Resenha - Art of Live - Queensryche
Por Daniel Dutra
Postado em 15 de setembro de 2004
Nota: 9
(Sanctuary - importado)
Antes de mais nada, não vamos confundir track list com set list. Não deixa de ser irônico um fã do Queensryche, justamente uma banda que nunca se repetiu disco após disco, reclamar que em The Art of Live não há vários hits e clássicos. Sim, Empire, Walk in the Shadows e Take Hold of the Flame estão ausentes. Você as encontra em Live Evolution e aqui apenas uma das 14 músicas do novo álbum ao vivo também pode ser encontrada no duplo lançado em 2001. Mais do que isso, elas têm lugar cativo no set list da turnê que a banda de Seattle faz para promover o excelente Tribe, ou alguém acha mesmo que os shows duram apenas os 67min7s do CD?
Também é absolutamente natural que das 14 canções seis sejam do novo disco, afinal, o Queensryche é uma das poucas bandas que realmente caem na estrada para divulgar o trabalho mais recente - o Iron Maiden é outro bom exemplo. Sendo assim, a lamentar apenas a inclusão de Losing Myself, a única faixa descartável em Tribe , que apesar de um outro fôlego ao vivo poderia ter ficado fora de The Art of Live. As outras cinco, no entanto, compensam com sobras. Das ótimas Tribe e Open às excelentes Desert Dance (procure um médico se você conseguir ficar parado) e The Great Divide (com a inclusão de um solo simples e belíssimo de Michael Wilton), ainda é impossível ficar indiferente à espetacular Rhythm of Hope.
A música é bonita até dizer chega, tem uma arranjo de cordas impecável e é apresentada dentro de um excelente set acústico que inclui Roads to Madness - presente em Live Evolution, mas em versão "plugada" - e agradável surpresa My Global Mind, nas quais o monstro chamado Scott Rockenfield e o mestre Geoff Tate dão uma verdadeira aula. O batera com seus detalhes e quebradas preciosos e o vocalista provando o porquê de ser um dos melhores do rock em todos os tempos. Vai cantar assim lá em Seattle! Se isso não é surpresa, o grupo tratou de aprontar algumas das boas, a começar pela ótima Sign of the Times, do subestimado Hear in the Now Frontier.
Para lembrar que o multiplatino Empire não vive só de Silent Lucidity, o quinteto mandou ver em Best I Can, que voltou ao set depois de mais de dez anos, e nas raridades Anybody Listening? e Della Brown. A segunda, então, é uma verdadeira bênção, com um trabalho impecável de Rockenfield, ótimos solos de Wilton e Mike Stone - sim, o guitarrista convidado manda muito bem quando solicitado - e a bela linha de baixo de Eddie Jackson, que encarna como ninguém o espírito do Queensryche: músicos excepcionais fazendo música complexa sem apelar para exibicionismos gratuitos.
Obviamente, alguma coisa de Operation: Mindcrime tinha de estar presente. Ressaltar as qualidades de Breaking the Silence e The Needle Lies é desnecessário, pois fazem parte do melhor disco conceitual da história do heavy metal. É claro que dá vontade de ouvir muito mais, mas aí é so pegar o trabalho de estúdio, depois o Operation: LIVEcrime e fechar com Live Evolution. The Art of Live é um complemento de luxo para os dois álbuns ao vivo anteriores. Quem é fã, sabe.
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