Sweden Rock Festival 2017: Fotos e resenha do festival
Resenha - Sweden Rock Festival 2017 (Solvesbörg, Suécia, 07 a 10/06/2017)
Por Jayme Alexandre de Lima
Postado em 17 de setembro de 2017
A 26a edição do Sweden Rock Festival aconteceu nos dias 7, 8, 9 e 10 de junho, em Solvesbörg. Neste ano faltaram nomes de peso do Thrash Metal e do Southern Rock, mas em compensação foi um dos melhores line-ups de todos os tempos em termos de Heavy Metal e Hard Rock, com lendas como Running Wild, Scorpions, Aerosmith, Venom, Metal Church, Ratt, Candlemass e Picture, além de surpresas inacreditáveis como as ressurreições do Great King Rat e do Artch!
Além dos 5 palcos e de dezenas de opções de alimentação, a estrutura de 2017 contou com uma arquibancada entre os dois palcos maiores. Os caras realmente se preocupam com o bem estar das pessoas que participam do evento... seguranças oferecem água para as pessoas nas primeiras filas dos shows e em dias de sol membros da organização circulam oferecendo protetor solar gratuitamente. Que exemplo!
A única coisa que estraga a festa é a chuva e esse ano estava previsto chover TODOS os dias do festival...
DIA 1:
O warm-up começou com um competente tributo ao Led Zeppelin sob um solzinho tímido e muito frio. Na sequência foi a vez dos suecos do ART NATION com seu bom hard melódico, exatamente na mesma linha de Eclipse e HEAT, porém com menos talento. Aliás, é interessante o impacto dessas duas bandas na cena hard rock atual. Gostem ou não, eles criaram um estilo bem particular que tem angariado cada vez mais fãs e bandas representantes, caracterizado por uma pegada moderna e cheia de energia, vocais limpos, produções impecáveis e refrãos muito melódicos, repletos de backing vocals, que grudam na cabeça logo na primeira audição. Podemos dizer que HEAT e Eclipse criaram a New Wave of Swedish Hard Rock. Particularmente, acho que não se comparam com as lendárias bandas dos anos 80, com toda sua malícia e criatividade, mas é legal ver a renovação competente do estilo fazendo a alegria de muitos fãs!
A abertura do show ficou com "One Nation". A qualidade do som da bateria surpreendeu! Os fãs curtiram a sequência com "Alive", mas o maior destaque do show foi "Need You To Understand", música de trabalho de seu debut de 2015 "Revolution".
Fomos conferir o Rock'n'Roll animado e descompromissado das meninas do HEAVY TIGER! A intro ficou por conta de "Riff Raff" do AC/DC e, com roupas retrô muito brilhantes, calças boca de sino inspiradas no célebre seriado "As Panteras", o power trio de Estocolmo começou com tudo com "Saigon Kiss" que serviu para mostrar toda a atitude da banda no palco! A guitarrista e vocalista Maja Linn parece filha da Joan Jett! Aliás, as músicas tem tudo a ver com The Runaways! A banda, que acabou de lançar seu segundo álbum ("Glitter"), promete alçar voos altos no show business. Talento e carisma para isso elas tem...
Os canadenses do HELIX substituíram o Y&T de última hora e fizeram um excelente show no Sweden Stage! A voz de Brian Vollmer não tem a mesma potência, mas isto foi compensado pela consistência da banda no palco! A abertura com o clássico de 1985 "Long Way To Heaven" ajudou a espantar o frio e o show seguiu com os clássicos obrigatórios como "Feel The Fire", "Wild In The Streets" e "Rock You", além de uma bela jam de baixo e batera. Mas a emoção tomou mesmo conta com a forte power ballad "Deep Cuts The Knife", que não era executada já há algum tempo. Showzásso!
O frio já estava pegando e para piorar a chuva começou a cair forte... Mas BLACK STAR RIDERS iria começar o show de encerramento do warm-up e não tinha como perder. Os ex-Thin-Lizzy se apresentaram para um público muito menor do que o de costume para um headliner, certamente por conta das péssimas condições climáticas, mas entregaram um espetáculo de alto nível como era de se esperar! Entraram com a excelente "All Hell Breaks Loose", homônima do álbum de estreia de 2013, seguida pela nova "Heavy Fire! Os caras decidiram se estabelecer como banda e não como um estelar Thin Lizzy cover com o guitarrista Scott Gorham, que integrou a banda de Phil Lynott de 74 até o fim, e o excelente Rick Warwick nos vocais e guitarra. Por conta disto, a única música do Thin Lizzy executada foi o hino "The Boys Are Back In Town". Também tocaram "Whiskey In The Jar", que, ao contrário do que alguns pensam, não é do Thin Lizzy. Valeu o frio, valeu a chuva! Estávamos devidamente "aquecidos" para o festivallen!
DIA 2:
O dia amanheceu frio e com uma garoa chata. Nem deu tempo de secar a calça, mas já precisávamos voltar à terra sagrada porque esse era o dia mais esperado desta edição do SRF, afinal veríamos Great King Rat, o que nem em sonho poderíamos imaginar ser possível, e Fates Warning, que está entre as top 10 da vida!
Chegando na área do festival, dei uma rápida conferida no southern bem puxado para o country da STACEY COLLINS, mas logo fui para o Rock Stage, pois dentro de instantes começaria o GREAT KING RAT!
A banda formada em 1989 em Estocolmo por Leif Sundin (vocal, John Norum e MSG), Pontus Norgren (guitarra, Hammerfall, The Poodles, Talisman e Humanimal), Anders Fästader (guitarra, John Norum), Thomas Broman (bateria, Eletric Boys) e Mikael Höglund (baixo, Thunder, Audiovision e Alfonzetti) lançou um dos melhores debut da história do hard rock em 1992! O álbum homônimo traz 11 composições de altíssimo nível, que algumas vezes lembram Mr. Big pelo timbre do vocal e pelo virtuosismo na medida dos músicos. Logo após o lançamento, a banda se separou e sete anos depois se reuniu novamente para lançar seu segundo álbum, o igualmente fantástico "Out of the Can".
O que estávamos prestes a testemunhar era a ressurreição do grupo, 18 anos após o último lançamento! Foi uma surpresa a organização colocá-los no segundo maior palco do festival e, mais surpreendente ainda foi o público comparecer em peso em pleno meio-dia, horário do café da manhã da galera que acampa.
E, com um belo backdrop branco com o logo da banda, os PA's iniciaram a execução do clássico do The Who "Won't Get Fooled Again", anunciando o início da apresentação. Mandaram "Woman In Love", seguida pela super alto-astral "Good Times". A banda estava absurdamente coesa e parecia que nunca tinham parado de tocar juntos! Leif, que estava com um visual à lá Paul Rodgers parecia um pouco tímido no palco, mas absolutamente nada que comprometesse a performance. O show seguiu com uma energia incrível e os destaques ficam para "Take Me Back", a melhor música dos caras, e para a inspiradíssima power ballad carregada de blues "Be My Friend"! PQP, que música! Aqui a banda mostra fortes influências de Deep Purple, lembrando "When A Blind Man Cries". Literalmente, de arrepiar...
E assim, em um piscar de olhos, passaram sessenta minutos de um concerto que vai ficar na memória e que só não foi perfeito porque faltou a excelente "Don't Stop Believin'"... Quem sabe em uma próxima, já que é bem provável que o GKR volte à ativa! Inclusive, o show foi filmado profissionalmente e um DVD da apresentação deve sair em breve. Dedos cruzados!
Eis que tivemos que fazer mais uma escolha complicada... Hardline x Iced Earth? Escolhemos o HARDLINE, já que seria um show de comemoração dos 25 anos do clássico absoluto "Double Eclipse".
A abertura com a nova "Where Will We Go From Here" já mostrou que Gioelli, como sempre, estava cantando demais e com sua típica energia absurda no palco! Antes de começarem "Take Me Down", o vocalista anunciou que estavam celebrando o vigésimo quinto aniversário do álbum clássico da banda e brincou que na data do lançamento o tecladista Alessandro Del Vecchio era apenas um pequeno garoto. Na sequência a ótima "Dr. Love" incendiou, emendada pela balada que dá nome ao último album, "Human Nature". Daí Gioelli avisou que aquele era o momento em que o show ficaria mais emocional, dando uma bem-humorada carteirada - "esse é meu show, então eu posso falar o quanto quiser!. Foi quando chamou sua filha Katie (que estava completando 21 anos) para o palco e brincou: "se ela tem 21, então eu tenho 35!", antes de dizer que ela era o maior sucesso de sua vida, durante um apaixonado discurso paternal para anunciar "Take You Home", outra balada nova que conta com desnecessárias passagens vocais executadas por Alessandro. O balde de água fria foi completado por mais uma balada nova (!!!), "Trapped In Muddy Waters".
"Life's A Bitch" e a excepcional "Fever Dreams", uma das melhores músicas do estilo lançadas neste milênio, animaram um pouco as coisas novamente, até que Gioelli novamente fez um discurso emocionado lembrando um momento na década de 90 em que disse ao seu pai que ele estava muito preocupado porque não sabia o que escrever, que olhava a folha em branco e não sabia o que fazer. Então o pai lhe aconselhou a manter seus sonhos e deixar tudo nas mãos do tempo... foi a deixa para anunciar outra balada (!!!), "In The Hands of Time"... e o show seguiu nesse sobe e desce que não caiu nada bem. Outra coisa que prejudicou muito foi o baixo volume da guitarra e a falta de pegada de Josh Ramos, a versão hard rock de Carlinhos Brown.
O final veio salvar a apresentação com as obrigatórias "Everything", "Hot Cherrie" e "Rhythm From A Red Car".
Chegava a hora de outro show bastante comemorado: DORO PESCH'S WARLOCK, que não foi anunciado simplesmente como WARLOCK possivelmente por ter um apelo maior com o nome da carismática vocalista.
A saudosa banda que a rainha do metal integrou até seu encerramento no final da década de 80, deixou quatro álbuns cultuados por metalheads em todo o mundo, sendo que o último, "Triumph And Agony", está completando 30 anos em 2017 e seria executado na íntegra neste show, que também contou com o guitarrista que gravou o play, Tommy Bolan.
Começaram com tudo mandando "Touch Of Evil"! É um absurdo o carisma dessa mulher... Ela canta sorrindo o tempo todo, mesmo estando mais do que habituada a se apresentar para grandes plateias, especialmente na Europa. E nessa hora São Rock operou mais um milagre e trouxe o sol para o festival! Era o que faltava para ficar tudo perfeito... E os clássicos foram sendo executados um após o outro fazendo o público ir à loucura!
"All We Are", que sempre está no set da banda solo de Doro, fez todo mundo cantar junto, e alguns lados B como a pesada "Earthshaker Rock" do álbum "Hellbound" empolgou os metaleiros das antigas. Isso é Heavy Metal na essência! Também mandaram "True As Steel", música que dá nome ao álbum cuja turnê passou pela primeira vez pela Suécia e o fechamento veio com o clássico "Breaking The Law" do Judas Priest que a musa gravou em parceria com Udo Dirkschneider. Showzásso!
Chegava o momento que para alguns era o mais esperado do festival... Conferir o FATES WARNING na tour da obra-prima "Theories of Flight", lançada ano passado! Infelizmente a banda teria um set de apenas uma hora, o que é muito pouco considerando a extensa discografia desta que é uma das "big three" do Prog Metal, ao lado de Queensryche e Dream Theater.
O baixista Joey Vera não pôde estar com o grupo nesta apresentação devido a compromissos familiares, e foi substituído pelo membro fundador Joe DiBiase. Na guitarra, além do principal compositor Jim Matheos, estava o músico contratado Michael Abdow, que segurou bem a bronca em substituir Frank Aresti, ausente das turnês já há alguns anos.
Antes de falar sobre o show, vale uma nota sobre este último álbum. Os veteranos, que estão na ativa desde 1982, simplesmente acabaram de lançar um dos seus melhores álbuns (para mim, apenas atrás do clássico absoluto "Parallels" de 1991)! Conseguiram chegar a uma combinação perfeita de técnica, peso, criatividade, feeling e melodia, que faz com que se descubra novas nuances e sentimentos nas músicas a cada audição. Se você leitor ainda não conferiu, não perca mais tempo e vá ouvir "Theories of Flight" agora mesmo!
Voltando ao show, infelizmente o Alter Bridge estava tocando no palco principal na mesma hora, o que certamente tirou muita gente da apresentação do Fates Warning. Com um belo backdrop com a capa de "Theories of Flight", o experiente baterista Bobby Jarzombeck se posiciona (descalço!) atrás do seu kit, sendo seguido por Matheos, DiBiase e Abdow, que introduzem a faixa que abre o novo disco, "From The Rooftops". Em seguida emendam a emocionante "Life In Still Water" já fazendo alguns fãs irem às lágrimas... Sem pausa para respirar mandam a super energética "One", com seu refrão levanta-defunto e a intricada "A Pleasant Shade of Gray - Part III", enquanto os cerca de apenas duzentos presentes assimilam boquiabertos o peso absurdo que Bobby traz às composições. Mark Zonder, o antigo batera, sem dúvida é um dos mais técnicos e criativos do mundo, mas Bobby conseguiu ocupar o posto com muita personalidade.
Chega o momento tão esperado em que Ray Alder anuncia outras músicas novas, e a primeira é o hit "Seven Stars", com seu refrão contagiante! É um absurdo o que esse cara está cantando! Que voz! Que feeling! A irretocável "SOS" veio pegando carona para não deixar o público esfriar, seguida de "Firefly", principal composição do álbum anterior "Darkness In A Different Light".
Já com o público totalmente ganho, a saideira veio recheada de clássicos! "The Eleventh Hour", "Point of View", "A Pleasant Shade of Gray - part XI" e "Monument" fecharam com chave de ouro uma apresentação curta mas perfeita, que viria a ser o melhor show do Sweden Rock Festival 2017 para este que vos escreve.
Ficou aquele gosto de quero mais, com a expectativa que essa tour passe aqui pelo Brasil.
Ainda deu tempo de conferir algumas músicas do ALTER BRIDGE, que a cada ano ganha mais fãs pelo mundo. "Open Your Eyes", a pesada "Metallingus", a nova "Show Me A Leader" e "Rise Today" mostraram que este também deve ter sido um excelente show dessa banda que é um exemplo de como renovar o Metal com qualidade!
O encerramento do dia ficou por conta das lendas vivas do AEROSMITH, que estão em sua turnê de despedida "Aero-Vederci". O show começou com uma bela retrospectiva da banda no telão, ao som de "Carmina Burana" seguida de "Let The Music Do The Talking" (com Steven Tyler atravessando sua entrada). Por falar no vocalista, Tyler é um dos maiores frontmen da história da música e ponto final! Aos 69 anos, o cantor ainda esbanja energia e talento... E Joe Perry, com seu esquisito bigodinho cortado ao meio, também está muito bem!
O show foi exatamente aquilo que os fãs esperam, com todos os hits como "Cryin'", "Living On The Edge", "Love In An Elevator", "Back In The Saddle", etc... São tantas músicas que se tornaram clássicos que fica difícil citar algum destaque. Testemunhar estes talentosos senhores dizendo adeus faz, mais uma vez, cair a ficha que nossos grandes ídolos, caras que participaram da criação de um estilo de vida, estão inevitavelmente saindo de cena e isso torna ainda mais especial cada oportunidade que nós, fãs, temos de vê-los em ação. Resta torcer para que a nova geração de bandas preencha os enormes vazios deixados por nomes como Black Sabbath, Twisted Sister e, provavelmente em um futuro breve, por KISS e AC/DC.
DIA 3:
Finalmente, um dia que amanheceu ensolarado, o que dá um ânimo extra na hora de pular da cama! Durante o SRF dormimos cerca de 3 a 4 horas por noite e passamos o dia todo, umas 15 horas, em pé, pulando, andando, correndo... Ou seja, é um desgaste físico considerável.
O dia começa com uma belíssima apresentação dos veteranos do WISHBONE ASH com seu irrepreensível classic rock, executado com maestria! A abertura ficou por conta de "The King Will Come", do aclamado "Argus" de 1972.
A banda liderada pelo guitarrista e vocalista Andy Powell estava afiadíssima e se divertindo muito no palco! Os famosos duetos de guitarra, acompanhados de uma cozinha muito precisa estamparam sorrisos nos rostos dos fãs... Essa foi a primeira apresentação do guitarrista Mark Abrahams com o Wishbone Ash, mas mesmo assim ele se mostrou bem a vontade.
O set foi um desfile composições com longas e inspiradas passagens instrumentais, calcadas no mais classudo blues. A épica e progressiva "Phoenix" gerou catarse coletiva e foi acompanhada de clássicos como "Warrior" e "Throw Down The Sword". O encerramento veio com a ótima "Blowin' Free".
Tendo mais uma escolha difícil a ser feita entre MUSTASCH e Picture, decidi ver os suecos, já que o Picture irá se apresentar no Brasil ainda este ano.
O Mustasch é outro excelente exemplo de como renovar o Rock com competência, personalidade e talento, e essa fórmula vem dando resultado, já que é visível o crescimento de sua base de fãs.
Foi a primeira vez da banda tocando no palco principal, que trazia ao fundo uma imensa placa metálica com o logo da banda. Os caras começaram com o pé na porta com seu maior hit, a pesada "Double Nature" de 2007, seguida de "Black City" e "Feared and Hated"! Enquanto o caos estava instalado no palco com a sequência matadora, o baixista Stam Johansson caminhava calmamente com o semblante mais tranquilo do mundo, como se estivesse tocando em um show do Elton John!
A intro eletrônica anunciava outra pedrada, "Borderline". As músicas dos caras tem em comum a energia e os riffs vigorosos muito marcantes assinados pelo carismático líder, o vocalista e guitarrista Ralf Gyllenhammar. Interessante os caras não tocarem nenhuma do último disco, "Testosterone" de 2015. Uma decisão acertada, já que o álbum é muito fraco, destoando do restante da discografia da banda.
Mais para o final do show, mandaram uma parte do clássico absoluto "Black Sabbath", cantado em sueco, que foi emendado com a excelente "I Hunt Alone", fechando mais uma belíssima apresentação desses caras que estão trazendo novos ares para o Heavy Metal!
Corri para pegar a última música do PICTURE, o super clássico "Lady Lightning", do cultuado "Diamond Dreamer" de 1982!
De lá, fomos assistir os americanos do KIX! A abertura veio com "Girl Money" com a qual o vocal Steve Whiteman mostrou ainda esbanjar energia e carisma. Após agradecer o público, brincou que nos EUA quando alguém diz "obrigado" deve-se responder "de nada", fazendo todo mundo entrar na brincadeira e gritar "you are welcome!" repetidas vezes. Destaques para a bela balada "Don't Close Your Eyes" e para "Blow My Fuse", o maior sucesso do grupo!
Com a execução de um medley com trechos de "Sister Moon", "Lift U Up" e "Anytime, Anywhere" no som mecânico do palco principal, o GOTTHARD entrou em cena mandando a nova "Silver River", seguida de "Eletrified", sequência que abre o último disco lançado este ano! Deu para perceber que o vocal Nic Maeder está muito mais a vontade na função, embora seja impossível não sentir muita falta do saudoso Steve Lee, um dos mais talentosos frontmen da história, falecido em um acidente em 2010.
A banda que está comemorando 25 anos de estrada, toca o clássico "Hush", do compositor americano Joe South, eternizado pelo Deep Purple, para então emplacar mais uma nova, a boa "Stay With Me".
Eis que a capa do "Dial Hard" aparece no telão dando lugar à excelente "Mountain Mama", em que o guitarrista Leo Leoni e companhia parecem se divertir muito! Uma confusão fez com que a banda anunciasse "Remember It's Me", aparecendo uma estrela com o nome da música no telão, mas na verdade mandaram antes "Feel What I Feel".
Após "Sister Moon" e "What You Get" (outra da nova fase), sons de batidas cardíacas ecoaram dos PA's, junto com a exibição de imagens de Steve Lee. Foi quando aconteceu o momento mais emocionante do festival, a execução da linda "Heaven", com a voz do falecido vocalista... Impossível conter as lágrimas nessa belíssima homenagem.
Um duelinho desnecessário de guitarra antecedeu a empolgante "Top Of The World"! Que refrão fantástico dessa música! O final desse ótimo show veio com a pula-pula "Lift U Up", "Anytime, Anywhere", o cover dos Beatles "Come Together" e a animada "All We Are"! As músicas da fase com Nic são boas, mas não se comparam com as antigas e por isso o repertório podia ter sido melhor elaborado com mais músicas do "Lipservice" e outros álbuns dos anos 90 e 2000 .
Do melodic hard rock para o mais essencial heavy metal! Era a hora de assistirmos à aula do METAL CHURCH com o encapetado Mike Howe de volta aos vocais!
A abertura veio com a fenomenal "Fake Healer", que abre o cultuado "Blessing In Disguise" de 89. Esta música, que é uma das melhores para se abrir um show, foi recentemente regravada tendo a participação de Todd La Torre nos vocais.
O rolo compressor seguiu com "In Mourning", "Needle and Suture" e o clássico "Start The Fire"! A banda, que também contava com o batera Stet Howland (WASP, Lita Ford) no lugar de Jeff Plate, estava impecável e o chefão Kurdt Vanderhoof visivelmente feliz por estar ali!
Mike Howe no palco é um show à parte! O cara interpreta todas as músicas, corre de um lado pro outro, pula, interage com a plateia, faz caras e bocas e acima de tudo canta muito!
A festa seguiu com pérolas como "Watch The Children Pray" sendo cantada em uníssono, além da surpresa "No Friend Of Mine". O gran finale veio com Badlands. Faltou apenas "Metal Church", mas independente disso, foi mesmo uma aula de Heavy Metal! Simplesmente demolidor!
Os veteranos do LUCIFER'S FRIEND voltavam ao festival após uma apresentação histórica em 2015, que resultou no cd "Live @ Sweden Rock Festival". Desta vez, a banda liderada pelo talentoso vocalista John Lawton, mais conhecido pela suas passagens pelo Uriah Heep, divulgava seu mais novo trabalho, o ótimo "Too Late to Hate".
A abertura veio com "Pray", uma das quatro faixas inéditas da coletânea "Awakening" de 2015, seguida de "Fire & Rain". O ponto alto do show, como esperado, foi o clássico "Ride The Sky", do debut de 1970. Um belo show com um repertório calcado no típico classic rock setentista.
O RATT fez jus à toda expectativa que havia em torno desse show! A banda que acabou de vencer uma turbulenta disputa judicial com o ex-baterista Boby Blotzer pelo direito ao uso do nome, colocou todo mundo pra dançar e cantar com seu repertório repleto de grandes clássicos do hard rock!
Stephen Pearcy com seu tradicional soco inglês em punho, iniciou a festa com "Wanted Man" e de cara já deu para perceber a satisfação que os caras estavam por tocar naquela bela noite ensolarada (!) sueca!
A formação completada pelos guitar heroes Warren DeMartini e Carlos Cavazo, Juan Croucier no baixo e o experiente Jimmy DeGrasso na bateria mandou todos os grandes clássicos com uma pegada renovada, como "You Think You're Tough", "Lovin' You's A Dirty Job", "Lay It Down", "You're In Love", etc... Um set impecável para deleite dos fãs! Jimmy DeGrasso estava sobrando na bateria e deu ainda mais peso ao set. O encerramento trouxe as obrigatórias "Back For More", que dessa vez não contou com a tradicional coreografia puxada por Croucier, e "Round and Round"! Sem dúvida, esse foi um dos melhores shows da edição deste ano! Não adianta, as bandas de hard rock americanas dos anos 80 tem algo especial... A energia, as composições, o visual... É um conjunto de ingredientes únicos que compõem as músicas eternas dessa turma que viveu a fase de ouro do hard rock!
O telão do palco principal com imagens da Crazy World Tour anunciava que chegara a hora de assistir os headliners da noite: SCORPIONS! Com uma produção absurda, o ícone do hard rock alemão fez mais um show impecável, passando pela imensa quantidade de hits lançados ao longo dos mais de 50 anos de carreira. O batera Mikkey Dee já está totalmente integrado ao time e estava esbanjando felicidade por tocar em casa! Já o "menino" Rudolf Schenker parece que ganha mais vigor a cada ano que passa... Corre de um lado para o outro, pula, canta, agita o público sem parar! Impressionante... E ver os caras tocando o clássico "Speedy's Coming" em uma clara noite sueca, iluminada por uma bela lua cheia será um momento que não sairá da minha memória tão cedo... Klaus Meine, que parecia estar gripado, estava com a voz um pouco fraca, mas nada que comprometesse. A execução de "Overkill" do Motörhead, com imagens do saudoso Lemmy no telão foi de arrepiar e "Blackout", com Schenker usando sua guitarra com escapamento esfumaçante, fez todo mundo bangear como se não houvesse amanhã! E falem o que quiser, mas "Big City Nights" é um baita hino do Rock! O bis, veio com a acelerada "Coming Home", a emocionante "Still Loving You" e o mega hit "Rock You Like Hurricane"!
Como se não bastasse, a madrugada ainda nos brindaria com um dos shows mais esperados do festival... Os piratas do RUNNING WILD estavam prontos para botar fogo no Sweden Rock!
Ao som de "Rock'n'Roll All Nite", um dos maiores hinos da história, o legendário guitarrista e vocalista Rolf "Rock'n'Rolf" Kasparek e seus marujos entraram em cena com sua indumentária característica. Dezenas de ensurdecedoras explosões anunciaram a abertura com a paulada "Fistful of Dynamite"! A primeira fila estava repleta de ardorosos fãs com lágrimas nos olhos, que foram presenteados com uma apresentação irretocável, uma produção de tirar o fôlego e um set list que passou por todas as fases da banda.
Com sua chamativa guitarra dourada, Rock'n'Rolf comandou a embarcação do metal com riffs cheios de energia e solos empolgantes como o que abre "Lead or Gold"! E o público acompanhou a pilhagem cantando os hinos a plenos pulmões. O encerramento do terceiro dia não poderia ter sido melhor...
DIA 4:
O último dia amanheceu nublado, mas felizmente sem previsão de chuva. Como era de se esperar o cansaço era enorme... Mas saber que depois deste dia teríamos que esperar mais um ano para estar na terra sagrada, sempre nos dá uma energia extra para seguir a maratona.
O primeiro show ficou por conta dos finlandeses do AMORPHIS, que começou a carreira como um grupo de death metal, mas que aos poucos foi mudando sua sonoridade ao adicionar elementos épicos e progressivos ao seu som. A abertura foi com a ótima "Under The Red Cloud"! É impressionante como basta uma música que "te pegue" para o cansaço desaparecer por completo! A ótima apresentação teve como destaque um hit da década de 90, "Black Winter Day" e "House of Sleep". O curioso é que a banda terminou seu set 5 minutos antes do previsto, algo bem incomum no SFR.
Deu tempo de dar uma rápida conferida no ELETRIC BOYS, antes de nos posicionarmos para o magnífico show do THUNDER que aconteceria no palco principal!
A banda inglesa que recentemente lançou "Wonder Days" e "Rip It Up", dois discos inspiradíssimos que certamente figuram entre os melhores de sua profícua carreira, entrou em cena com "Thunderstruck", hino do AC/DC no som mecânico.
De cara já mandaram uma das minhas preferidas, "Wonder Days", faixa que dá nome ao álbum lançado em 2015. Que refrão fenomenal! Emendaram com a nova "Enemy Inside" e um dos maiores sucessos do grupo, a emocionante "River of Pain"! Sem dar tempo para recuperar o fôlego, mandaram a bela "Ressurrection Day". A essa altura já tinham o sorridente público nas mãos e continuaram o show com "Higher Ground" que ao vivo tem uma pegada absurda e que serviu para criar um interessante contraste com o bluesão "In Another Life"! Essa música foi uma grata surpresa no set... É a trilha sonora perfeita para se ouvir sentado, em uma sala à meia luz, acompanhado de uma dose de whisky... A forte letra ganha ainda mais força com o feeling e interpretação irretocável do carismático vocalista Danny Bowes e a marcação precisa e envolvente do baixo de Chris Childs! A subida no refrão arrepia tudo! Que p*ta música!
De uma nova para uma bem antiga, anunciaram "Backstreet Symphony" que lembra "New York Groove", eternizada por Ace Frehley! O excelente show encerrou com a balada inspirada "Don't Wait For Me", "Serpentine" e "I Love You More Than Rock'n'Roll" que fez todo mundo pular! Esse é um daqueles shows que podiam durar cinco horas e que só não foi perfeito pela ausência da magnífica "Love Walks In"...
Os criadores do Doom Metal, CANDLEMASS, fizeram um show que comemorou 30 anos de lançamento de seu maior sucesso, o álbum "Nightfall", que foi tocado na íntegra! Candlemass é sinônimo de peso e o versátil vocalista Mats Levén se mostrou muito a vontade à frente da banda. Além do álbum citado, ainda tocaram "Mirror Mirror", Dark Reflections", "Crystal Ball" e a cinzenta "Solitude".
Todas as nuvens se dissiparam e o sol se abriu para a apresentação do DARE no palco Rock! A banda liderada por Darren Wharton ainda conta com o genial guitarrista Vinny Burns. Com um ex-Thin Lizzy e um ex-TEN, não tem como a receita sair errada! E foi um show emocionante, com grandes composições de AOR com pitadas celtas, cujos pontos altos foram os clássicos de seus primeiros dois álbuns ("Out of The Silence" de 1988 e "Blod From Stone" de 1991) que sem dúvida são discografia obrigatória para quem gosta desse estilo. A cereja do bolo foi um cover sensacional de "Emerald" do Thin Lizzy.
De lá fomos para o ARTCH, mais um daqueles shows que só seria possível assistir no Sweden Rock. Assim como o Great King Rat, nem em sonho imaginaria ter a oportunidade de ver esses caras tocando ao vivo!
A banda que conta com apenas dois (irrepreensíveis) álbuns em sua discografia, se tornou um nome cultuado por metal heads mais experientes.
O rolo compressor começou com "Another Return to Church Hill" e já deu para perceber que estavam afiadíssimos! Cabeças quase saíram dos pescoços com a intensa "Metal Life" e "Shoot to Kill"! Uma avalanche de riffs, PQP! "Where I Go" foi de arrepiar... o vocal Erik Hawk não alcança as notas mais altas como no início dos anos 90, mas e daí!? Anunciaram uma música nova que ninguém tinha ouvido e na sequência o encerramento com a nervosa "Burn Down The Bridges"! Se você gosta de heavy metal tradicional com riffs cortantes, não perca mais tempo e pegue os álbuns do Artch! É uma tremenda injustiça essa banda nunca ter alcançado maior reconhecimento... Quem sabe ainda dá tempo de reparar isto!
Um imenso backdrop com dois pentagramas e a imagem do icônico bode diabólico da capa do clássico álbum "Black Metal" já preparava o terreno para o atropelo executado pelo VENOM, que trouxe as mais profundas dimensões do inferno às terras nórdicas!
A formação atual do power trio liderado pelo icônico baixista e vocalista Cronos é completada por La Rage (guitarra) e Dante (bateria). Há quem diga que o Venom inventou o Black Metal, mas na verdade a banda é o representante mais crú, brutal e diabólico da NWOBHM e que sem dúvida foi uma grande influência para o nascimento de diversas vertentes do metal, como por exemplo, o Thrash. O impacto que composições como "Black Metal", "Countess Bathory" e "Welcome To Hell" trouxeram à cena musical do início da década de 80 foi algo transformador!
E o show foi uma total destruição, para a alegria dos fãs old school ali presentes, que sonhavam há anos em ver seus ídolos. Todos os grandes clássicos foram executados com a fúria e peso de sempre... Os normalmente calmos suecos deixaram a adrenalina falar mais alto e saíram quebrando tudo em um insano mosh pit! Showzásso dessa lenda do metal! Agora, que erro do festival em colocá-los para tocar exatamente na mesma hora dos contemporâneos e conterrâneos do SAXON.
Para fechar a edição deste ano, fomos do inferno à "confeitaria", conferir os suecos do TREAT, que fizeram o melhor dos seus três shows que assisti no Sweden, com direito a fogos de artifício e tudo mais que uma grande produção pede!
A apresentação no festival em 2013 seria a despedida da banda, mas como tem sido recorrente nesse meio, eles "mudaram de ideia" quanto à aposentadoria. Ainda bem!
O show celebrava os 30 anos do ótimo "Dreamhunter", que teve sete de suas dez músicas tocadas, como "Sole Survivor", "Take Me On Your Wings" e a empolgante "World Of Promises".
Outros hits da década de 80 como "Get You On The Run" e "Conspiracy" dividiram o set com composições mais recentes como a ótima "Papertiger".
Provavelmente foi um dos maiores públicos do 4Sound Stage, que foi brindado com mais um excepcional show de hard rock na noite mais clara já vista no festival!
Obrigado São Rock por afastar a chuva nesses quatro dias... E que venha 2018!
Keep the fire burning!
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