado. De certa forma, o modesto trabalho que o grupo fez em "Kairos" é justamente o que estava ao seu alcance. Nada mais que isso.
Track-list:
01. Spectrum
02. Kairos
03. Relentless
04. 2011
05. Just One Fix
06. Dialog
07. Mask
08. 1433
09. Seethe
10. Born Strong
11. Embrace the Storm
12. 5772
13. No One Will Stand
14. Structure Violence (Azzes)
15. 4648
Outras resenhas de Kairos - Sepultura
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Não é "Stairway" o hino que define o "Led Zeppelin IV", segundo Robert Plant
Divulgados os valores dos ingressos para o Monsters of Rock 2026
A única banda de rock progressivo que The Edge, do U2, diz que curtia
A banda que serviu de inspiração para o Eagles: "Até os Beatles curtiam o som deles"
Glenn Hughes passa mal e precisa encerrar show mais cedo em Belo Horizonte
As duas músicas que Bruce Dickinson usa para explicar o que é rock and roll
Riki Rockett acusa Bret Michaels de ter sabotado turnê de 40 anos do Poison
O clássico do metal oitentista inspirado em Toto, desastre do Titanic e Monsters of Rock
A capa do Iron Maiden que traz nove bandeiras de países envolvidos na Guerra Fria
O pior disco de cada banda do Big Four do thrash, segundo Mateus Ribeiro
Sharon Osbourne revela o valor real arrecadado pelo Back to the Beginning
Megadeth lança "I Don't Care", faixa de seu próximo - e último - disco de estúdio
O guitarrista americano que fez a cabeça de Jéssica Falchi: "Eu adorava!"
As 5 melhores músicas de progressivo com menos de 3 minutos, segundo a Loudwire
A poderosa mensagem passada pelo Arch Enemy em "Nemesis", clássico escrito em ônibus de turnê

Max Cavalera reflete sobre as dificuldades que bandas iniciantes enfrentam
O clássico do metal que é presença constante nos shows de três bandas diferentes
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
As 10 bandas favoritas do metal brasileiro no Metal Storm
Greyson Nekrutman mostra seu talento em medley de "Chaos A.D.", clássico do Sepultura
A música do Trivium que mistura Sepultura, emo e melodic death metal
A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Por que a saída de Eloy Casagrande do Sepultura foi boa, segundo Andreas Kisser
Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer
Como "Welcome To The Jungle", do Guns N' Roses, soaria se gravada pelo Sepultura?
Os 50 anos de "Journey To The Centre of The Earth", de Rick Wakeman


