Guns N' Roses: o sucesso que a mídia forjou e destruiu - Parte 5
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 24 de novembro de 2013
Quinta parte da transcrição traduzida do papo conduzido no começo desse ano entre os jornalistas MICHAEL BRANDVOLD e MITCH LAFON com o arquiteto da ascensão do GUNS N’ ROSES, o produtor e empresário inglês ALAN NIVEN.
Nesse segmento, Niven comenta sobre a resistência da banda em deixar de empurrar "Appetite For Destruction" para o público durante o segundo semestre de 1987, como a banda conseguiu entrar na MTV e finamente fazer com que sua própria gravadora apoiasse seu disco de estreia incondicionalmente.
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[...]
Niven: Naquele momento, estávamos nos aproximando de 250 mil cópias vendidas, e aquilo tinha sido alcançado à base de boca a boca, imprensa, turnê. Não tínhamos nenhum apoio das grandes rádios, e tinha rolado um certo barulho nas rádios que tocam o Top 40 das paradas com ‘Jungle’, que não tinha resultado em nada até então…
Mas meu argumento era que, se já tínhamos conseguido fazer com que a banda chegasse às 250 mil cópias, entre julho e dezembro, sem que as rádios menos comerciais tocassem o disco, sem nenhum single rodando na MTV, se a gente conseguisse entrar em uma dessas mídias pelo menos, eu estava pensando que poderia, eu podia estar sendo otimista demais, mas podíamos estar olhando para um Disco de Platina na nossa frente… então eu fiquei meio abismado com aquilo.
Tom Zutaut sentia-se do mesmo modo que eu em relação àquilo. E na época, se eu me lembro corretamente, tinham nos oferecido um show de festas de fim de ano, sabe, um show em dezembro, no Santa Monica Civic [Auditorium], que seria uma noite. O cachê teria sido bom, mas era apena suma noite. Como alternativa, pensamos em ir pro Perkins Palace, em Pasadena, que seria um show em um teatro, o aspecto econômico não era tão vantajoso, mas seriam quatro noites. E quatro noites são um evento. Quatro noites fazem com que as pessoas comentem a respeito. Em quatro noites, você provavelmente vai precisar que as pessoas venham pelo menos duas vezes… Mas você tem uma chance melhor de fazer com que os jornalistas digam algo, e em um evento de quatro noites, você tem certa chance de que um puto dum esnobe dos executivos da Geffen apareça por lá. E quatro noites, especialmente quando você está contratando alguém pra fazer a divulgação que é, vamos dizer, muito próximo de David Lee Roth, pode fazer com que alguns rostos famosos apareçam por lá, e você tem nomes famosos no evento, e isso, até uma porra dum executivo de gravadora notaria.
Então foi isso que optamos por fazer, quatro noites no Perkins Palace.
E foi de fato, um evento.
Sabe, estávamos basicamente dando os ingressos na quarta noite, mas, ainda assim fora um evento. E na cabeça da Geffen, quando voltamos do Natal, pensavam, ‘Bem, talvez esse cara não esteja completamente louco, talvez devêssemos continuar trabalhando nesse disco. ’
E Geffen, como empresa e como pessoa, começou a entrar na MTV. Eu já havia mandado uma carta para John Connolly, que fora a última coisa que fiz em meu escritório, antes do Natal, eu escrevi uma carta bastante venenosa, grosseira e inapropriada a ele, perguntando por que caralhos ele estava divulgando todas aquelas bandas de viados bichonas – perdoem o meu linguajar, mas foi o que disse naquele tempo, que deus me perdoe – do Reino Unido quando tínhamos uma boa banda de rock n’ roll dos EUA que ele estava ignorando. E John, deus o abençoe, levou aquilo na esportiva e acabamos sendo amigos muito, muito próximos.
Mas foi uma carta daquelas de fechar as portas, a última coisa que eu fiz foi apertar o botão de envio daquele aparelho de fax, trancar a porta e ir pra casa e não pensar mais naquilo pela semana seguinte, que seria a do Natal. Porque eu não tinha nenhum apoio da MTV com o Great White e com o GN’R, e eu estava puto! E eu estava querendo saber qual era a dele. E Connolly achou até engraçado.
[risos]
E ele estava certo.
Mitch: Sim…
Michael: Alan, fica meio aparente pra mim que… estamos falando disso faz uma hora, e ainda há tanta coisa sobre o GN’R para se discutir… e a gente nem chegou à separação da banda ainda!
Mitch: Não chegamos nem em "Use Your Illusion" ainda!
[risos]
Niven: Aquele disco saiu? Foi lançado?
Michael: Nós lançamos o disco!
Niven: Os ‘Illusions’ já terminaram de ser gravados? Já saíram?
[risos]
Michael: Se você topar, vamos fazer uma terceira sessão, que nos leve…
Niven: [gargalhando sem fôlego]
Michael: … ao GN’R depois que as coisas começaram a ruir…
Niven: Claro, como quiserem…
Michael: Quer dizer, eu sinto que há pelo menos mais uma, duas horas que poderíamos conversar, e não quero que os ouvintes fiquem sentados ouvindo por duas horas para ouvir, tudo, mas eu não quero perder essa parte da história do GN’R contada por você… eu tenho ficado vidrado aqui, como se assistindo a um documentário enquanto você fala, é incrível, mas, mais uma vez, nem chegamos à parte em que a banda se dissolve ainda.
Mitch: Sim, ainda estamos no lado A de "Appetite For Destruction"…
Michael: Exatamente, é exatamente isso, boa analogia, nós ainda nem saímos do vinil!
Niven: Começamos um pouco devagar, foi minha culpa, meu nível de açúcar no sangue estava baixo e…
Michael: Nada, de jeito nenhum, tudo que temos falado aqui, é tudo muito intrigante e interessante, é que há tanto mais sobre o que quero conversar…
Niven: Deixa puxar daqui um pouco…
Michael: OK.
Niven: Quando eu… porque, muito do que estamos conversando, sabe, são histórias bastante conhecidas, creio eu. O que pode ser interessante, acho, é, caso vocês toparem, seria divertido falar sobre as renegociações com John, com Geffen, com David Geffen…
Michael: Com certeza.
Mitch: Tô dentro.
Niven: Como rolou, porque há momentos de grande comédia ali, e especialmente o que eu acho que tem sido muito subanalisado: a importância dos Maynard na destruição da banda. Ou poderíamos falar sobre o papel do meu querido Doug Goldstein na queda da banda…
Mas eu acho que uma das coisas mais intrigantes, porque… [suspiro seguido por uma pausa]…
É uma perspectiva microscópica fascinante disso, e da vidente dele… mas o fato de uns charlatões de Sedona, Arizona, que fica aqui, logo atrás da montanha, conseguiram arrancar tanto dinheiro dele, manipulá-lo como fizeram, e ser, a meu ver, uma das principais forças no rompimento da banda, é muito fascinante. Eu ouvi, tanto de John Reese como de Goldstein, o tanto de dinheiro que esses dois charlatões roubaram de Axl e o pessoal dele, e todos à sua volta, e é de embasbacar, é incrível. Quer dizer, a mais conhecida: 75 mil dólares por um exorcismo.
Michael: Wow…
Niven: Entende? E o pior: ainda por cima não funcionou, obviamente!
[risos]
Michael: Sim, são duas coisas incríveis para se discutir, e sinto que se começarmos a discutir sobre isso agora, vamos ficar aqui mais uma hora.
Mitch: Ou isso ou vamos falar muito por cima e…
Michael: Eu não quero falar delas muito por cima, eu não quero perder isso, que tal fazermos isso, vamos nos comprometer com nossos ouvintes, vamos voltar e vamos gravar outro episódio e vamos entrar de cara nesses dois assuntos.
Niven: Claro, como vocês quiserem.
Michael: Porque eu sei que as renegociações com a Geffen, eu tenho muitas perguntas sobre isso, quero muito falar disso…
E como Mitch disse, eu não quero falar por cima, e discorrer por quinze minutos…
Mitch: A gente vai espremer tudo se começarmos agora…
Michael: Eu não quero espremer, você não deveria ser limitado em nada nesse sentido e eu sei que Mitch e eu estamos mais do que dispostos a conversar com você enquanto você estiver solícito a bater papo!
Niven: Sou todo de vocês, vocês são duas pessoas maravilhosas e faço o que vocês quiserem.
Michael: Vamos fazer isso, então, a todos ouvindo, essa é a segunda parte, nos comprometemos agora a fazer a terceira. E quem sabe, Alan pode ser um convidado recorrente, que vive voltando, quem sabe?
Vamos voltar, vamos fazer a terceira parte, e falaremos a respeito dessas duas histórias em específico, que Alan quer trazer à tona. Eu acho que elas vão ser extremamente interessantes, e eu não quero deixar passar nada, então…
Niven: Vocês dois não tiveram oportunidade de perguntar muita coisa também…
Michael: Não, não se incomode…
Mitch: E quando você nos der suas considerações sobre "Chinese Democracy", teremos a décima-segunda parte da entrevista, então…
[risos]
Continua…
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