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Knotfest - primeiro dia do festival foi marcado por falhas técnicas e estreia do Mudvayne

Resenha - Knotfest (Allianz Parque, São Paulo, 19/10/2024)

Por Diego Camara
Postado em 23 de outubro de 2024

Um sábado de muita chuva marcou o primeiro dia da segunda edição do Knotfest. Adiada por um ano, a edição foi totalmente repaginada se comparada a primeira edição: um dia a mais, o dobro de atrações e um local incomum para um festival deste tamanho, com o Anhembi sendo substituído pelo Allianz Parque – lugar comum para performances e shows individuais mais do que estrutura de festival. Confira abaixo os principais detalhes do show, desta vez sem fotos já que a equipe internacional fez o favor de não nos credenciar – como diversos outros veículos de comunicação.

Em primeiro lugar, importante frisar a escolha desastrosa que se fez pelo Allianz Parque: o local não tem a estrutura necessária para um evento deste tamanho. Se num local como o Anhembi – que apesar dos diversos problemas que apresenta, foi uma escolha bastante acertada da produção de 2022 – é possível de certa forma delinear com inteligência os recursos presentes no local, seja a adição maior de bares, banheiros e pontos de hidratação, o Allianz tem uma estrutura mais rígida e dependente do anel externo.

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O trânsito nas áreas internas do local foi caótico e exagerado, e a equipe responsável conseguiu piorar este ainda mais com regras sem nenhum sentido de acesso do público as áreas dos shows: entrar por um espaço, sair pelo outro, a pessoa que ia aos banheiros tinha que caminhar pelo ambiente lotado até outra área para adentrar novamente: uma tentativa paliativa de resolver um problema que eles mesmos criaram, que causou mais um novo problema.

O puxadinho

Era necessário um segundo palco na estrutura, mas não queriam, pelo visto, mudar a estrutura base dos espetáculos no Allianz Parque. Então decidiram, literalmente, transformar uma área de backstage em um palco secundário – espaço que, para quem conhece a estrutura de palco do estádio, é normalmente coberto por um telão que fica na lateral do palco. A estrutura seria, no geral dos shows, desastrosa: faltou principalmente som para quase todas as bandas. E no caso do Ratos de Porão, faltou até luz.

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O PROJECT46 trouxe uma verdadeira pancada para a apresentação do Knotfest: levantaram o público, pressionado pela chuva chata que foi a coisa mais presente no sábado, e agradaram o público brasileiro mais uma vez. Isso é, quando foi possível ouvir o som da banda: instrumentos baixos, péssima equalização de som e em diversos momentos totalmente inexistentes foi o que mais se tirou do show da banda. Uma verdadeira lástima para um artista que, sinceramente, perde em nada para a maioria dos gringos que subiram ao palco.

O KRISIUN teve um pouco mais de sorte. A apresentação, que começou bastante ruim no som, em especial nas guitarras que desapareciam com o som do resto dos instrumentos, até que encontrou um meio termo razoável na metade da apresentação. Uma apresentação curta de um dos artistas mais talentosos do heavy metal brasileiro, mas bastante satisfatória: o público curtiu bastante o show e a roda comeu na pista.

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Se parecia que eles tinham encontrado o som para o palco, o RATOS DE PORÃO subiu ao seu show – logo antes do Slipknot – no total breu. Sem uma única lanterna iluminando o palco, a banda tocou a primeira música "Alerta Antifascista", e João Gordo já reclamou desde o início. Foi improvisada uma luz de construção, que iluminou parcialmente o palco. Até agora não houve nenhum posicionamento da produção sobre o acontecido, deixando as teorias correndo soltas sobre os motivos de não haver luzes no puxadinho enquanto elas eram testadas no palco principal.

Tirando isso, a apresentação do RDP foi uma das mais satisfatórias da noite: teve muito punk, música potente e pesada e uma banda que soube tirar tudo da estrutura totalmente deficitária do Palco Maggot (melhor nome para a pobreza que foi este palco, não há). Foi a banda perfeita para marcar e fechar a apresentação brasileira na primeira noite, total respeito!

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MESHUGGAH

Das bandas selecionadas para o primeiro dia, o Meshuggah era sem dúvidas uma das mais impecáveis em nível técnico. Quem viu o show destes caras, seja o que ocorreu em 2013 ou em 2016, sabe do que falo: é um artista de nível absurdo que transmite no palco a experiência de álbum da banda: um som agressivo e bastante visceral. O som do palco começou bastante alto e forte quando eles subiram para tocar "Broken Cog". Com o apelo do público logo no início, parecia que eles iam ganhar o dia, em especial pois "Rational Gaze" veio logo em seguida, destruindo tudo.

A apresentação foi impecável, do início ao fim, mas a banda pareceu perder o público em diversos momentos do show: as boas músicas não foram o bastante para conectar com a multitude de gostos e interesses diferentes do Allianz Parque. Quando o público foi se conectar mais com a banda, de maneira geral, o show já chegava no seu final: a dupla "Bleed" e "Demiurge" foram uma monstruosidade com solo de guitarra afiados e recebidas com muito calor pelo público.

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AMON AMARTH

Figurinha carimbada em solo brasileiro, os suecos do Amon Amarth deram ao público realmente a experiência de um navio viking com as chuvas e a apresentação do palco. Deste a primeira música, "Guardians of Asgard", o som estava extremamente limpo e potente, e o público cantou demais junto com Johan Hegg desde o início. "Raven’s Flight" veio logo em seguida, com um instrumental forte que fez o público bater cabeça.

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A banda trouxe um setlist recheado do seu melhor para um festival onde uma boa parte do público talvez ainda não conhecia o som do Amon Amarth, e souberam se sair com muita inteligência com muitos clássicos e músicas feitas para o público cantar. O resultado foi que o público realmente foi contaminado com o show, e muitos inclusive ensaiaram o famoso barco viking na música "Put Your Back Into the Oar", a versão viking do moshpit.

A banda finalizou o show agradecendo o público, e a saudação de Johan foi levantar seu chifre para agradecer o público, bebendo com eles em "Raise Your Horns". O show foi fechado com "Twilight of the Thunder God", como sempre em uma ótima performance abaixo do martelo de Thor, com muitos aplausos do público.

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MUDVAYNE

Sem dúvidas o show mais esperado da noite. Demorou mais de 20 anos para o Mudvayne realmente realizar o que, de acordo com Chad Gray era um grande sonho da banda: tocar no Brasil. A gente sabe que, no geral, as bandas falam isso da boca pra fora, e falariam sobre qualquer país do mundo onde visitam, mas no caso do Mudvayne pareceu realmente sincero: em diversos momentos do show a banda se emocionou com o calor do público brasileiro.

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O som bem potente foi a característica do show. O ânimo do público foi tão grande que, logo no início do show, antes de tocar "Fall into Sleep", Chad Gray pediu aos fãs que estavam grudados na grade, vendo que estavam muito apertados na frente da pista comum, que dessem um passo para trás como segurança e uma questão de saúde.

A animação dos fãs realmente foi grande durante todo o show, o som forte das guitarras e da bateria foi o destaque. A voz desapareceu em alguns momentos do show, em especial quando Chad cantou os momentos mais leves das músicas, algo que não desanimou o público, que cantou junto o show quase inteiro. No final, uma promessa de que voltarão em breve e agradecimento ao público: "O metal me salvou mais de uma vez".

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SLIPKNOT

Com 15 minutos de atraso, o Slipknot subiu ao palco para a apresentação derradeira do sábado. A ansiedade do público era latente, e explodiu logo na primeira música, quando Eloy Casagrande e companhia subiram ao palco para tocar "(sic)". Muitos gritos, pulos, cantoria e rodas de mosh em diversas partes da pista marcaram o primeiro momento do show. O público gritou muito o nome do baterista brasileiro no final da música.

Foto: Jonathan Weiner
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Tudo estava realmente perfeito no show, como deveria ser. O esmero e o cuidado com os detalhes do show do artista principal refletiram a excelência do Knotfest para o público, que debaixo de chuva não se cansou um instante sequer da apresentação. O show foi marcado por diversos grandes sucessos da banda, e focado nos discos "Slipknot" e no "Vol. 3", em um setlist especial que só foi tocado neste show durante toda a turnê.

O show esquentou demais no seu meio, quando peças como "Disasterpiece" e "Psychosocial", duas das favoritas do público, deixaram os fãs malucos. Não houve chuva que pode parar os aficionados, que cantaram muito junto com Corey Taylor e se emocionaram com o trabalho de bateria de Eloy Casagrande. A sequência pesada não parou por aí, e "The Devil in I", uma das surpresas da noite e que fugiu do setlist de 2022, foi excelente: em especial na parada da música, que deixou o público insano com a retomada do show.

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A apresentação foi fechada com perfeição com "Duality", "Spit it Out" e "Surfacing", e ficará sem dúvidas na memória de todos os fãs presentes, que encheram o Allianz Parque e tiveram que aguentar todo o tipo de intempérie para ver a banda. No final, apesar dos pesares, o resultado foi extremamente positivo.

Setlist:
Intro: 742617000027
(sic)
Eyeless
Wait and Bleed
Before I Forget
Disasterpiece
Psychosocial
The Devil in I
The Heretic Anthem
Unsainted
Custer
Prosthetics
Vermilion
Bis
Duality
Spit It Out
Surfacing
Outro: 'Til We Die

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Sobre Diego Camara

Nascido em São Paulo em 1987, Diego Camara é jornalista, radialista e blogueiro. Seu amor pelo metal e rock começou há 6 anos. Um amante da nova geração, é um grande fã de Arjen Lucassen, Andre Matos e bandas como Nightwish, Hammerfall, Sonata Arctica, Edguy e Kamelot. Também não deixa de ter amor pelos clássicos, como Helloween, Gamma Ray e Iron Maiden e do Rock de bandas como Oasis, Queen e Kings of Leon. Atualmente seus textos podem ser lidos no blog OCrepusculo.com sobre assuntos diversos, além de planos para criação de um projeto totalmente voltado aos blogs de Rock e Metal.
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