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Roça 'n' Roll: "na ziqueira, na tosqueira, na Guerra é muito pior"

Resenha - Roça 'n' Roll - 19º Expedição (Varginha 15 a 17/06/2017)

Por Willba Dissidente
Postado em 26 de julho de 2017

Era uma festa de despedida, mas terminou por comemorar a continuidade. Foi a visita de Super Sayajin pelo Rock 'n' Roll. Também foi quando o ciclo do Metal se fechou em Varginha. Com clima beirando o glacial de tão de frio, foi uma viagem pelo tempo à idade Média com direito a visita de extraterrestres. Resumindo, foi a 19 expedição do Roça 'n' Roll.

Em 1992, o OVERDOSE veio divulgar seu então recém lançado disco "Circus of Death" em Varginha. Foi a primeira vez que uma banda de fora da cidade tocou no município. Nem o ET havia pintado por lá ainda. Na ocasião ninguém imaginava que aquela cidade no Sul de Minas Gerais sediaria um dos maiores e mais antigos festivais Open Air em atividade no Brasil. Tampouco se suporia que anos depois o próprio OVERDOSE, recém-reformulado, seria headliner do festival que rendeu a Varginha o título de "Varginha Rock City".

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Anunciado como a última edição do evento na Fazenda Estrela (a décima) por causa da construção de uma represa na região que faria a água imundar o local do festival, na semana da realização do Roça foi anunciado pelos responsáveis que a obra não afetaria as cercanias do show. Para comemorar, o Roça esse ano foi de três dias de festa. Os dois primeiros em locais roqueiros tradicionais de Varginha e o último o festival propriamente dito. Fica claro que o Roça in Roll quer ser tornar mais que somente um festival com 21 bandas tocando e na verdade quer ser um local, um point, um pico, um ponto de encontro e socialização de Headbangers. Nessa décima nona edição, além do pessoal de todo o estado de Minas Gerais, o público era formado por gente oriunda de São Paulo, Goias, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Vamos então tratar das atrações que fizeram a galera do Metal cortar o Brasil para participar dessa bienal de Headbangers que se tornou o Roça in Roll.

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Na quinta-feira, 15/07, dentro do projeto municipal Quinta da Boa Música, rolou show da banda de Blues Rock de Monsenhor Paulo RURAL WILLYS (que já tocaram na Fazenda Estrela) e depois show com o grupo de Hard Rock progressivo BLACK FOXXER no pub Jardim Elétrico. Na sexta feira, 16/07/, no Subsolo Music Bar tocaram o cover local de Jethro Tull chamado O TAL JETHRO, seguidos pelo Thrash Metal de lenhador do MOTOSSERRA TRUCK CLUB (banda conceituada na cidade) o tributo ao Motörhead com a banda MOTÖRVADER, de Pedro Leopoldo, cidade próxima de Belo Horizonte. Esses últimos dois shows tiveram participação de Willba Dissidente (mestre de cerimonias e radialista, ex- DIVINE WARRIOR) nos vocais. Muito mais do que um show que ocorre numa fazenda longe do centro, o Roça 'n' Roll chega tomando todos os espaços de Varginha onde se faz Rock Pesado e os preenchendo.

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RURAL WILLYS: Blues Rock gratuíto na Estação Ferroviária de Varginha. Foto: Saint Ives.

Falando em fazenda distante, é importante lembrar que uma das preocupações do festival é o acesso dos bangers que não vão de excursão ou não dispõe de meio próprio de locomoção. Há uma pareceria com empresa de ônibus Coutinho saindo de hora em hora (do meio-dia às 23) do centro de Varginha para o evento também voltando do evento das 18 até a finalização do mesmo. Definido pelo organizador e músico Bruno Maio como "de resistência e ideológico", o Roça se preocupa não só com o palco mas com ter coisas legais para os bangers fazer quando não gostarem da banda tocando, ou, por qualquer motivo, quiserem parar de ver show.

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Conheça o trabalho do caracturista Ender da Endersenhos:
https://pt-br.facebook.com/endersenhos

Existem um monte de banheiros químicos (o que evita filas), além de uma ampla gama de comidas (pizza, caldos, canjica, lanches e o tradicional Espetinho do Pernambuco de Varginha) e bebidas, com a tradicional distribuidora varginhense Espaço Livre (cerveja, vinho quente, choconhaque, quentão e batidas).

Conheça a Associação de Pintores com com a Boca e os Pés:
http://www.apbp.com.br/associacao/

Ainda há o lojão do Roça (com merchandise do festival e das bandas que se apresentaram), loja de cd's, Consulado do Rock com camisetas e acessórios, guarda-volume, as caricaturas do artista Varginhense Ender (da Endersenhos) e também a exposição de pinturas do artista Lucas Alves, da associação de Pintores com a Boca e os Pés. Se podemos fazer uma crítica é que a parte de venda de materiais e de comida se misturam, ficando um pouco confusa. Teria sido melhor fazê-las em áreas bem dividas.

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BLACK FOXXER: Hard Rock progressivo de Pouso Alegre abrindo o festival. Foto: Saint Ives.

Enfim, claro que existe toda a estrutura além da área de shows, mas são os shows, as performances ao vivo que levam o público, que os dão justificativa para vir ao evento. Então, vamos tratar deles. Antes de começar, contudo, antes é preciso explicar como funciona a dinâmica dos shows no Roça in Roll. São dois palcos principais, em que quando acaba show em começa imediatamente show no palco ao lado. Independente deles, há a Tenda Combate, responsabilidade do Programa Combate (o segmento de rádio FM mais antigo do sul de Minas Gerais dedicado ao Metal, no ar desde 2001), em que se apresentam artistas mais iniciantes. Esse ano, contudo, ficou provado que o menor tempo de estrada não fez com que as essas bandas fizessem shows menos empolgantes. É importante ressaltar que um headbanger pode assistir TODOS os shows inteiros dos palcos principais sem problemas, porém perderá momentos deles se resolver conferir o que está rolando na Tenda do Combate, que tem seu próprio tempo e não é sincronizada com o restante do festival.

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Abrindo então os shows do Roça 'n' Roll tivemos o grupo local INCURSE. A proposta do Power Trio é fazer Death Metal com influências do Groove mais atual. O conjunto formado por músicos que fazem cover de SYSTEM OF A DOWN e SEPULTURA está divulgando seu material autoral, o EP de estréia "Hatred Nation", e, sendo a primeira banda, é aquela que toca que quando nem todo mundo chegou, ou quer ficar fora conversando; mas ainda assim, um trabalho promissor.

Terminou o som mais moderno, veio o Thrash, Crossover, HxCx do SURRA, e fazendo um trocadilho com o músicas da banda, uma verdadeira bica na cara do capitalismo em posições obscenas! Grupo antifa formado em 2012, o também power trio divulga o disco "Tamo na Merda" e fez um show enérgico e cheio de protestos, surpreendendo muitos dos presentes pela agressividade, vivacidade e atualidade das composições. Momento marcante no fim do show, quando duas garotas de Santa Catarina ficaram gritando #ForaTemer e o guitarrista Leoo respondeu #MorraTemer. Realmente, a aprovação do presidente golpista da república só faz cair!

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Foi durante o SURRA que começaram os shows da Tenda Combate. A primeira banda a se apresentar foi o CREMETÓRIO. Formado em 2015 na cidade de Divinópolis, esse grupo de Blackened Thrash Metal, assim como o IMMINENT DOOM do RJ, tem letras em português e som underground que unem o Thrash ao Black Metal. O grupo tocou com o background do UNTIL THE END ao fundo, e como as duas bandas tem vocalistas mulheres com voz gutural e praticam metal extremo, ainda que gêneros diferentes, houve quem confundisse as duas bandas. Entrementes, o CREMATÓRIO está divulgando sua primeira demo "Incineração Bestial", com destaque para a faixa "Headbangers de Satã".

Seguindo a pancadaria bruta e ininterrupta, vem outra banda de Thrash x Crossover nos palcos principais, o LOBOTOMIA. Também uma das bandas mais antigas no cast, desde 1984, o LOBOTOMIA divulga o full length "Desastre", lançado em 2016 e protagonizaram uma cena anedótica no festival. Parte do platéia ficou gritando "Max Cavalera" para o vocalista Edu Vudoo supondo uma semelhança deste com o frontman das bandas SEPULTURA e SOULFLY.

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Mais som infernal e bestial nos palcos do Roça in Roll. Ai veio o SCOURGE na terra onde o uder substituiu o taxi, Uberlândia, no triangulo mineiro. Ainda que só tenha lançado seu debut em 2010, o SCOURGE faz o Death Metal calcado no fim dos anos 80 e começo dos 90, que o power trio denomina como sendo Hate Metal. Ainda que esteja sem lançar discos desde 2013 o som do grupo agradou os guerreiros do metal negro que já estavam no festival.

No meio do show bruto do SCOURGE começou o Heavy Metal à la IRON MAIDEN, um pouco mais moderno, do APPLE SIN. Apresentados por Willba Dissidente, que faz participação especial no Programa Combate e à partir dai fez o Cerimonialismo na Tenda Combate, os quinteto de Barroso, MG, o quinteto fez seu show com participação especial do tecladista Philipe, para dar um clima, mas quem chama mesmo a atenção é o vocalista Patric com seu timbre incrivelmente semelhante ao de Bruce Dickinson! Muitas das pessoas que viam o Death Metal no palco principal vieram para a tenda, pois, para o gosto deles, "aqui está muito melhor". Os temas foram todos do disco auto-intitulado (que inclui regravações do EP) e agradaram muito. O APPLE SIN foi a primeira banda tradicional a se apresentar no Roça de 2017.

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Enquanto a tenda era preparada para o próximo show, cai a noit e sobe ao palco principal o ANEUROSE. Com seu Thrash Metal Groove, ou pula-pula, o grupo de Lavras e Varginha, que inclusive já fez tour pela Europa, atacou principalmente composições do seu segundo disco "Juggernaut", com algumas do anterior "From Hell". Com muita influência de LAMB OF GOD, sobressai-se o trampo de Kiko Ciociola, ex- EXPULSER, arrasando na bateria, além do virtuoso Tchurtis, ex- TRAY OF GIFT e MOTOSSERRA TRUCK CLUB, nas guitarras. Destaque do show por conta da música "To Lemmy", uma justa homenagem ao músico que após ser chutado HAWKWIND formou o MOTÖRHEAD.

Metal extremo dominando as primeiras horas do festival, pois chega à Tenda o grupo de Itaúna UNTIL THE END. Divulgando sua primeira demo "The Story Begins", de 2016, o quarteto que tem Bete Monteiro de frontwoman detonou no seu som groove técnico e coeso com longas passagens instrumentais, até com nuances progressivas, mas sem se esquecer da essência do Death / Thrash Metal. Um dos destaques do festival indubitavelmente. Há muitos músicos tocam com guitarras de sete e baixo de cinco cordas, mas pouco que realmente usam e esmiúçam toda a capacidade e possibilidade que a corda à mais dá aos instrumentos, como Wendel e Sérgio. A bateria de John Martins não fica atrás, sendo super criativa em preencher os espaços vazios do som; assim como os vocais guturais de Beto alcançam das notas mais graves às agudas; facetas e nuances essas que não ficaram tão perceptivos no único registro do grupo que é uma demo de duas músicas. Para terminar de arrebatar o público ainda incluiram bem sacados covers de METALLICA (Crepping Death) e SEPULTURA ("Arise" e "Troops of Doom").

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Ainda que sejam de Poços de Caldas, o sexteto LOTHLÖRYEN já bem conhecido de Varginha, com diversos shows pela cidade do ET, Roça in Roll inclusive. Ainda assim, a galera curtiu o Folk Metal também Power Melódico praticado pelo conjunto, que fizeram um set sem cair na mesmice; indo desde o aclamado "Of Bards and Madmen" até o mais recente "Principles of a Past Tomorrow". Com muita influência da mitologia de JRR Tolkien, os temas mais aclamados foram aqueles que remetiam ao mundo imaginário do autor inglês professor de Michael Moorcock, como "Hobbits' Song".

O grupo HEREGE, que tocaria na tenda, cancelou sua apresentação, pois o baixista Marcelo teve um inesperado compromisso profissional. Inoportunos fortuitos também geraram cancelamentos das bandas VALVERA e VENERAL SICKNESS, que tocariam nos palcos principais. Eram, agora, seis horas da tarde e ainda haveriam outras doze horas de festival. Porém, antes de tratar dos shows, vamos abordar os espaço que o Roça proporciona para a socialização do público. Além dos stands e exposições já citados o ORDO DRACONIS BELLI esteve presente com quinze membros caracterizados como cidadãos dos séculos VIII a XVI. Além de duas encenações de combate medievais com cinco ou seis batalhas cada, o grupo trouxe uma réplica de forja medieval para o evento. Esse equipamento só pode ser montado em espaço abertos, por conter um bujão de gás, reproduzindo o trabalho de um ferreiro medieval em tempo real; foi feita uma ponta de lança durante o evento (o trabalho é árduo e demorado). Além disso, os rocers puderam comprar vestidos, mantos, orelhas de elfo, pingentes de prata de inspiração medieval, e é claro, o produto mais vendido da noite: o hidromel! O grupo ainda trouxe uma arquearia com instrutor e um valor baixo para quem desejasse brincar de soltar flechas de verdade em alvos de prática.

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Conheça mais o Ordo Draconis Belli.
http://www.ordodraconisbelli.com/

Foi a segunda participação do ORDO DRACONIS BELLI no festival, que se apresenta, principalmente, em eventos ligados à cultura Medieval e Nórdica, ou de Folk Metal, mas também aceita convites para o levar a cultura européia de Idade Média para solenidades do mundo Metal e Rock em geral.

Voltando aos shows no Roça, a próxima banda a se apresentar foi o PROJECT 46. "Tacando o foda-se nessa porra", o deth core dos paulistas é bem popular entre o público jovem, que garantiu com sua juvelinidade as interações mais intensas entre palco e platéia do festival. Divulgando o disco "Que seja feita a nossa vontade" o único ponto ruim da apresentação, a terceira na cidade, foi uma demorada passagem de som que teve de ser feita às pressas após o show do LOTHLÖRYEN; sendo que no Roça quando uma banda toca, a outra passa o som para os shows não pararem. Sobrou para o mestre de cerimônias Ivanei Salgado (também radialista no Programa Combate) falar e falar e usar toda sua lábia e um pouco mais nos vinte minutos de atraso. Calejado e experiente de outras edições, o cerimonialista, com seu bom humor e piadas de cunho sexual tirou de letra a tarefa. Após a apresentação a banda atendeu os fãs para fotos e autógrafos.

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Chegado o momento de subir no palco a banda de casa, o show do TUATHA DE DANANN foi antecedido por um drone que sobrevoou a fazendo e chegou a descer à coisa de cinco metros do público. Impossíveis de se evitar comentários sobre a volta do ET de Varginha, nesse que foi o primeiro show do quinteto sem o guitarrista - vocalista Rodrigo Berne, sendo substituído por Júlio Cesar (que já havia segurado esse posto anteriormente). Abrindo com "Dance Of The Little Ones", um inicio inusitado, o set list
o membro original do Tuatha e organizador do Roça 'n' Roll Bruno Maia definiu o festival como "de resistência e ideológico". Ainda que só NÃO tenha tocado em duas edições do evento, o conjunto foi bem ovacionado e nem um problema técnico no som do baixo no começo da apresentação atrapalhou.

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Após o encerramento do Tuatha, veio o primeiro headliner da noite e único artista gringo a se apresentar na décima nova edição: MARTIN WALKYIER. Consagrado como o pai do Folk Metal, o TUATHA DE DANANN foi banda de apoio do inglês que ainda teve adições do guitarrista Churchis, do ANEUROSE, e da guitarrista inglesa Jacqui Taylor. Esquecendo-se o SABBAT, o set list do show foi quase todo composto pelos números mais preciosos do SKYCLAD e também do projeto paralelo do músico que tocou maquiado e caracterizado chamado THE CLAN DESTINED. Após o tradicional encerramento com o cover de "Emerald", do THIN LIZZY, o cantor de cabelos cacheados loiros surpreendeu os presentes puxando um coro de #ForaTemer.

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O ET não voltou a Varginha, mas quem esteve de volta foi a primeira banda de Metal a tocar na cidade, o OVERDOSE! Recentemente reformulado, o quinteto que iniciou o Heavy Metal em Minas Gerais foi apresentado por Willba Dissidente que enfatizou que se tratava da "melhor banda de Metal do século XX, no estilo que eles quisessem ser". E realmente quem esperava clássicos dos discos "You're Really Big" e "Addicted to Reality" se decepcionou, pois a banda está focada em tocar seus sons mais pesados, nitidamente como se estivesse na tour do seu último registro de estúdio "Scars", de 1996, com enfase também no anterior "Progress of Decadence", de 1994. Carismático, performático e bem humorado, o vocalista Pedro Bozo brincou sobre os problemas que se passavam com o amplificador do guitarrista original Claudio David: "é na ziqueira, na tosqueira, mas na guerra é muito pior". Um outro momento anedótico do show foi quando um grupo na grade do show começou a gritar "Hey, SEPULTURA, vai tomar no c*", e o vocalista ficou fazendo caretas dando a entender que concordava. Em se tratando de música, os fãs mais novos, ou que não conhecem a discografia do OVERDOSE parecem aprovar mais músicas como "Street Law", "Favela", e ficam meio que sem entender a mudança de estilo nos clássicos "Última Estrela" e "Anjos do Apocalipse". Em a "Última Estrela", Bozo fez sua última zueira alterando a letra da canção para "abro a cueca e vejo meu pau crescer". Saíram ovacionados do palco.

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MARTIN WALKYIER não foi o único artista que subiu maquiado no palco no Roça, pois também tivemos o power-trio do MIASTHÊNIA. Vindos de Brasília e na ativa desde 1994, o conjunto tem como temas líricos as sociedades indígenas americanas antes da chegada dos invasores europeus. Em tempos em que "todos querem ser vikings", tal mudança de tema lírico foi muito bem vinda; além de ser bem inusitada no Metal Extremo; tão devoto dos Nórdicos. O seu som de é intitulado Extreme Pagan Metal com Thormianak nos teclados e voz gutural, guitarra e bateria; e ainda que seja uma variante do Black Metal realmente um baixo fez toda falta na apresentação do trio. Como eles fazem poucos shows, poderiam ser mais cuidadosos com isso, ainda mais porque os discos de estúdio tem baixo.

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Após mais uma inusitada demora de passagem de som (problemas na bateria), chega o outro headliner do evento, ANDRÉ MATOS, sendo apresentado por Ivanei como uma das vozes mais belas do Heavy Metal, foi executado na integra o disco "Holy Land" do ANGRA, de 1996. O problema de se fazer um show conceitual assim dentro de um festival é que quem não gosta do disco em questão aproveita nada da apresentação. Sejamos sinceros, ainda que, por exemplo "Nothing to Say" e "Carolina IV" seja bem aceitas, nem todos são fãs de "Silent and Distance" e às vezes curtiriam mais agitar uma outra música do ANGRA, VIPER ou da vasta carreira do cantor. Em um show individual pressupõe-se que quem vai seja fã só do artista e vai pirar com "Z.I.T.O." ao vivo, mas num festival tão variado quanto o Roça, Matos acabou por agradar só seus fãs mais árduos e não a platéia em geral. Claro que os músicos, em especial o guitarrista Hugo Mariuti, foram irretocáveis na execução dos intrincados temas, mas ficou óbvio que a música que mais agradou foi o fechamento com a intro "Unfinished Allegro" e a clássica "Carry On".

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Em meio a muito frio, muito frio mesmo, eis que, meio que sem ninguém esperar, veio o show mais animado do Roça esse ano: SUPLA!
Após uma introdução meio techo e uns samples, o velho Punk subiu no palco carregado de energia e carisma. Sabendo que poucos dos presentes realmente conhecem seus discos, o músico colocou na apresentação versões de DAVID BOWIE, BILLY IDOL, THE RAMONES, THE BEATLES e JOHN LENNON. De autorais, SUPLA focou o show nas mais famosas, como "Japa Girl", "Garota de Berlin", "Motocicleta Endiabrada". O músico paulista também protestou contra as futilidades na administração municipal de sua cidade feitas pelo atual prefeito João Dória, arrancando muitos aplausos e até gritos de #ForaTemer. Colocando mensagens como "você é dono de seus próprios atos, você responde por você", SUPLA desceu do palco, subiu na grade e depois cantou no meio do próprio público levando a galera ao delírio. Durante todo o show o cantor, que foi muitas vezes chamado de Super Saiyajin e Vegeta, o mesmo disse que fumaria um baseado com a platéia. Tão logo se despediu, ele realmente saiu da área restrita com um cigarro de maconha e atendeu os fãs para fotos e autógrafos demonstrando uma humildade pouco comum, infelizmente, para artistas nacionais com mais de 3 décadas de carreira.

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Findaram-se as atrações principais e não os shows interessantes na Décima Nova Expedição do Roça in Roll. Chega o projeto do baterista Heleno Vale. O grupo SOULSPELL toca metal melódico em formato de ópera, discos conceituais e canções relacionadas entre si. Em estúdio o os instrumentos são gravados por diversos músicos. No show eles tem a formação fixa de baixo, guitarras e teclados com os vocalistas sendo trocados a cada música: são homens e mulheres das mais variadas idades e timbres; em uma mesma música chegaram a ter seis cantores diferentes. O projeto é ousado e dinâmico e em momento algum soou chato ou enjoativo.

Banda mais antiga se apresentando no Roça 'n' Roll, veio o SALÁRIO MÍNIMO dando o máximo de si. Pela segunda vez no Roça, a banda segue se reerguendo após uma declaração destemperada "feita sem pensar" do vocalista China Lee em 2014, que deu uma abalada na carreira do quinteto. Quinteto? Não, agora o SALÁRIO MÍNIMO é um sexteto com a inclusão do soberbo guitarrista Roger Vilaplana, veterano da banda NOSTRADAMUS e que já havia tocado para o público varginhense enquanto membro do CENTURIAS. O grupo atacou seus clássicos dos discos "SP Metal" e "Beijo Fatal", agora mais encorpados com as três guitarras sobre o cozinha de baixo e bateria e a voz de China. Também marcaram presente no set-list canções do disco "Simplemente Rock" e o novo tema "Fatos reais". Heavy Metal tradicional bem representado no festival.

O grito de despedida do Roça esse ano não foi um berro, mas um urro rasgado e desgraçado do vocalista Rafael Lourenço e seu quarteto chamado NEW DEMOCRACY. Praticantes da variante groove Thrash Metal com afinação mais baixa, a banda varginhense já tem uma demo e um ep lançado; além de já terem se apresentado no festival em anos anteriores. Seu set-list foi baseado no próximo disco (ainda sem nome definido), já com um single "Zumbi" on-line. Banda promissora da cidade que fez apresentação sagaz que despediu muito bem os sobreviventes cuja pinga evitou congelar e as paulerias nos ouvidos perpetradas pela NEW DEMOCRACY impediram do sono vencer. O único ponto ruim do show, e que não foi culpa da banda, foram os técnicos de som terem desligado os PA's deixando só o som de backline (com a desculpa de que tinha pouca gente assistindo). Ainda assim, meio que "som de radinho de bicicletária" o NEW DEMOCRACY não se intimidou, e nem os headbangers assistindo desanimaram, abrindo as últimas rodas do evento depois da cinco da madrugada!

Um espaço de convivência e vivência para os headbangers de todo o Brasil. Essa é a proposta do Roça in Roll e foi isso que o público estimado em 2 mil pessoas pode presenciar nesse ano de 2017. Bandas para quem quer curtir os shows e diversões diversas para quem procurar aproveitar com (e fazer novos) os amigos em meio à natureza. É um evento único no Brasil, lembrando até os festivais europeus, mas com o jeitin' único mineiro de moer, garrâ e arrancâ fubá de couro e metal. Esse ano tiveram protestos discretos no festival, mostrando que o Metal não é alienado ao mundo que o cerca, mas que divide essa consciência com o imaginário medieval e mítico com o subconsciente coletivo que forma os mitos desse gênero musical e também as lendas locais de Varginha. "É na Fazenda Estrela que o Bixo vai pegâ", diz o hino do evento, e continuará pegando no mesmo lugar. Venha conhecer esse evento, cabrón, we want it you to rock, venha pro Roça 2018!

Sites relacionados (em português):

http://www.rocainroll.com/
http://www.facebook.com/FestivalRocaNRoll
http://www.youtube.com/RocaNRollFestival
http://www.twitter.com/rocainroll

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Sobre Willba Dissidente

Willba Dissidente é fã das bandas de hard rock dos anos 70 e 80 e de metal oitentista dos mais variados países. Quem quiser saber mais deve acessar seu canal no youtube. Obrigado! Stay Hard (True As Steel)!
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