Resenha - A Matter of Life and Death - Iron Maiden
Por Haggen Kennedy
Postado em 08 de setembro de 2006
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
"Se os 26 anos desde que o lançamento de seu debute homônimo dizem alguma coisa, é que o Iron Maiden não tem que provar nada a ninguém". É assim que começa a resenha da britânica Metal Hammer, uma gigante do meio há quase 15 anos. E ela não está só: outras revistas especializadas do ramo, como Kerrang!, Q Magazine e Classic Rock também mostraram generosidade na avaliação da nova obra do sexteto inglês. É uma maré de elogios que parece transbordar do oceano metálico e encharcar até mesmo a mídia não-especializada.
Desde que a banda disponibilizou "Different World", a faixa que seria a primeira do disco, para os fãs em seu website oficial, ao dia 10 de agosto de 2006, o burburinho cresceu. Quando "Brighter than a Thousand Suns" foi posta no mesmo site apenas um dia depois, as tensões aumentaram. Com o single "The Reincarnation of Benjamin Breeg", lançado no dia 14 de agosto, os fãs do conjunto já possuíam três músicas à disposição, possibilitando-lhes usufruir do que seria um dos mais diferentes trabalhos já lançados em toda a vida da Donzela.
Gravado no Sarm West Studios em Londres, "A Matter of Life and Death" é algo de extraordinário: ainda que todos os discos sejam permeados por aquele conhecido espírito maideniano (cuja principal raison d’être encontra seu fundamento mais basilar em Steve Harris), este mais recente álbum, feliz ou infelizmente, simplesmente não é como nenhum outro. E feliz ou infelizmente, não se é possível explicar de forma satisfatória como ou onde se deu essa mudança no espírito do grupo.
Em recente entrevista à Kerrang! Steve Harris declarou que "trabalhar com [o produtor] Kevin Shirley foi brilhante. Ele sabe o que quer, e sabe o que nós queremos." A impressão que se tem ao ouvir "A Matter of Life and Death" é que Harris tem razão. Já reconhecidamente o disco de, provavelmente, maior variação musical na história da Donzela, suas composições fluem do começo ao final da balança, levando o ouvinte a uma viagem cujos detalhes serão necessariamente perdidos à primeira avaliação. "A Matter of Life and Death" não é um disco para se ouvir de forma casual. Ele exige uma digestão que poderá se delongar e sofrer grande mutação pelo meio do caminho, dependendo de quão fiel você seja ao Iron Maiden e a como ou quanto você goste de outros estilos – não só de de música, mas também de concepção.
"Concepção" porque as letras encontradas nesse trabalho tomam uma dimensão de certa extravagância. Apesar de haver forte tendência ao tema bélico (começando pela capa), o disco não é conceitual, e mostra alguns pensamentos acerca de religião, da bomba atômica, e até mesmo dum personagem mítico cuja identidade real ainda permanece envolta em mistério.
"A Matter of Life and Death" contém elementos de bandas como Thin Lizzy (como as linhas vocais de "Different World", parecidas com as de Phil Lynott), Led Zeppelin (como alguns riffs de "The Reincarnation of Benjamin Breeg" e de "The Legacy") e Jethro Tull (como na introdução da supracitada "...Benjamin Breeg"). Tudo isso faz de sua composição musical uma miscelânea de fatores que têm como conseqüência última um trabalho cujo acabamento foi feito com esmero. Mais do que uma aura progressiva e um disco de hits, "...Life and Death" é um símbolo de renovação dos mecanismos que mantiveram o sistema do grupo britânico funcionando até os dias atuais. Renovação essa que, cumpre frisar, não dá certo para todos, o que faz do Iron Maiden um dos nobres casos em que o resultado corrobora a intenção.
Antes de terminar esta resenha, seria interessante notar algumas peculiaridades. Primeiro, o fato de que, além de "Killers" e "Brave New World" (lançados em 1981 e 2000 respectivamente), "A Matter of Life and Death" teve a participação do baixista Steve Harris na composição de absolutamente todas as músicas ali presentes. Segundo, este é o disco mais longo de toda a carreira do Iron Maiden, superando até mesmo o "X-Factor" da era Bayley. Em terceiro lugar, quem carrega a característica de novidade é o desenhista norte-americano Tim Bradstreet, já conhecido dos que acompanham a revista em quadrinhos "O Justiceiro" da Marcel Comics, que é desenhada pelo próprio. Finalmente, e o que é mais curioso, "A Matter of Life and Death" foi o full-length de estúdio que levou menos tempo para ser gravado. O tempo de quatro meses que a banda geralmente usa para concluir seus discos desta vez foi reduzido pela metade: dois meses em estúdio foram suficientes para Kevin Shirley, produtor do álbum e fã do conjunto, amarrar as trouxas e entregar o material à EMI inglesa, um tempo recorde admitido até pelos próprios integrantes.
Sempre que o Iron Maiden lança um novo disco entra-se no impasse da correta avaliação da obra, sendo que é geralmente um tanto complicado ser inteiramente imparcial ao analisar banda tão famosa e de tantos seguidores. Ainda mais quando a menor mudança no estilo do grupo pode causar reações tão fortes – e tão adversas – em seus fãs, especialmente nos mais ardorosos. O que acontece é que no caso de "A Matter of Life and Death" não é só este review o único a conceder tão boa colocação: como foi dito no parágrafo primeiro deste texto, é um fenômeno geral. Na verdade, é o que disco representa: um fenômeno. Se o leitor for daqueles que acreditam que o disco que necessita de mais de uma ouvida para ser corretamente apreciado é um bom disco, ele estará fadado a apreciar "A Matter of Life and Death" por muito tempo ainda.
Formação:
Bruce Dickinson – vocais
Steve Harris – baixo, teclados
Dave Murray – guitarras
Adrian Smith – guitarras
Janick Gers – guitarras
Nicko McBrain – bateria
Produção, mixagem e engenheiro de som: Kevin Shirley
Co-produção: Steve Harris
Músicas
1. Different World (Smith, Harris)
2. These Colours Don't Run (Smith, Harris, Dickinson)
3. Brighter Than A Thousand Suns (Smith, Harris, Dickinson)
4. The Pilgrim (Gers, Harris)
5. The Longest Day (Smith, Harris, Dickinson)
6. Out Of The Shadows (Dickinson, Harris)
7. The Reincarnation Of Benjamin Breeg (Murray, Harris)
8. For The Greater Good Of God (Harris)
9. Lord Of Light (Smith, Harris, Dickinson)
10. The Legacy (Gers, Harris)
Outras resenhas de A Matter of Life and Death - Iron Maiden
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Festival Sonic Temple anuncia 140 shows em 5 palcos para 2026
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
O álbum do Rush que Geddy Lee disse ser "impossível de gostar"
O único guitarrista que, para Lindsey Buckingham, "ninguém sequer chega perto"
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Dave Grohl elege o maior compositor de "nossa geração"; "ele foi abençoado com um dom"
A melhor música do melhor disco do AC/DC, segundo o Heavy Consequence
Janela de transferências do metal: A epopeia do Trivium em busca de um novo baterista
Os tipos de canções do Guns N' Roses que Axl afirma terem sido as "mais difíceis" de compor
Fabio Lione e Luca Turilli anunciam reunião no Rhapsody with Choir & Orchestra
Regis Tadeu toma partido na briga entre Iron Maiden e Lobão: "Cafona para muitos"


Iron Maiden: Review do novo álbum publicado na revista Kerrang
A capa de álbum do Iron Maiden que Bruce Dickinson acha constrangedora
Os 75 melhores discos da história do metal, segundo o Heavy Consequence
Steve Harris não sabia o que esperar quando Bruce Dickinson e Adrian Smith voltaram ao Iron Maiden
As 10 melhores músicas do Iron Maiden, de acordo com o Loudwire
A banda em que Iron Maiden se inspirou para figurino na época do "Piece of Mind"
Para Steve Harris, Iron Maiden nunca fez o disco perfeito
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental


