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Resenha - Masterplan - Masterplan

Por Leandro Testa
Postado em 14 de janeiro de 2003

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

O que o leitor acharia de um excelente álbum com Michael Kiske ou Russel Allen (Symphony X) nos vocais? Nada mal, hã? Quem esteve no Planeta Terra durante os últimos anos, certamente sabe que eles não apenas são (ou foram) respeitados frontmans, como também provaram possuir um dos timbres mais bonitos, de maior alcance e etc da história do rock (além de serem pessoas extremamente carismáticas). Assim seria o Masterplan, muito bem servido, contudo, depois que seus idealizadores Uli Kusch (bateria) e Roland Grapow (guitarras) foram despedidos de seu "emprego" principal, o Helloween, este deixou de ser um simples projeto para tomar ares mais sérios, sendo, por conseguinte, necessários alguns ajustes no ‘line-up’. Para tanto, foi trazido ao microfone outro nome assaz cotado na cena mundial, o norueguês Jorn Lande, que encanta pela sua voz versátil e 95% idêntica a David Coverdale (Whitesnake) - ou às vezes, quando agressivo, a Ronnie James Dio - aproveitada até então em um sem número de ótimos discos. E se eu lhes disser que os dois louvados senhores lá acima não fizeram falta alguma, e caso este debute contivesse um de seus dotes, o resultado poderia não ser tão bom quanto o foi? Pois é, não há como permanecer indiferente ao talento do moço, já que à primeira audição ele é, indubitavelmente, o destaque, fora o fato de ter composto metade das letras, característica esta que só veio a corroborar minha afirmação, fazendo-o se sobressair em relação à pelo menos um dos outros dois convocados para o cargo.

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Quanto ao estilo, ainda que existam alguns resquícios aqui e acolá, ‘pelamordedeus’ não pensem que isso é Helloween! A menos que seja algum tipo moderno, dotado de elementos prog, guitarras intrincadas e andamentos idem, cuja boa parte dos frutos, por isso mesmo, dificilmente seria aproveitada na sua respectiva discografia. Não obstante, a faixa de abertura, "Spirit Never Die", pode ser considerada como um momento de transição devido ao seu refrão alegre e festeiro, desses que costumam abrir um CD, e se une a uma "nova" proposta instrumental deveras interessante, principalmente quando, brevemente, adquire um peso mais intenso. Seria algo como a reunião do passado com o presente, uma "Here I Am" para o Shaman (mesmo não tendo nada a ver) como ponte da era pós-Angra, exemplo este, apenas dado para melhor ilustrar, pois, como a letra já diz, eles só estão "leaving the past behind (you)...".

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"Enlighten Me", que foi escolhida como single (já comentado, inclusive, aqui no Whiplash!), ratifica os indícios de, vez ou outra, se afastarem intencionalmente e a fundo do convencional, com algo nunca dantes feito pela dupla em sua bem-sucedida carreira conjunta. O compasso alternado e seu peso quase marcial entram em ciclo com o refrão cativante que busca um pouco mais de velocidade, assim como a segunda parte do longo e bem pensado solo. Outra ‘mid-tempo’ é "Soulburn", com alguns lampejos sombrios que vão aparecendo em meio ao show interpretativo deste grande vocalista. Todavia, um detalhe que aqui destoa é o "volume" dos teclados quando Axel Mackenrott usa notas mais altas, principalmente evidentes no fragmento final do estribilho, e caso tomarmos por base alguns trechos assemelhados a introdução da "Acid Rain" (do novo Angra), em que os corais não aparecem, mas sim determinadas "vozes sintetizadas".

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Já que vamos por esse caminho, o melhor é se aprofundar de vez na escuridão e também esmiuçar "Bleeding Eyes" que seria uma reminiscência de "Escalation 666" (do último registro dos ‘metal pumpkins’, The Dark Ride) adornada ao fundo pelo arranjo mais lento de uma "Gates of Babylon" (clássico de 1978 do Rainbow), ainda mais devido ao uso de uma guitarra cítara. Enfoque para o forte coro, e, do meio para frente, na performance literalmente irada de Jorn, seguida de um solo inicialmente correto e depois bastante ‘psycho’ que remete aos toques derradeiros de John Petrucci (Dream Theater) em "Misunderstood" (do duplo 6DoIT), e de uma levada aos bumbos que traz ainda mais pujança à já marcante canção.

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"Kind Hearted Light" (também já resenhada) e "Sail On", a maior de todas, são as que mais se aproximam do chamado Power Metal, não pela rapidez em si, porque estas dispensam aquela típica ‘velocidade da luz’, mas sim pela aura empolgante, pela predominância de acordes, e, principalmente, pelo uso característico (porém coadjuvante) dos teclados a lá Stratovarius..A segunda delas tem uma entrada semelhante à percussão de "The Hunchback of Notre Dame" do ARK, maravilhoso ex-grupo de Lande, e segue altiva em seu alicerce até o epílogo ‘floydiano’, acústico-dedilhado, acompanhado da bela atuação dele, introdutória da simplesmente primorosa "Step Into the Light", um dos picos da obra por conta de sua participação mais-que-emocionante. O instrumental é uma progressão do andamento anterior, e quando as seis cordas respondem alto, emerge o clima de uma "Tonight, Tonight" (Smashing Pumpkins) mais distorcida, a qual venho a associar em razão do ritmo enfatizado por Uli Kusch.

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Na seqüência, a altamente destrutiva "Crawling from Hell" chega arrasadora e assim como "Crystal Night" deixou-me inusitadamente de queixo caído. Caraca! Não fosse a boa ética, apenas termos baixos e grosseiros cairiam bem para descrever o estrago feito por elas. A que veio "rastejando do inferno" seria perfeita, caso a deixa de Grapow não surgisse de forma tão precoce, o que, independentemente, não impedirá o ouvinte de sofrer surtos psicóticos fronte a tamanha preciosidade. Já a sua parceira vai decolando com todos os melhores predicados aqui já arrolados, e chega a um excerto de "The Glass Prison", ou seja, Dream Theater versus Pantera, findando-se com um apropriado convite para ‘bangear’ em decorrência da sua aceleração vibrante.

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Depois de escutá-la, dá até pena da sonoridade ‘jovem Kai Hansen’ em "Heroes", que conta com os préstimos de Michael Kiske num dueto bem encaixado, a despeito da sua felicidade há tempos óbvia. Vale ressaltar que todas as músicas são ligadas umas às outras e, à exceção desta, possuem diferentes metamorfoses dentro de si próprias, tornando assim o trabalho bem variado, não se esquecendo do ‘grand-finale’ "When Love Comes Close", que, conforme o nome já explicita, se trata de uma balada, lindíssima, não lenta, neste que considero, ao lado de Epica (do Kamelot), o lançamento do mês, e, por enquanto (ou desde já), meu indicado à "Revelação Internacional de Ano".

Website oficial: www.master-plan.net

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OBS: A versão européia, ainda prevista para dia 20.01.2003, terá três formatos, a saber: uma normal, uma edição dupla limitada e uma de luxo que não somente terá os dois discos, mas também uma embalagem especial ‘digibook’.

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