Deep Purple: gênios musicais com bom gosto único pra compor e tocar
Resenha - Deep Purple (Allianz Parque, 13/12/2017)
Por Rogerio Hamam
Postado em 14 de dezembro de 2017
Nota: 9
Antes de tudo, vale gastar algumas linhas com o óbvio, para lembrar que estamos falando de meninos na faixa dos 70 anos, com praticamente meio século de estrada e que ainda conseguem gravar novos álbuns com incrível competência e qualidade, lotando arenas e estádios como se estivessem no auge da carreira. Talvez seja a banda que define com mais precisão o conceito de classic rock, verdadeiros lordes, gênios musicais com bom gosto único pra compor e tocar. Agora sim, podemos falar do show de "despedida" . . .
Foi a sexta oportunidade que tive para assistir a um show do Deep Purple, mas pela primeira vez em uma arena para dezenas de milhares de pessoas. Até por já ter ouvido algumas vezes seus principais clássicos ao vivo, ficou uma pontinha de decepção a decisão da banda de não incluir no setlist algumas das excelentes músicas do último álbum, como "Time For Bedlam" e "All I Got Is You".
Mas essa pequena frustração foi embora de imediato, logo nos primeiros acordes de "Highway Star". Como é incrível ver Gillan, Glover e Paice tocando o clássico que abre o marcante álbum de 1972, que é praticamente uma aula de rock, hard rock e heavy metal, ao mesmo tempo! Seria uma imensa covardia esperar que Gillan repetisse os mesmos agudos de 45 anos atrás, mas impressiona como ele usa seus atuais recursos vocais para cantar e encantar. Também parece redundante mencionar o acerto na escolha de Airey e Morse como substitutos da formação clássica, hoje parece até que são eles os músicos originais.
Com "Pictures Of Home", mais um pouco de "Machine Head", que foi executado praticamente na íntegra. Foi a vez de "Bloodsucker", que exigiu muito de Gillan, e, embora não seja inédita em nossas terras, não é uma música habitual em seu setlist de shows. Como não pular e cantar junto "Strange Kind Of Woman"? Ao vivo é ainda mais empolgante! Momento de homenagem a Jon Lord, com "Uncommon Man", do penúltimo álbum. Pode parecer piegas, mas achei que faltou alguma imagem projetada no telão desse célebre tecladista. Depois de uma longa e bonita introdução instrumental, foi a vez de "Lazy" que antecedeu a única música de "Infinite" que fez parte do setlist, a bela "Birds Of Prey".
A partir daí, ficou a torcida para que o show não acabasse nunca, enquanto tocavam "Knocking At Your Back Door", "Perfect Strangers" e "Space Truckin´". Preciso mesmo comentar do efeito de "Smoke On The Water" na plateia? Então vou falar dos músicos que já devem ter tocada esse hino milhares e milhares de vezes e ainda assim, parecem principiantes ao perceber a energia do público. Momento mágico!
Chegou a hora do bis, e a empolgação permaneceu a mesma com "Hush" e com "Black Night" que encerrou a apresentação de forma brilhante. Ian Paice? Dos maiores bateristas de todos os tempos! Roger Glover? Parece o centro de tudo e quem conduz a banda como um maestro. Steve Morse? Faltam palavras, um monstro! Don Airey? Só tinha ele o mundo para ocupar o lugar de Jon Lord. Ian Gillan? Parece aquele jogador velocista que com mais de 30 resolve recuar ao meio campo para ajudar o time, sem perder sua categoria e ainda mantendo-se um craque.
Sinceramente ficarei feliz se tiver sido "enganado" por um golpe de marketing e que a tour de despedida, seja mais uma daquelas que os músicos se arrependem e retomam normalmente a carreira. A sensação que ficou é que mesmo se assistir a um show deles em 2030, muito pouco seria alterado no texto acima.
Setlist:
Highway Star
Pictures Of Home
Bloodsucker
Strange Kind Of Woman
Uncommon Man
Lazy
Birds Of Prey
Knocking At Your Back Door
Perfect Strangers
Space Truckin´
Smoke On The Water
Encore:
Hush
Black Night
Comente: Esteve no show? Como foi?
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps