Between a Rock and a Hard Place: a explosiva mistura dos Stones
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 08 de agosto de 2012
Pólvora e uma boa caixa de fósforos fizeram desse mundo um lugar melhor para se viver. O rock n´roll é a prova de que Nietzsche realmente estava certo: não nascemos da calmaria, nascemos do atrito. A faísca que acendeu os BEATLES e THE ANIMALS foi o resultado de lutas de classe mal resolvidas, de um pós-guerra desolador, de gente "branca" roubando a música de gente "negra", de filhos viciados que não se entendem com pais e fogem de casa. TONY IOMMI já declarou que seu som foi inspirado no ritmo insuportável do maquinário pesado em Birmingham e o GUNS compôs sua obra prima em uma garagem imunda. O rock n´roll é chá de boldo, a antítese do bucólico, a casca de ferida do mundo nos últimos sessenta anos.
Rolling Stones - Mais Novidades
Esse nobre ancião, entretanto, venceu as provas do tempo. Declarado morto por repetidas vezes, se comporta como um zumbi, se alimentando da necessidade de adrenalina, em mundo que se movimenta a oitocentos por hora mas, simultaneamente, entorpece seus ocupantes. Nessa crescente, chega a ser surreal uma banda completar cinqüenta anos, com três de seus membros originais, tendo passado pela psicodelia, pelo punk, pela disco, pela new wave – por tudo – e estar ainda de pé. Impressiona não só pelo desgaste natural das juntas, não só pelo consumo colossal de heroína ou pelo quebra pau entre seus membros: impressiona por se manterem no topo, ainda que toda sorte de intempéries conspirassem para seu naufrágio.
Os STONES corroboram a mítica do rock n´roll, ampliam seu folclore e adubam o território das bizarrices desde os anos sessenta. Sua capacidade de reinvenção, ainda que trôpega em alguns momentos, trazem a emblemática do ressurgimento pelas cinzas por longas cinco décadas. Do nefasto ao profano, da doçura ao badalar dos sinos do inferno, parecem andar sobre a lama, pairar sobre o marketing de linha de produção de bandas atuais, cair à sombra das sarjetas ou embebedarem-se em hidromassagens e jatos particulares em grande estilo. Ultrapassaram a AIDS, aos blazers com ombreiras, às curvas sinuosas de milhões de quilômetros de um árida estrada.
JAGGER e RICHARDS são os escudeiros de um estilo de vida que dizimou metade dos nomes relevantes na música no últimos quarenta anos, representam esboços de uma raça alienígena que ainda desconhecemos por completo. O guitarrista que já declarou – "Jagger é rock, eu sou roll – reflete atrás dos vincos de heroína estampados em sua face, o currículo invejável do homem comum: não é um intelectual, não é a representação da vontade de potência de seu parceiro: antes é fruto de uma incógnita capacidade de sobrevivência, o sujo retrato de alguém que não cria a menor expectativa do que virá depois- apenas respira e espera.
JAGGER é o nobre do avesso, o conde à maneira própria, um suserano inquieto e auto-controlador, o político. Em uma dessas estranhas declarações de amor ao parceiro ele disse: "Você não é o único, com uma mistura de emoções, você não é o único navio à deriva sobre este oceano". Como todo casal em bodas de ouro, viveram a lua de mel, as ameaças de divórcio, a reconciliação.
Do alto de sua negligência total à decadência paira o lorde, discreto e surdo mudo na medida – CHARLIE WATTS é o contra senso, o lobo solitário atrás de seu kit. Seu tempero inglês traz o sabor insosso necessário ao arrefecimento das polêmicas, sua postura fleumática é o ponto de estabilidade ao estado pré- insanidade. WATTS é o homem em estado natural de ROUSSEAU.
Vivos? Sim. Como? Não dá para saber. São baratas em um ataque nuclear.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Festival Sonic Temple anuncia 140 shows em 5 palcos para 2026
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
O álbum do Rush que Geddy Lee disse ser "impossível de gostar"
Fabio Lione e Luca Turilli anunciam reunião no Rhapsody with Choir & Orchestra
A pior música do pior disco do Kiss, segundo o Heavy Consequence
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
Janela de transferências do metal: A epopeia do Trivium em busca de um novo baterista
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
O disco de prog que Ian Anderson disse que ninguém igualou; "único e original"


Os álbuns dos Rolling Stones que Mick Jagger detesta: "Nem na época eu achei bom"
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
O megahit dos Beatles que Mick Jagger acha bobo: "Ele dizia que Stones não fariam"
As duas lendas do rock contracultural que Keith Richards considera "músicos puros"
A maior cantora de todos os tempos, segundo Keith Richards; "não tem só a ver com cantar"
O apelido que John Lennon dava aos Rolling Stones quando sentia raiva da banda
A melhor cantora de todos os tempos, segundo Keith Richards do Rolling Stones
O lendário guitarrista que Jimmy Page considera como seu igual: "Paralelo a mim"
Quando Frank Zappa se rendeu ao rock britânico por causa de uma linha de baixo
Pattie Boyd: o infernal triângulo com George Harrison e Eric Clapton
Black Sabbath: os vocalistas misteriosos da banda


