Resenha - Burn, Berlin, Burn - Atari Teenage Riot
Por Eduardo S. Contro
Postado em 05 de janeiro de 2006
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Alec Empire (Alexander Wilke), o fundador do Atari Teenage Riot, nasceu em 1972 no Oeste de Berlin. Começou sua carreira tocando em uma banda de punk rock chamada Die Kinder e, buscando fazer algo diferente, logo passou a experimentar guitarras com a eletrônica.

Com a queda do muro de Berlin, o racismo estava em expansão na Alemanha. O governo conservativo mudava as leis de imigração e a mídia ganhava audiência explorando a violência. Ataques a asilos, estrangeiros e a todos os tipos de minorias aconteciam cada vez mais. Muitas pessoas eram mortas, espancadas até a morte por grupos de skinheads, jogadas de trens em movimento por neo-nazis, entre outras barbáries. Os jovens ignoravam o que estava acontecendo e usavam as raves como válvula de escape.
O Atari Teenage Riot tomava forma então em 1992, quando Carl Crack (MC da Suíça), Alec (programador, vocal, baixista e guitarrista) e Hanin Elias (vocalista vinda da Síria), decidiram se revoltar contra o Estado alemão e sua fixação pelo neonazismo. Para isso, criaram um selo de industrial, metal e eletrônica com sede na Inglaterra chamado Digital Hardcore.
Após lançar inúmeros singles e dois CDs, "Delete Yourself" e "The Future Of War", na Europa e Alemanha, o Atari Teenage Riot fechou contrato para distribuição de material com a Grand Royal (finado selo dos membros do Beastie Boys) e lançou seu primeiro cd nos EUA: "Burn, Berlin, Burn", trazido para o Brasil pela Rock Machine Records.
Esse trabalho, na realidade, é uma coletânea dos dois álbuns anteriores, que veio para mostrar ao mundo toda a agressividade e experimentação do grupo. O resultado é o puro caos: uma barulheira infernal, ensurdecedora e alucinada, cheia de emoção.
Nine Inch Nails, KMFDM e Wumpscut podem ser citados como referência, mas a banda não se resume apenas ao Techno ou Industrial. Junte a eles o peso do Slayer e você terá o Atari Teenage Riot.
E eles são uma dessas bandas que possuem a fórmula do sucesso e viram as "meninas dos olhos das gravadoras": jovens lutando contra o sistema, com influências das raízes do punk, misturando samplers e batidas, gerando uma revolução musical.
Porém, não é isso o que acontece na prática. Liricamente, "Burn, Berlin, Burn" incita a rebeldia. O Atari sempre foi contra tudo o que é mainstream, e nesse cd não é diferente.
A banda que aliou a força do punk ao industrial que surgiu nos anos 90, criou uma sonoridade inusitada e esbanja personalidade musical (grandes nomes apreciaram o talento de Alec Empire, como Nine Inch Nails, Beck, Rage Against The Machine e outros).
Apesar das letras serem um pouco evasivas quando abordam temas políticos, em alguns casos parecem ter sido feitas por adolescentes revoltados, tudo acaba se encaixando muito bem no final (podemos dar um crédito já que elas não foram escritas por um departamento de marketing).
O trabalho traz 14 sons enérgicos e barulhentos onde se ouve vocalistas berrando loucamente, guitarras distorcidas, efeitos eletrônicos sujos e alucinados que chegam a fazer estragos aos ouvidos.
Destaque para as excelentes "Deutschland (Has Gotta Die)" e "Speed" que apresentam muito peso, letras bem trabalhadas e harmonia do início ao fim.
Mas a faixa que mais chama atenção é a pesada "Heatwave", que além de estar recheada de efeitos eletrônicos traz guitarras e bateria massacrantes.
Não existem muitas bandas no meio musical que possam ser chamadas de hardcore como o ATR. "Burn, Berlin, Burn" levou o punk a uma direção onde nenhuma banda atreveria levá-lo, construindo algo diferente e intenso.
Porém, nem tudo é perfeito. Se o ponto alto do grupo é a evolução sonora a que levaram o punk rock, não se pode dizer o mesmo da qualidade gráfica e da gravação. A arte é questionável, semelhante à de fitas demos de bandas de garagem, e a gravação apresenta tantos ruídos que muitos se confundem com os efeitos eletrônicos, não se sabendo ao certo se é uma questão de falta de qualidade ou algo proposital.
De qualquer forma, podemos resumir que o cd é bom e imperdível para os fãs da banda, principalmente para aqueles que já possuem o ótimo "60 Seconds Wipe Out".
Mas, é de se pensar caso for indicá-lo para quem não costuma experimentar outros estilos musicais, pois realmente ATR não é pra qualquer um.
Com certeza quem gosta de música pesada, ouve diversas vertentes do rock e não se preocupa com rótulos, deve conferir o trabalho dos alemães de Berlin.
1. Start The Riot
2. Fuck All!
3. Sick To Death
4. P.R.E.S.S.
5. Deutschland (Has Gotta Die!)
6. Destroy 2000 Years Of Culture
7. Not Your Business
8. Heatwave
9. Atari Teenage Riot
10. Delete Yourself
11. Into The Death
12. Death Star
13. Speed
14. The Future Of War
Site Oficial: http://www.digitalhardcore.com
Material Cedido Por:
Rock Machine Records
[email protected]
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Nicko McBrain admite decepção com Iron Maiden por data do anúncio de Simon Dawson
As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
Os três álbuns mais essenciais da história, segundo Dave Grohl
A opinião de Tobias Sammet sobre a proliferação de tributos a Andre Matos no Brasil
Não é "Stairway" o hino que define o "Led Zeppelin IV", segundo Robert Plant
O guitarrista consagrado que Robert Fripp disse ser banal e péssimo ao vivo
A única banda de rock progressivo que The Edge, do U2, diz que curtia
Mat Sinner anuncia que o Sinner encerrará atividades em 2026
O guitarrista que Mick Jagger elogiou, e depois se arrependeu
As duas músicas que Robert Plant e Jimmy Page apontam como o auge do Led Zeppelin
A banda que Alice Cooper recomenda a todos os jovens músicos
Robert Plant tem show anunciado no Brasil para 2026
Kerry King coloca uma pá de cal no assunto e define quem é melhor, Metallica ou Megadeth
O artista "tolo e estúpido" que Noel Gallagher disse que "merecia uns tapas"
O músico que Jimmy Page disse que mudou o mundo; "gênio visionário"
O dia que Ivete Sangalo arrasou cantando Slayer com João Gordo na TV aberta
"Eu achava que o Angra seria um Iron Maiden, um Metallica", confessa Rafael Bittencourt
Vocalista de death metal é uma das candidatas ao Miss Universo
Trio punk feminino Agravo estreia muito bem em seu EP "Persona Non Grata"
Svnth - Uma viagem diametral por extremos musicais e seus intermédios
Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Soulfly: a chama ainda queima
Os 50 anos de "Journey To The Centre of The Earth", de Rick Wakeman



