Planet Hemp
Por Renan Nobre Sodré
Postado em 06 de abril de 2006
Tudo começa quando Marcelo D2, um irreversível malandro carioca que há anos rodava pela vida, encontrou Skunk, um artesão de camisas de rock, vestindo uma camisa dos Dead Kennedys. A camisa foi o início de um diálogo, que logo veio a se tornar uma amizade e, no futuro, o Planet Hemp.
Então, MD2 e Skunk decidiram formar uma banda. A princípio eles imaginavam uma banda de Rock e Punk, porém não sabiam tocar nada e queriam cantar. Optaram pelo rap. Como queriam falar sobre Cannabis, o genêro era bastante adequado. Da revista High Times, a biblía da Cannibicultura, tiraram o nome da banda, inspirados no anúncio de uma marca de roupas canadense.
Porém eles não ficaram limitados musicalmente ao Rap, logo vieram se juntar a MD2 e Skunk, Rafael, Bacalhau e Formigão, trazendo para o Planet Hemp guitarra, bateria e baixo, fazendo com que as letras de rap de MD2 e Skunk recebessem um ritmo totalmente novo e original, batizado pela banda por "Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga" devido a enorme mescla entre a psicodelia das guitarras, o rap dos vocais e as outras diversas influências musicais da banda.
O Planet Hemp surgiu no Rio de Janeiro, em 1993, os caras, então, gravaram uma fita demo e começaram a se apresentar no circuito alternativo do Rio, de São Paulo, de Belo Horizonte e de Curitiba. O grupo foi logo ficando conhecido nas principais capitais do Brasil pelas letras pró-maconha e pelo som psicodélico que fazia.
Em 1994, a morte de Skunk em decorrência da AIDS quase decretou o fim do Planet. Atendendo a pedidos de amigos e da própria mãe de Skunk, a banda botou a cabeça no lugar e o pé na estrada. B.Negão, camarada presente em todos os shows do grupo, assumiu o vocal ao lado de Marcelo D2.
Ainda em 1994, o Planet Hemp assinou contrato com a Sony Music e gravou o cd "Usuário", lançado em março de 1995. Esse disco projetou a banda, emplacando alguns sucessos entre o público jovem, como "Mantenha o Respeito". "Legalize Já", apesar de ter o videoclipe censurado, se transformou em hit, "Fazendo a Cabeça" e a polêmica "Porcos Fardados", uma crítica à violência policial. O álbum que vendeu mais de 140 mil cópias ganhou Disco de Ouro.
O Planet Hemp já tocou com alguns dos grandes nomes do hip hop, como Beastie Boys e Cypress Hill. Com "Usuário", o Planet Hemp passava do anonimato para o hall das grandes bandas nacionais. Os shows continuaram sendo uma paulada só.
"Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára", CD gravado no final de 1996, mixado nos Estados Unidos, trouxe outra qualidade à já consagrada banda, obtendo Disco de Platina. O vocalista B.Negão saiu fora, sendo substituído por Gustavo Black -- mas não deixou de emprestar sua voz para o novo disco, em faixas com "Hip Hop Rio" e "100% Hardcore". Zé Gonzales nas picapes, Apollo 9 nos teclados completaram a formação básica do álbum. "Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára" é hardcore com influência de jazz, bossa-nova e até samba. Destaque para a faixa "Queimando Tudo", uma crítica bem humorada á perseguição que os caras sofreram em várias cidades brasileiras por fazerem campanha à favor da legalização da maconha.
Por causa de seu compromisso com a causa da legalização da maconha e suas letras referentes a esse assunto, o Planet Hemp já teve vários problemas com a justiça brasileira. Discos apreendidos, shows cancelados e ordens de prisão fizeram e fazem parte da rotina da banda.
Em 1998, Marcelo D2 resolveu realizar um sonho que tinha há muito tempo: lançar um cd solo. "Eu tiro é onda" saiu em 1998, unindo rap, rock e samba.
Muita gente pensou que, com a carreira-solo de D2, o Planet acabaria. Felizmente, isso não rolou. Em 2000 o Planet Hemp conclui seu mais novo trabalho, "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça", e "Ex-Quadrilha da Fumaça" começa a ser executada em várias rádios. E em 2002 veio a coletânea ao vivo "Planet Hemp Ao Vivo MTV".
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