The Who's Tommy: uma belíssima homenagem a história do The Who
Resenha - The Who's Tommy (Espaço das Américas, São Paulo, 24/03/2019)
Por Diego Camara
Postado em 26 de março de 2019
Fotos: Fernando Yokota
Não é bem uma encenação, não é bem um espetáculo de teatro, mas também não é bem um show. É difícil classificar o que realmente é a apresentação que foi feita no Espaço das Américas neste último domingo. Em uma mistura do disco, do musical e do filme, o espetáculo é como uma colcha de retalhos com o centro na homenagem da banda de Pete Townshend. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens exclusivas de Fernando Yokota.
O Espaço das Américas estava bastante cheio para a apresentação, com um ótimo público para o formato sentado da casa. A lotação foi maior do que nas últimas apresentações de rock no mesmo formato, e atraiu um público bastante experiente e familiar. Levando a apresentação em um tempo lento e calmo, que ressalta a melodia das músicas do The Who, a banda abriu com uma bela introdução instrumental. O som estava ótimo e bastante digno da qualidade da banda homenageada, enquanto um telão apresentava imagens do filme, realizando uma conexão entre a apresentação e cenas da obra de 1975.

A performance dos artistas era feita na frente do palco, com a banda tocando ao fundo. A performance começa com "It’s a Boy", que apresenta a enfermeira cantando sobre o nascimento de Tommy. A caracterização dos personagens é boa, e a atuação dos atores se aproxima do estilo de musical em diversos momentos. A presença do Tommy jovem e de seus pais em "1921" (1951) e "Christmas" dá aplausos na plateia. A apresentação tenta conectar a história do disco com a história apresentada no palco com textos em inglês no telão, deixando a pergunta no ar: qual seria o custo de traduzir as explicações para aumentar a conexão entre a apresentação e os fãs?

Algumas performances ressaltam sobre as outras. O primo Kevin, a Acid Queen e o Tio Ernie realmente foram geniais e construíram muito bem todos os personagens. "Acid Queen", por sinal, uma das melhores músicas do álbum, garantiu grandes aplausos da plateia. A sequência fala dos abusos de Tommy pelos outros personagens, onde a construção em torno do ator Gary Brown é bastante agressiva e construída de maneira minuciosa, levando mesmo o estilo teatral ao público presente. É fechada com uma performance agressiva de "Fiddle About".

Depois disso, Tommy é levado a uma máquina de Pinball, e "Pinball Wizard" – a música símbolo do álbum – é tocada. O mago aqui é caracterizado, e o público se solta cantando junto com ele durante a música, apesar da configuração da plateia impedir reações mais efusivas do público. A apresentação musical é bastante digna ao The Who, como deve ser.

A apresentação já caminhava para suas disputas finais com "Go to the Mirror" e "Tommy can you hear me?", onde temos o personagem do Doutor – que se confunde durante o final com o Pastor também – e uma belíssima performance artística. O uso do espelho e a liberação de Tommy de seus problemas psicológicos, quando ele finalmente consegue ver, são bastante emocionantes e resumidas com "I’m Free". Da música segue "Sensation", em uma das claras mudanças de ordem no disco, mas que trazem um bom resultado para a apresentação musical no palco.

A sequência final começa com "Welcome", onde Tommy apresenta ao público sua casa, os convidando a entrar. O tom místico e religioso está presente na música e nas vestes do artista. A performance insana do Tio Ernie vem com "Holiday Camp", em outra ótima performance, que conflui para o abandono de Tommy com "We’re Not Gonna Take It", com o público se levantando das cadeiras para aplaudir todos os atores presentes no palco.

Não demorou quase nada – foram apenas alguns segundos entre a saída da banda e o retorno de Brown – para a banda encaixar a sua performance especial de bis. Começando com "Won’t Get Fooled Again", a banda deixa o lado teatral para fora e apresenta um show de rock bastante sólido com a apresentação dos covers do "Who’s Next", de 1971, em uma homenagem ao outro projeto de Ópera Rock de Townshend que nunca saiu do papel.

O público aplaude, bate palmas e se solta mais no bis, como se tivessem se libertado – como a banda – dos elementos teatrais sérios do espetáculo para se entregar a uma verdadeira apresentação de rock. A seguinte, "Baba O’Riley", encanta o público e o deixa insanos, cantando a plenos pulmões e dividindo o protagonismo com Brown. A apresentação é memorável e bastante digna da admiração dos fãs com o The Who.

Outra belíssima apresentação do bis vem em seguida, já com a semi-balada "Behind Blue Eyes". Tocada ao estilo The Who, a música solta suspiros no seu início, de um público apaixonado, e contrasta com a violência das guitarras no seu final, bastante digno.
Apesar da confusão grande de gêneros – que parece ser bastante proposital, para criar um ritmo próprio e único para a apresentação no palco – o show entrega o prometido: uma performance séria, que respeita o legado de "Tommy" e do The Who, sem perder o dedo do seu diretor e idealizador.









Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A canção do Genesis que a banda evitava tocar ao vivo, de acordo com Phil Collins
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
As 10 melhores músicas da fase progressiva do Genesis segundo leitores da revista Prog
Festival Sonic Temple anuncia 140 shows em 5 palcos para 2026
Tecladista anuncia que o Faith No More não volta mais
Rick Rubin elege o maior guitarrista de todos os tempos; "ele encontrou uma nova linguagem"
Axl Rose é criticado por sua voz após Guns N' Roses homenagear Ozzy com cover no Brasil
O álbum do Rush que Geddy Lee disse ser "impossível de gostar"
Produtor brasileiro que vive nos EUA critica novo tributo a Andre Matos
Como "Welcome To The Jungle", do Guns N' Roses, soaria se gravada pelo Sepultura?
A pior música do melhor disco do Kiss, segundo o Heavy Consequence; "Péssima"
Os guitarristas que Ozzy Osbourne achava "friamente perfeitos demais" para gostar
Kirk Hammett cita os fatores que impediram o Exodus de ser maior
Novo disco do Megadeth pode ter cover do Metallica - e a pista veio de Mustaine
Bryan Adams fará shows no Brasil em março de 2026; confira datas, locais e preços


A banda de rock clássico que mudou a vida de Eddie Vedder de vez; "alma, rebeldia, agressão"
Pete Townshend conta como (e por que) começou a quebrar guitarras no palco com o The Who
O baixista lendário que Paul McCartney nunca quis ser; correr por correr envelhece rápido
Geddy Lee elege o maior álbum de todos os tempos; "Grandes composições, grandes performances"
A maior banda ao vivo de todos os tempos, segundo Eddie Vedder do Pearl Jam
O dia em que John Bonham se escondeu de Keith Moon para não passar vergonha
Elton John escolhe os três maiores frontmen da história do rock
A banda que tocava música pesada antes do Purple, Sabbath e Zeppelin, conforme Ian Paice
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista


