Resenha - Throne of the Alliance - Dragonheart
Por Leandro Testa
Postado em 28 de setembro de 2002
Nota: 7 ![]()
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Ei, psit! Ô da poltrona! Sim, você mesmo. Estarias interessado em um CD de Power Metal pesadão, muito bem tocado, com influências oitentistas, corais invejáveis, sendo ele, ainda por cima, conceitual e de uma banda curitibana que conta com três (sim, três) vocalistas? Mesmo que você não seja tão exigente e sequer estivesse pensando em tantos atributos reunidos num só disco, seria no mínimo estranho deixá-lo passar desapercebido, certo?

O lançamento de "Throne of the Alliance" excedeu o prazo esperado, gerando uma grande expectativa por parte dos admiradores do debut "Underdark" (1999), uma pequena amostra do poder de fogo do quarteto paranaense. Mal os fãs sabiam o que estaria por vir: gravado na sua cidade natal, masterizado no já famoso estúdio finlandês Finnvox, o CD foi fruto de um minucioso cuidado, inclusive em se tratando da arte de capa, a cargo de Andreas Marschall, um dos desenhistas mais bem cotados na cena heavy mundial. Nela pode-se ver o General Dragonheart empunhando a sua espada, o Rei de Claymored, Theodoric, de capa vermelha, e Izuriel, capitão de Fhalkior, de escudo azul, ambos reinos envolvidos na trama.
Colocando o disquinho para rolar, uma narração nos prepara para a primeira parte da trilogia, enquanto, de fundo, ouvimos uma canção tradicional do francês Pierre Attaingnant (séc.XVI), mostrando de cara as influências da banda no tocante à música medieval/renascentista. Contudo, um sentido de ‘déjà-vu’ nos cerca, já que ela recentemente ficou mais conhecida devido ao mestre Ritchie Blackmore e sua versão intitulada ‘Play Minstrel Play’ no álbum de estréia do Blackmore’s Night. Tal melodia serve de introdução à faixa-título, que vem a seguir, e assim a pancadaria começa. Blind Guardian à vista, principalmente quanto ao riffs, nervosos à la "Time What is Time" (pensaram que iam me enganar), regados a grandiosos corais épicos.
A seguinte merece uma condecoração especial. É incrível como um arranjo um pouco menos rebuscado se transforma numa música portentosa, de impacto, em síntese, fenomenal. "The Blacksmith", bastante cadenciada, não só é o maior destaque do CD, como também pode ser considerada a música "tupiniquim" mais empolgante deste ano, excetuando-se aí raras exceções em que as chamadas ‘major bands’ conseguem captar tamanha precisão metálica. Enquanto você espera normalmente pela entrada do vocalista principal, Eduardo Marques (g/v), do nada me pega o microfone um sujeito ensandecido, maravilhosamente interpretado pelo guitarrista Marco Caporasso, que domina de ponta a ponta, à exceção da estrofe cantada pelo baixista Maurício Taborda, cuja voz (à essa altura do campeonato, fica até redundante dizer), se parece, e muito, com a do Chris Boltendahl (Grave Digger), algo já efusivamente comentado em tudo que se lê por aí em relação a banda. Apesar de breves, os "diálogos" são um dos fatores que mais agradam no Dragonheart, e com o perdão da palavra, essa música é um "arregaço" (logo que ela termina, você solta um p.q.p. bem grandão - recorra ao glossário transcrito no final desta resenha). Ouvi dizer que uma boa referência para ela é o Accept, mas eu não concordo nem discordo, pois nunca tive a paciência de ouvir o tal do UDO. Tudo o que sei é que o Marco atropela esse baixinho meia-sola. Bons meninos, continuem assim, e aqui vão as minhas congratulações ao Sr.Eduardo Marques pelo solo memorável, cheio de ‘feeling’. "Essa eu agarantchu!".
"Ghost Galleon" prima por variações rítmicas constantes, é explosiva no refrão e contém em certa parte vocais sobrepostos no estilo Savatage. Uma vinheta, "Facing the Mountain", antecede a faixa de trabalho do disco, "Mountain of the Rising Storm", um teste à integridade física de qualquer headbanger (e de qualquer soldado que se preze). Edu, meu filho, outro solo assim me mata.
"Mystical Forest", medieval por excelência, é bastante sorumbática. Alguns podem estranhar tamanha tristeza, mas o fato é que morre gente de papel importante na história. Dentre flautas, violinos e outros instrumentos que remetem à música da época, surge um refrão grudento, uma ode àqueles que se foram. Segue-se outra vinheta, "Into the Hall", só para não judiar daqueles que servirão de saco-de-pancadas para o Maguila, enquanto ele ouve "Hall of Dead Nights" e diz: "Eu dô é porrada!". Mas que introdução (puro Iced Earth), mas que intervenção acústica (lembrando os melhores momentos de "Somewhere Far Beyond" - Blind Guardian), ‘two hands’ no baixo, um solo que lembra o Viper antigo, mas, peraí... tem alguma coisa errada... meu, mataram o seu Rei! (ops, contei...) Cadê a raiva no vocal? Se a música é muito ‘pedreira’, ela exige algo mais do vocalista, e graças ao Mr. Taborda a coisa melhora um pouco, por breves segundos.
Agora, o primeiro cover: "Am I Evil?" do Diamond Head. Ops, errei... a introdução é parecida, apenas um pouco mais acelerada e com uma melodia adicional. Quase, hein... que gafe eu iria cometer! Brincadeiras à parte, na verdade essa é uma composição chamada "Betrayal in the Coast of Raven", que não mantém uma estrutura específica, mas que uma vez mais envereda para os lados do Blind Guardian. Ressalva: guerreiro bonzinho de novo nos vocais... Não basta terem matado um monte de gente e o Marechal Theodoro, digo, o Rei Theodoric? O que mais será necessário??? Hahhh! (Outro solo ‘eduardino’... e mais uma vez, melhor seria se ele tivesse ficado só com as guitarras...)
"And the Dark Valley Burns", e dá-lhe Taborda! A música dá uma engrenada, mas volta a ficar normal, conduzindo ao encerramento da primeira parte da trilogia com "Sunrise in Akronis Sky", que apresenta um metal melódico (ugh!) estilo Helloween, e é tão alegre que ‘desce quadrada’. Depois de um monte de riffs poderosos, o General Dragonheart e seus comparsas finalmente chegam à terra almejada, Akronis, e então a alegria toma conta da moçada. Coisas de um disco conceitual...
Para compensar a perda, agora sim, um cover de "Rebellion (The Clans are Marching...)" do Grave Digger, um ‘bonus track’ lindo, que pouco deve ao original (a não ser na emoção embutida no refrão), pois pelo menos a voz do dito-cujo cavernoso está lá. Você, meu rapaz, e o Marco (grata surpresa) é quem deveriam cantar nas músicas mais pesadas... troquem de personagem, se necessário.
E o destemido General Dragonheart vence mais esta etapa, depois de ter enfrentado um litígio contra a tal da banda inglesa homônima, que acabou por alterar o seu epíteto para ‘Dragonforce’. Outra vitória foi terem encontrado uma gravadora que vem fazendo um belo trabalho de divulgação, pois, não raro, vi propagandas do disco em áreas privilegiadas de grandes revistas nacionais. Parabéns HTR, continue fazendo um trabalho sério, pois sempre haverá novas promessas no cenário musical procurando por empresas de alto nível profissional.
Entretanto, agora chegou a parte mais difícil... Eduardo Marques não estava conseguindo conciliar a sua agenda pessoal com os compromissos da banda, então resolveu se desligar dela... assim, o Dragonheart acaba de perder um excelente guitarrista, sempre preocupado em conhecer mais o seu instrumento e que me pareceu ser uma pessoa bastante carismática. Lamento que isto tenha ocorrido, logo agora com o 2º álbum lançado, e tomo as palavras do próprio como minhas, ditas certa vez: "A banda se descaracterizaria se entrasse alguém ou saísse, porque o Dragonheart é uma equipe onde cada um tem uma função bem definida, sem estrelismos".
Apesar disso, a banda já tem um substituto em vista, e se você, amigo leitor, tiver a oportunidade de vê-la ‘AO VIVO’, não a perca de jeito nenhum. Quem já viu, disse que é algo impressionante. Não é à toa que o Dragonheart foi apontado como destaque nos dois festivais ‘Brasil Metal Union’, pois além de suas canções mais matadoras, eles também incluem no seu ‘set’, ‘covers’ de suas principais influências citadas nesse review.
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OBS: Completa a formação Marcelo Caporasso, que, sem nenhuma dó, judia da bateria com sua pegada forte e precisa.
Duração - 53:44 (13 faixas)
Definições de:
p.q.p.: por que parou, tava tão bom...
‘pedreira’: local de trabalho pesado. E foi isso que eles fizeram: extraíram um som com tal característica.
Visite o website oficial - www.dragonheart.com.br – é lindo, e também disponibiliza faixas para download. Ou www.truemetal.org/dragonheart/corsairs/ para baixar músicas do ‘debut’ "Underdark".
Material cedido por:
HTR Records
Rua Comendador Araújo, 268 – Loja CA 14 (Omar Shopping)
CEP: 80420-000 Curitiba – PR
Fone: (41) 323-5576
e-mail: [email protected]
website: www.hardtemple.com.br
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