Guns N' Roses: o sucesso que a mídia forjou e destruiu - Parte 7
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 30 de novembro de 2013
Sequência da parte 6 [todos os links para as postagens anteriores estão ao fim da matéria].
[...]
Niven: Então, basicamente [Eddie] Rosenblatt foi até [David] Geffen e disse que teríamos que renegociar o contrato, caso contrário não terminaríamos o disco, e sairíamos em turnê. E eu de fato coloquei as primeiras datas da turnê à venda para os promotores, o que mostrou a David Geffen que venderíamos muitos ingressos, muito rapidamente.
Guns N' Roses - Mais Novidades
Mitch: Mas esses são shows nos EUA, certo? Porque eu me lembro de ter visto a banda em junho daquele ano com o SKID ROW e o disco ainda levaria dois meses para sair. Ou três meses…
Niven: Sim… enfim, eu fui de novo até David e disse…eventualmente, ele me telefonou e me convidou para almoçar. E infelizmente, foi no meu restaurante favorito. Ele chegou lá antes de mim, e eu me sentei à mesa com ele, e ele começou a gritar e berrar comigo, com tanta veemência, que eu juro por deus, minha cabeça ficou pranchada na horizontal atrás de mim. E ele dizia que não seria ditado, que ninguém diria a ele o que fazer, e na mesa ao lado havia uma atriz de televisão muito famosa, Jane Seymour…
Mitch: Que beleza…
Niven: E de rabo de olho, eu consigo ver essa pobre mulher encolher, encolher e encolher à medida que o ataque dele prosseguia e ficava mais alto.
Mas, enquanto estou sentado ali, e ele está gritando comigo, o que é que passa por meu cérebro? Se David está gritando comigo, nessas circunstâncias, então eu peguei ele!
Enfim, ele não comeu a comida dele, saiu batendo o pé, e me deixou sentado ali e eu voltei pro escritório e aí dois ou três dias depois, eu recebo um telefonema e os modos de David são sempre autoritários, não interessava o que você estivesse fazendo, se David ligasse, e dissesse ‘Quero você no meu escritório agora’, ele esperava que você fosse. Ele era meio taciturno, mas… o David é o David.
Então você já entendia como ele pensava, e foi uma ligação bem sucinta: ‘esteja no meu escritório agora’.
Eu penso, ‘OK’, e pego o carro e vou até a Geffen e entro no escritório dele, e lá está TODO departamento de A&R na sala, todos os executivos do setor administrativo executivo, contadores, e eles estão todos alinhados no janelão, juntos, e tem uma cadeirinha do outro lado da sala, colocada, obviamente, para mim, pra qual eles me apontam, e daí pra me enervar ainda mais, tem uma bandeja com bebidas do outro lado da sala, e David vai até ela, e do lado do seu mordomo, pergunta, ‘Alan, o que você gostaria de beber? O que eu posso te servir?’
E eu to sentado ali, pensando, ‘Que porra tá acontecendo aqui?’
E ele se vira para mim, e basicamente aquilo era uma baita cilada, e pergunta, ‘Você quer renegociar? O que você quer no contrato?’
Eu não estou lá com os advogados da banda, que os representam, e pra dizer bem a verdade, eu não passei muito tempo pensando no que eu queria no contrato, mas naquele momento em particular, eu tinha uma visão clara, e disse, ‘Bem, David, eu quero o melhor contrato que você já assinou com um artista’.
E ele ficou ali de pé, e disse, ‘Não vai acontecer, não vai acontecer’.
E eu disse, ‘É mesmo, David? E por quê?’
E eu estou ali, sentado naquela cadeirinha com toda aquela gente me olhando fixamente e perguntando ‘Por que não rola, David?’
Ele manda: ‘Por que [Don] Henley já o tem, e ele tem uma cláusula de favoritismo no dele. Ele tem o melhor contrato da Geffen, e sempre terá.’
E eu pensei por um instante e disse, ‘Bem, David, isso não é problema algum. Faremos um igual ao de Don. E toda vez que você calcular o que nos deve, eu vou pessoalmente até o banco e pegarei uma cédula de um dólar que acabou de ser impressa e a enviarei para Don.
Michael: [risos]
Mitch: Pra que ele sempre ganhe um dólar a mais…
Niven: É tudo hipotético, e Geffen ficou ali, me olhando por um tempo, e eu pensando quando é que ele ia pegar um taco de beisebol, e daí do nada, ele disse, ‘a reunião está encerrada!’, e toca todo mundo pra fora da sala, e aponta pra mim e diz, ‘Você fica’.
E todo mundo foi embora, ele olhou pra mim e disse ‘Arruma um advogado, entrem em contato, vamos renegociar, você conseguiu sua renegociação. ’
E eu saí, e no caminho da saída do prédio, eu passei pelo escritório de Rosenblatt, e ele, ‘Hey, entra aqui um minuto’, e eu fui, e ele me olhou e disse, ‘Sabe, em todos meus anos na indústria fonográfica, eu nunca vi uma cena dessas’.
Eu olhei pra ele de volta e disse, ‘Eddie, eu tampouco!’
Daí começou a renegociação… Axl tem dado a entender que foi ganancioso da minha parte. O quão burro e louco é dizer isso? A minha obrigação era maximizar a capacidade de faturamento deles! Eu fiz meu trabalho!
Michael: Sim, eu fico pensando por que ele ou qualquer outro artista não iria querer faturar tanto quanto possa, potencialmente falando? Eles não estão fazendo isso de graça.
Mitch: Certo.
Niven: Certo, e isso nos leva a ele ter peitado os outros pra forçá-los a assinar os direitos do nome da banda pra ele.
Mitch: Só pra concluir. Você saiu dessa reunião e deu retorno pra banda, seja via telefone, ou os encontrou alguns dias depois e disse a eles, qual foi a reação deles? Quero dizer, Axl fico puto, Slash perguntou, ‘Como é que você ousa?’, ou eles adoraram e te deram champanhe…
Niven: Todo mundo ficou feliz por termos conseguido a renegociação. Quem não ficaria? Vamos fazer mais dinheiro!
Mitch: Mas Axl tem se queixado desde então, aliás, nos últimos vinte anos, ele tem se queixado, qual foi a reação inicial dele? Ele ficou alegre ou disse, ‘hey, você deveria ter me ligado antes’?
Niven: Não. Por que eu deveria ligar pra Axl? O que ele teria pra contribuir a esse quadro?
Mitch: Nada, mas ele se vê…
Niven: Ele não teria nada absolutamente nada a acrescentar.
Mitch: Eu concordo, mas ele não se via como o general da coisa?
Niven: Ele estava muito feliz com o fato de estar havendo uma renegociação, e quanto às queixas dele, eu enterrei ele lá no fundo da minha mente anos atrás, e eu ainda ouço reclamando! [falando como se cantarolasse o verso ‘.. And I can still hear her complain’, de ‘Used To Love Her’]
Michael: Sei como é…
Niven: Nossa, não há nenhum senso de gratidão nele. Onde ele estava quando começamos a trabalhar juntos? Onde ele estava quando nos separamos? Se ele pelo menos tivesse a decência de dizer, ‘Olha, Niven e eu não nos dávamos lá muito bem’… eu era a única pessoa na face da terra que dizia ‘NÃO’ pra ele. Não teria havido uma turnê com o Aerosmith em 1988 se eu não tivesse forçado a barra, certo? E acreditem quando digo que não rolou nada de forçar ninguém em 1991, todo mundo queria sair em turnê naquela época. TODO MUNDO, inclusive Axl.
Isso tudo é conversa fiada, revisionista e mentirosa criada no cérebro de ‘Spaghetti Incident’ dele.
Mitch: Temos que falar desse disco uma hora…
Michael: É daí que vem o nome do disco?
Niven: Não, e não teve nada a ver comigo tampouco.
O fato de ele ainda estar se queixando e reclamando é simplesmente… eu simplesmente não entendo isso, quer dizer, puta que pariu, cara…
[suspira]
Abrimos a entrevista anterior com você me perguntando sobre como eu me sinto em relação à Slash… e eu te disse como me sinto sobre ele eu acho que ele tem sido notavelmente gracioso para lidar com a fama, eu acho que ele é reservado, acho que ele é uma pessoa amorosa, e eu acho que ele é um cara muito, muito legal.
Já quanto a Axl, o que me vem à mente é a declaração: ‘Aquele que não conhece a si próprio, será definido por sua fama’.
Digam-me vocês: o que é que ele defende? Além de narcisismo, poder e ego?
Mitch: Você quer que eu diga qual que é a dele? Bem… a única coisa que eu consigo pensar é que ele é um bom cantor…
Niven: Sim, ele é um bom cantor, quer dizer, em momentos sombrios, eu olhei pra ele e o vi como um Dorian Gray ao contrário… é como dizem, ‘você vai ter as feições que merece quando tiver 35 anos’, ou 40, e há fotografias dele, recentes, que atestam que ele é de fato um Dorian Gray ao contrário…
Guns N' Roses - o sucesso que a mídia forjou e destruiu
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps