Resenha - Maneskin (Rock In Rio, Rio de Janeiro, 08/09/2022)
Por Rudson Xaulin
Postado em 14 de setembro de 2022
E o MANESKIN veio fazer sua prova de fogo: Passar pelo alto nível de intelecto BR sobre música, crítica e tentar ganhar a glória do povo mais chato do mundo, ainda mais se for "roqueiro" ou fã de político... Bom, os italianos chegaram com grande expectativa, e claro, não decepcionaram. O grupo é pura energia, manda extremamente bem em cima do palco, é uma grande banda, mas claro, já posso ver muitos reclamando e fazendo birra, normal, nessa galera jovem e calva. A banda trouxe muitas boas músicas na bagagem, muito legal ver a mescla de canções em italiano e em inglês, é diferente e esse é um dos pontos positivos, e a Itália tem bandas muito competentes. Nem só de América do Norte, Londres e Finlândia vive o rock n’ roll, ele vive e respira por todos os cantos do mundo, tem muita coisa bem-feita, mas estamos num ponto extremamente difícil: Os velhos medalhões estão se indo, e quem vem aí, não vai preencher essa lacuna. Pois os próprios "roqueiros", não deixam isso acontecer. BLACKBERRY SMOKE, GRETA VAN FLEET e MANESKIN, ambos bebem do mesmo goró chato pra caramba: Aturar roquista trevoso que sabe mais que todo mundo, faz melhor que todo mundo e vive ditando as regras do que você pode ou não ouvir. Tipo o sabichão que fica fazendo vídeo, te ensinando o que é música, aí você vai ver o que o cara faz e toca, só Jeová na causa... O que aconteceu com essas bandas já citadas, aconteceu com LINKIN PARK, NIGHTWISH e até mesmo com SYSTEM OF A DOWN, mas, faz parte do já círculo vicioso dos adoradores do "Deus do Róque!", mesmo essas bandas se tornando grandes, elas não conseguem ser enormes, como as que estão em final de carreira ou já partiram...
O Rock In Rio deu a chance da banda, de crescer ainda mais, e essa galera do MANESKIN merece sim. Mesmo você no seu Uber, ouvindo as músicas do cramunhão, achando que não. Tu não sabes nem instalar uma tomada, pede ajuda para trocar uma torneira e fica dizendo o que uma banda vivendo o sucesso precisa fazer ou não, e lá estão eles, cada vez maiores, goste você ou não. ZITTI E BUONI é uma boa música, animou a plateia, e logo, os italianos viram que o jogo era jogar tudo para cima do público, sem trégua. Além do carisma e das palavras não católicas do vocalista DAMIANO, ficou claro, que ele é um grande frontman. O quarteto em si, é bem técnico, tocam muito, isso é inegável. Talvez eles não sejam virtuosos e não agradem todos os malas, mas que eles mandam bem, eles mandam bem! IN NOME DEL PADRE foi outra que animou, até porque, era começo de show e muitas pessoas foram lá para ver apenas o MANESKIN. Então, eles tinham uma boa parcela de pessoas apoiando a banda já de arrancada, e isso foi bem bacana.
O grupo se jogou nos braços da galera, muitas vezes, literalmente. Arrancando gritos dos presentes, bem como, ter aquele momento que vai contar e contar de novo, por muitas vezes na vida, de ter um ídolo, ou novo ídolo, bem ali, nos seus braços. MAMMAMIA, uma das mais legais do grupo, soou muito bem ao vivo. Destaque para a baixista ensandecida, VICTORIA e para o baterista ETHAN. E convenhamos que, o baixo de VICTORIA, aliado a guitarra de RAGGI, é até que bem legal, mas ver os dois se entrosando no palco, nos arremetendo a algo mais old school e um "foda-se as regras", que é tão normal nos vídeos antigos, mas tão diferente ao vivo, que muitos, nem estão acostumados com isso. E logo, queimando aquela bala na agulha, veio BEGGIN’, o monstro recriado por eles, que fez a banda ser do porte que é hoje. E cá entre nós, sim, eu prefiro a versão moderna dos moleques, mas, a quem torça o nariz, bem como, não aceite uma banda ganhar o mundo, com um cover. Mas, a história deles se escreve assim, e saindo de BEGGIN’, eles vêm entregando boas canções e lançando ótimos clipes. Além da já capacidade enorme, de domar uma plateia e explodir ao vivo, que parece ser o ponto mais forte do grupo.
CORALINE arrancou lágrimas, seguida por CLOSE TO THE TOP, e um cover, "um presente, uma surpresa", como disse DAMIANO, ao público do festival. Momento bonito com QUEEN, claro, mas a banda trouxe mais covers, como de THE WHO, THE STOOGES/IGGY POP e até de B. SPEARS, o que me lembrou até do KIARA ROCKS, que trouxe covers também e convidados especiais. Outro grande hit moderno do grupo, a SUPERMODEL, mostrou o público cantando junto, verso por verso e um DAMIANO feliz em fazer parte da grande festa que o festival se transformou. Espaço ainda para FOR YOUR LOVE e TOUCH ME, que deixaram evidente a competência não só do vocalista, que domina bem o palco e sabe trazer para si, todos os holofotes. Mas a banda, rouba a cena, muitas vezes e não é toda banda, nem mesmo clássica, que tem um grupo que brilha sempre que possível, como um todo. WE’RE GONNA DANCE ON GASOLINE e I WANNA BE YOU SLAVE, quase que mais "dançantes", já diziam que o show estava chegando ao fim. Mas frisar aqui o destaque absoluto para I WANNA BE YOU SLAVE, que lembrou tantas coisas, tantas bandas, tantas fases, tudo misturado, tudo ao mesmo tempo, e com competência! LIVIDI SUI GOMITI terminou com o espetáculo, com a banda agradecendo muito e trazendo até fãs para o palco. Uma pena que VENT’ANNI tenha ficado de fora do set, quem sabe na próxima...
O grupo saiu de cena maior do que chegou, ovacionado, foi bem recebido e passou na prova, pelo menos de quem estava lá. Mas agora, precisa romper a barreira dos ferozes teclados de rockstars frustrados, mas essa tarefa, tenho certeza que eles, infelizmente, não irão vencer, não aqui e não agora. O MANESKIN não é a banda salvação do rock n’ roll (e essa banda nunca existiu ou nunca irá existir), longe disso, mas eles poderiam ser facilmente, uma das grandes bandas, que volta para a grande mídia. Trazendo assim com eles mais bandas competentes, mais atenção e alimentando uma cena que clama por isso, sendo algum tipo de referência para uma nova geração e fazendo a roda girar. Mas claro, eles preferem dizer que o rock n’ roll vive no underground, onde sempre foi seu lugar. Esquecem de dizer que as bandas que eles tinham pôsteres e camisetas, dominaram o mundo em suas épocas. Então a solução é jogar ótimas bandas ao limbo e ao esquecimento do underground, quer dizer sinônimo de que esse é o caminho? Claro, vocês estão cobertos de razão... Boa sorte, MANESKIN!
Rock in Rio 2022
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