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Resenha - A Night At The Opera - Queen

Por Raul Branco
Postado em 17 de julho de 2000

"Queen", "Queen II" e "Sheer Heart Attack". Após três discos de relativo sucesso e poucos hits ("Now I’m Here, por exemplo), o grupo Queen lançava, em 1975, o seu primeiro disco a estourar no mundo inteiro. Produzido por Roy Thomas e pelo próprio grupo, "A Night At The Opera", seria seguido de outros megasucessos como "A Day At The Races", "News Of The World", "Jazz" etc. Nos créditos, fazendo a alegria de seus fãs, a mesma frase de sempre: No Synthesisers!

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O disco, cujo título era inspirado por uma comédia dos Irmãos Marx, tinha a capa totalmente branca com o logotipo da banda (essa mesma idéia viria a repetir-se em seu disco seguinte, seguindo a esteira do sucesso que eles tiveram em todo o mundo, com o fundo preto com o logo e intitulado "A Day At The Races", outro filme dos irmãos Marx).

"A Night At The Opera" abria com um piano em clima meio operístico / meio Liberace, como que para justificar o nome do disco, fraseado pela guitarra gritante de Brian May. A música era "Death On Two Legs" (Mercury), e trazia o cantor e pianista Freddie Mercury secundado pelos surpreendentes vocais dele mesmo, Brian May e Roger Taylor, fazendo várias vozes sobrepostas (overdub). Esse recurso, que já havia sido utilizado por eles antes, iria ser explorado à exaustão em todo o disco e passaria a ser uma das marcas registradas do Queen em todos os seus trabalhos.

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Um clima de vaudeville com pitadas das operetas britânicas de Gilbert & Sullivan vinha a seguir com a divertida "Lazing On A Sunday Afternoon" (Mercury), onde sua voz, modificada tecnicamente, fazia lembrar o som de um velho disco. Emendado, tínhamos o peso do rock calcado em guitarras cheias de overdrive numa letra machista, bizarra e ao mesmo tempo engraçada, com o vocal mais áspero de Roger em "I’m In Love With My Car" (Taylor). Para contrapor o peso da guitarra, a próxima música trazia o piano elétrico com seu autor, o baixista John Deacon, em versos apaixonados de "You’re My Best Friend", findando com a guitarra de May, com o registro que tornou sua Guild e seu possuidor mundialmente famosos e imitados. O guitarrista, por sinal, era o centro da música seguinte, "’39", na qual, além de ser o autor, cantava e tocava violão e guitarra, acompanhado pelo grande contrabaixo de orquestra de Deacon e uma percussão feita apenas por bumbo e pandeiro de Taylor. Trazia os vocais de fundo mais simples do disco (em uma passagem, levemente distorcidos), mas a própria beleza da composição justificava o arranjo simples e tocante.

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As duas músicas que fechavam o lado A eram de Mercury: "Sweet Lady" e "Seaside Rendezvous". A primeira refletia o clima e arranjos do álbum anterior, "Sheer Heart Attack", onde guitarra baixo e bateria fundamentavam os vocais de Freddie Mercury, enquanto a segunda trazia o mesmo clima de "Lazing On...", onde o piano se destaca, mas os recursos são outros, como assobios e efeitos de vocais imitando instrumentos de sopro, arranjados por Taylor e Mercury.

O clima pesado criado pelo silêncio e ruídos de vento, pontilhados no violão e por um koto (instrumento tradicional japonês) de brinquedo nas mão de May iniciavam o lado B. "The Prophet’s Song" (May) tem os versos mais impressionantes de um disco repleto de letras brilhantes. Em seus mais de 8 minutos ela prepara, como seu nome já diz, o ouvinte para o grand finale do disco, quase que profeticamente (o trocadilho é proposital).

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O miolo deste lado é composto de duas músicas, uma de Mercury e outra de May. A primeira viria a se tornar um de seus maiores sucessos, "Love Of My Life", cuja versão ao vivo chegaria ao primeiro lugar no Brasil (um dos melhores mercados e públicos do Queen) e digna de figurar na coletânea Greatest Hits. "Good Company" é uma composição que tem a cara de May; nela, além dos vocais, ele ainda toca ukelele havaiano (instrumento similar ao nosso cavaquinho) e imitva uma Jazz Band na guitarra.

Imagine um disco excelente que é fechado, simplesmente, pela canção eleita na Inglaterra como a melhor do século. "Bohemian Rhapsody" é uma daquelas peças que não merecem menos que o título de obra-prima. Falar dela é cair no lugar comum e em adjetivos que não conseguem expressar o impacto que causou no mercado fonográfico mundial à época de seu lançamento. Para quem não conhece ou se lembra dela (!),"Bohemian Rhapsody" é a música que toca no carro de Mike Myers em que todos cantam e fingem tocar instrumentos no filme "Wayne’s World" ("Quanto Mais Idiota Melhor").

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Iniciando apenas com vocais e piano ao melhor estilo do grupo, abusando do estéreo em toda a faixa, "Bohemian Rhapsody" tem uma letra que se propõe a contar uma história trágica, porém com brincadeiras verbais como "Scaramouch will you do the fandango" ou Gallileo, Gallileo, figaro magnifico". Todas – e são todas mesmo – as características que fizeram do Queen um dos grandes nomes do rock estão lá, da suavidade de versos sussurrados por Freddie Mercury como "Nothing really matters, nothing really matters to me, anyway the wind blows..." aos gritos de "So you think you can stone and spit my eyes", o excelente trabalho de bateria onde os pratos se destacam em climas mais densos de Roger Taylor, o baixo Fender Precision sem firulas e exato de John Deacon e, acima de tudo, pari passu com os vocais de Mercury, a guitarra de Brian May.

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O final, na verdade, do disco é uma vinheta instrumental com toda a pompa e circunstância protocolares, onde o Queen dá sua versão do hino britânico, "God Save The Queen". Tal qual uma noite de gala no Royal Albert Hall.

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