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Resistant Culture: música pesada engajada e de protesto

Resenha - Welcome to Reality - Resistant Culture

Por Fernão Silveira
Postado em 04 de novembro de 2008

Esta receita leva muitas xícaras de grindcore, punk e metal, em proporções equilibradas (dependendo do gosto do freguês, um ou outro ingrediente pode predominar no paladar). Mas o segredo está nas pitadas de música tribal estadunidense, nas flautas, percussões e sons incidentais da natureza norte-americana que ressaltam em uma ou outra faixa, ajudando a transformar o CD "Welcome to Reality", do RESISTANT CULTURE, em um exemplar único, imperdível para os admiradores da música pesada engajada e verdadeiramente de protesto.

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O RESISTANT CULTURE, para quem não associou o nome às pessoas, é o projeto do vocalista e instrumentista Anthony Rezhawk (TERRORIZER) que reúne muitos de seus amigos da cena grindcore. E entre estes ilustres colegas está o já falecido guitarrista Jesse Pintado (NAPALM DEATH/TERRORIZER), que contribuiu em composições e inspirações para a criação de "Welcome to Reality".

O ecletismo da banda já diz muito sobre o disco. O grupo gravou "Welcome to Reality" tendo em sua formação Rezhawk, Pintado, Katina (uma violonista de formação clássica que detona na guitarra e impressiona com sua técnica e lirismo em "Unknown Embrace [Dark Medicine Instrumental]", uma das interessantes faixas instrumentais do álbum), o baixista Rafa (descrito pela banda como um "veterano inovador avant-garde do punk") e o baterista Ben Axiom (de orgulhosas influências anarco-punk/metal). Coloque tudo isso num caldeirão criativo e... voilà, eis o primeiro trabalho full length do RESISTANT CULTURE!

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O disco, na verdade, foi lançado pelo selo indie Spiral Records em 2005 - mais ou menos um ano antes da morte de Pintado, em agosto de 2006, na Holanda, por complicações hepáticas decorrentes do alcoolismo. Para satisfação dos fãs, a gravadora SOS Records assumiu o álbum no começo de 2008 e o relançou no mercado, transferindo a distribuição mundial para a Red Distribution. E é assim, como os tambores tribais que retumbam ao longo do CD, que "Welcome to Reality" agora ganhou ampla ressonância.

Para que a sua satisfação seja garantida e você sinta logo de cara todas as nuances que saltam do álbum, proponho que comece a audição pelo final: "Land Keeper". A percussão indígena, a flauta e os sons de coiotes e águias se alternam com riffs de uma pegada totalmente grind e cânticos tribais entoados por Rezhawk, que culminam em versos misteriosos e quase inaudíveis. O resultado é uma síntese bastante interessante e fiel do trabalho da banda.

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Mas o prato principal do álbum está mesmo no mix grind-punk-metal, que se pode ouvir em faixas como "Hang on to Nothing", "Ecocide" (com a sua matadora intro de bateria) e "It's Not To Late" (dotada de uma sensacional combinação drum n' bass), entre outras. E não deixe de ouvir atentamente a destruidora "Corruption", que imediatamente nos traz à mente reminiscências do imortal BRUJERIA – banda conterrânea de Pintado.

"Welcome to Reality" tem a energia autofágica do grindcore, o peso do metal e a atitude do punk, com a expertise de grandes nomes em cada um desses gêneros. Qualquer que seja a sua praia, RESISTANT CULTURE é uma banda que precisa ser levada em consideração. Uma bela maneira de celebrar a memória de Jesse Pintado e prestigiar o trabalho paralelo de Anthony Rezhawk...

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"Welcome to Reality" – RESISTANT CULTURE

1 - Hang on to Nothing
2 – Ecocide
3 – It's Not to Late
4 – Misery
5 – The Struggle Continues
6 – Sentient Predator
7 – Elder Wisdom
8 – Forced Conformity
9 – Obey
10 – Victims
11 – Unknown Embrace (Dark Medicine Instrumental)
12 – Corruption
13 – Civilized Aggression
14 – Sticks and Stones
15 – Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing
16 – Land Keeper
17 - Corruption video (multimedia bonus track)

Gravadora: SOS Records (importado)

Site da banda: http://www.resistantculture.com/

RESISTANT CULTURE no MySpace:
http://www.myspace.com/resistantculture

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Sobre Fernão Silveira

Paulistano, são-paulino, nascido nos "loucos anos 70" (1979 ainda é década de 70, certo?) e jornalista. Sua profissão já o levou a cobrir momentos antológicos da história da humanidade, como o título paulista do São Caetano, a conquista da Copa do Brasil pelo Santo André, a visita de Paris Hilton a São Paulo e shows de bandas como Judas Priest, Whitesnake, W.A.S.P., Megadeth, Slayer, Scorpions, Slipknot, Sepultura e por aí vai. Ainda tem muito gás para o nobre ofício jornalístico, mas acha que não vai muito mais longe depois de ter entrevistado Blackie Lawless, Glenn Tipton, Rogério Ceni e, claro, Paris Hilton.
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