Enthroned: Mais um disco de black metal cru e sombrio
Resenha - Pentagrammaton - Enthroned
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 21 de fevereiro de 2011
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Embora possa ser considerada uma das bandas mais conceituadas do black metal internacional, o ENTHRONED nunca conseguiu se desvincular do cenário underground e projetar os seus discos para além do seu tempo. O grupo, que constantemente visita o nosso país e prova a sua importância para o gênero a cada show no Brasil, deve atingir um novo e interessante patamar com o mais recente "Pentagrammaton". A consistência do novo repertório é nitidamente marcante.

Com quase dez anos de atividade quase que ininterrupta, os belgas do ENTHRONED possuem um currículo invejável de onze discos e de diversas turnês ao redor do mundo. O grupo, que nunca conseguiu manter uma mesma formação por muito tempo, parece ter encontrado o time de músicos ideal a partir de "Tetra Karcist" (2007), muito bem recebido pela crítica. Normagest (vocal e guitarra), Neraath (guitarra – e que volta à banda após nove temporadas afastado), Phorgath (baixo) e Garghuf (bateria) são os responsáveis por um dos mais crus e sombrios discos de black metal dos últimos anos.
"Pentagrammaton", que estreia o contrato do quarteto com a Regain Records, atingiu um nível de qualidade técnica (e de produção) muito acima dos demais trabalhos recentes, como "Quantos Possunt ad Satanitatem Trahunt" (2009), do GORGOROTH.
As diferenças do ENTHRONED para as demais bandas de black metal são notáveis como nunca em "Pentagrammaton". Os riffs de guitarra, que as outras hordas costumam deixar pouco definidos dentro do conceito maior da agressividade e da blasfêmia sonora, soam como o principal diferencial do quarteto belga. Não há nenhuma preocupação por parte de Normagest (que ao vivo é substituído por Tzelmoth para se dedicar somente às vozes) e de Nerrath em expressar os seus instrumentos através de linhas rítmicas indecifráveis. A sonoridade tipicamente clássica do ENTHRONED – mas que conta com um acompanhamento quase sempre veloz e muito técnico – se traduz como a melhor característica do disco. Diferente de muitas outras bandas do gênero, que costumam se preocupar com a sua capacidade de fazer muito barulho (e sem sentido algum), os músicos que assinam "Pentagrammaton" apostam justamente na contramão.
Depois da abertura com "In Missi Solemnibvs", o ENTHRONED emenda uma sequência certeira de mísseis extremos. "The Vitalized Shell" é aparentemente o primeiro e o principal destaque da obra, já que evidencia a característica do quarteto belga em une o desespero típico do black metal com um instrumental pesado e veloz na medida mais do que certa. A performance de Normagest, que é o novo frontman do grupo desde a saída de Sabathan quatro anos atrás, aparece de maneira impecável em todo o disco, mas em "Rion Rorrim" e em "Ornament of Grace" ela se destaca ao ponto de ser apontada como uma das maiores virtudes do álbum.
O instrumental não é repetitivo e dá a "Pentagrammaton" a aparência de um clássico do black metal. Embora seja um pouco precipitado afirmar isso, não resta adjetivo além de "excelente" para rotular o que o ENTHRONED fez em quarenta e cinco minutos de música. A faixa-título, recheada de influências extremas e variações rítmicas, comprova que existe a possibilidade de se construir um disco rico em detalhes técnicos – mesmo sem que se abria mão das raízes clássicas do gênero. Depois da ríspida "Nehas’t" – a única faixa que não consegue se sobressair ao senso comum ditado no underground –, "The Essential Chaos" é mais uma composição que deve figurar entre os grandes destaques da obra. Por fim, a épica "Unconscious Minds" e a curtíssima "Behemiron" mostram novamente um instrumental coeso e que aposta nas suas características mais tradicionais – os riffs que são pesados sem que necessitem soar sujos ou extremante brutais – como bússola dentro da obra.
As qualidades de "Pentagrammaton" certamente firmam de vez o ENTHRONED no ápice do movimento black metal mundial. Não há necessidade do quarteto belga provar mais nada. O álbum é muito mais do que simplesmente um repertório de onze composições – é, na verdade, um exemplo de como ainda é possível explorar as raízes do black metal sem cair no senso comum. Certamente, esse disco é um dos melhores que o gênero viu nos últimos anos. Comprove você mesmo.
Track-list:
01. In Missi Solemnibvs
02. The Vitalized Shell
03. Rion Riorrim
04. Ornament of Grace
05. Magnvs Princeps Leopardi
06. Pentagrammaton
07. Nehas’t
08. The Essential Chaos
09. Ad Te Clamamvs Exsvles Morvua Liberi
10. Unconscious Minds
11. Behemiron
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
O convite era só para Slash e Duff, mas virou uma homenagem do Guns N' Roses ao Sabbath e Ozzy
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Slash quebra silêncio sobre surto de Axl Rose em Buenos Aires e defende baterista
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
Janela de transferências do metal: A epopeia do Trivium em busca de um novo baterista
Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
O único guitarrista que, para Lindsey Buckingham, "ninguém sequer chega perto"
Megadeth tem show confirmado em São Paulo para 2026
Os 11 melhores discos de rock progressivo dos anos 1970, segundo a Loudwire
O que realmente fez Bill Ward sair do Black Sabbath após "Heaven & Hell", segundo Dio
Em 2008, David Gilmour falou sobre sua posição política, e Roger Waters
O disco que salvou o rock'n'roll, de acordo com Gene Simmons
Quando Nina Simone mostrou para John Lennon como uma canção polêmica pode ser subvertida

Quando o Megadeth deixou o thrash metal de lado e assumiu um risco muito alto
"Hollywood Vampires", o clássico esquecido, mas indispensável, do L.A. Guns
"Hall Of Gods" celebra os deuses da música em um álbum épico e inovador
Nirvana - 32 anos de "In Utero"
Perfect Plan - "Heart Of a Lion" é a força do AOR em sua melhor forma
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental



