Paul McCartney: Minuto HM resenha show de Belo Horizonte
Resenha - Paul McCartney (Mineirão, Belo Horizonte, 04/05/2013)
Por Eduardo dutecnic
Postado em 01 de junho de 2013
Toda a palhaçada de organização externa para a entrada no melhor setor do estádio dava sinais de que a noite poderia ser comprometida. Afinal, a preocupação em perder o início do show era praticamente uma realidade.
Um dos motivos da lentidão absurda para entrada se dava pela despreparada equipe que estava revistando o público: uma lentidão absurda e uma revista "para inglês ver" - quer dizer, muitos perderam o início do "inglês" que interessava mesmo ser visto na noite. Havia uma ação promocional já do lado de dentro, onde se podia tirar uma foto com o fundo da emblemática capa Abbey Road por trás, mas com carros da montadora FIAT. Apesar de Paul já estar na foto "descalço", não tive dúvidas e tirei meu sapato para brincar, na posição do Ringo. Após um pouco de insistência com a empresa via Facebook, consegui finalmente o registro. Me acompanhando nela, a Suellen (na posição do George).
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Enquanto isso, havia ainda centenas e centenas de pessoas do lado de fora do estádio. A pista premium, pelo que o amigo Charles contou via e-mail, foi aberta as 18h00. Ainda segundo ele, as 19h00 já havia sido dado o aviso de boas-vindas no estádio ; 19h49, a afinação dos instrumentos. As 20h00,o telão passou a exibir imagens do DJ que foi ao palco. Músicas que ele executou (entre covers, remixes, etc): Hey Jude, Come Together, I’ve Got A Feeling, Why Don’t We Do It In The Road?, Get Back, Hey Bulldog, Power To The People,Everybody’s Got Something To Hide Except Me And My Monkey, Rain, Drive My Car, Coming Up (do "TWIN FREAKS"), Here Comes The Sun, I Want To Hold Your Hand, Getting Better, You Can’t Do That, Money, Taxman, Paperback Writer, Day Tripper e Tomorrow Never Knows.
As 20h50, o DJ se despediu acenando para o público, que aplaudiu; terceiro e último aviso de boas-vindas e sobre a segurança do show para que logo começasse a projeção de imagens. Normalmente, a projeção começa exatamente 30 minutos antes do show, e desta vez foi iniciada as 20h53, um pouco antes do esperado: músicas executadas (covers e remixes): Eight Days A Week, Can’t Buy Me Love, Twist And Shout, And I Love Her, Octopus’ Garden, Let 'Em In, Hands Across The Water, No More Lonely Nights, With A Little Luck, Goodnight Tonight, Silly Love Songs, Temporary Secretary e, claro, The End.
E, para total surpresa, o show começou exatamente meia hora depois, ou seja, 7 minutos adiantado e, apesar do Mineirão estar lotado nos outros setores, havia ainda muita gente chegando na Premium. Bom, todo o sacrifício e problemas que mencionei começariam a ter seu pagamento com o início de uma das maiores alegrias que, mesmo após tendo assistido outros shows do Paul, pude ter na vida.
Por ser o primeiro show da tour Out There!, não se sabia qual música abriria o show. Os chutes eram para as óbvias que vinham se alternando desde os primeiros shows de retorno ao país em 2010. E como é bom estar errado as vezes na vida: Paul entrou no palco, para histeria completa do público no novo Mineirão. Quando digo histeria, é algo que surpreende até aqueles que estão acostumados com grandes shows, grandes momentos: é difícil ver algo como quando este Sir recebe a luz pela primeira vez na noite no palco. Ele entrou de paletó azul e seu característico amigo baixo Hoffner. Paul parecia estar mais "gordinho", mais "barrigudinho" - efeito Nancy?
Eu, já em prantos, tive provavelmente a mesma reação que 99,9% dos presentes: sair cantando como se fosse a coisa mais óbvia do mundo a mais-do-que-surpreende abertura: Eight Days A Week (vale ressaltar que nem os Beatles chegaram a tocar esta música ao-vivo, mesmo algumas fontes dizendo que isso aconteceu em 1965 - o que teve foi apenas uma brincadeira - imitação / dublagem - do Fab Four em um programa de TV chamado "Thank Your Lucky Stars"). Ou seja, estávamos diante de uma estreia mundial de uma música de décadas e décadas atrás. Seu começo tão característico fez com o que o público saísse cantando sem hesitar este lindo início de noite de volta ao Beatles For Sale. Apesar de acreditar desde sempre que cerca de 1/3 do show teria variações, não esperava por coisas inéditas. Era mesmo só o começo destes meus satisfatórios "erros de adivinhação"...
O genial e humilde Paul, sempre muito bem assessorado, já soltaria seus primeiros "mineirês" logo após Junio's Farm, falando "oi, bêágá!" e "boa noite, povo bão!".
Eu imaginava que Jet ou All My Loving poderia vir, e procurava me segurar ao máximo para finalmente não chorar. Mas quando ele começou o "close you eyes and I'll kiss you", mais uma vez praticamente perdi a música de tantas lágrimas. É realmente impossível eu conseguir ficar lúcido neste momento - e o pior é rever a música no YouTube e voltar a chorar. E que alegria dizer isso. Apesar de todo esta choradeira, já dava para ver neste momento que a banda continua extremamente afiada e, apesar da dificuldade inicial das músicas ser simples, assim como a discografia dos Beatles no traz, todos os elementos necessários estavam lá: Paul cantando bem, a banda feliz e entrosada e muita satisfação dos músicos que acompanham Paul já há mais tempo que George, Ringo e John o fizeram.
Passada a clássica do With The Beatles, Paul voltou a seu script dizendo que "vou tentar falar um pouco de Português, mas como sempre, mais Inglês". Ainda, ele comentou sobre a campanha do Facebook e, para delírio dos locais, disse: "finalmente, Paul veio falar uai!".
Eu bravamente aproveitava o momento para me recuperar da choradeira mas JAMAIS esperaria pelo que viria, que me fez novamente voltar as lágrimas enquanto cantava e pulava de alegria: Listen To What The Man Said (música esta tocada apenas pelo Wings pela última vez em 21/outubro/1976 na tour Wings Over the World Tour, exceção dada a ações promocionais para a compilação All The Best! em 1987 / 1988, incluindo uma aparição na TV). Foi, assim, uma outra estreia mundial. Eu, que ouvi o CD All The Best! todas e mais uma vez na vida, realmente fiquei sem palavras. A música foi executada brilhantemente por todos e eu já me dava inclusive por satisfeito no que tange a possíveis surpresas. Brincadeiras a parte, se o show acabasse ali, já teria tudo valido a pena.
Então o Sir ergueu seu baixo e como de costume, removeu seu terno, brincando. Interessante observar que ele estava apenas de camisa branca, sem o tradicional suspensório. Durante o show, usou e abusou dos "maneirismos locais", para delírio do público, dizendo "ô trem bão", muitos "obrigados" e outros termos na nossa língua. Interessante notar que Paul, após 4 anos seguidos passando pelo país, consegue pronunciar algumas palavras com facilidade até, se sentindo mais a vontade e olhando até menos para a "cola" no chão. Em termos de palco, também já era possível observar que, apesar dos telões serem os mesmos usados nas tour anteriores, a maioria das animações eram novas e, em minha opinião, conseguiram fazer ainda mais bonitas que no passado. E ainda haveria espaço para mais surpresas no palco, como ainda será comentado.
Let Me Roll It, outra favorita minha, foi tocada com toda aquela emoção que dá vontade de gritar até não dar mais. Foi justamente neste momento que observei que eu já estava começando a perder a voz e minha garganta já estava doendo, coisa que acabou me incomodando por todo o show. Paul então anunciaria que aquela guitarra que acabara de pegar era o instrumento original que fora usado na época, dando a deixa que viajaríamos para o single de 1966 e Paperback Writer viria. Ele anunciou a música em Inglês. Ao final, Rusty não tinha (ou não mostrou) a palavra "obrigado" nas costas de sua guitarra, embora tenha feito gestos de agradecimento durante todo o show; Paul ergueu a legendária guitarra no fim).
Macca então agradece o público dizendo um "obrigada" (no feminino mesmo, hehehe), vai para o piano e dedica, em Português, "My Valentine" para Nancy Shevell, sua "belíssima esposa", que estava presente no estádio mais perto de mim do que nunca. A música contou com o mesmo vídeo usado anteriormente, em um momento muito bonito e, mais uma vez, é importante ressaltar como a ainda novata funciona bem ao-vivo, mesmo tendo um andamento lento em relação ao show.
Paul então faria os fãs do Wings novamente felizes com Nineteen Hundred and Eight-Five, com os fãs respondendo ao final com as mãos o sinal da banda, e emendaria com The Long And Winding Road, que me faria novamente voltar às lágrimas em mais uma execução brilhante da música. E esta faixa do Let It Be daria início, em minha opinião, ao auge da noite, com as próximas DOZE músicas (!!!) emocionarem a todo tipo de fã presente na capital mineira - de qualquer idade, de qualquer preferência pela imensa contribuição musical que Paul tem com a música em geral.
A avalanche emocional viria sem dó nem piedade: Maybe I'm Amazed, ainda que com Paul mostrando sinais que sua voz já tem um pouco mais de dificuldade para conseguir levar a música, mais uma vez entregou uma versão linda, assim como sua banda. Como esperado, Paul dedica a música à Linda McCartney, com o público gritando por "Linda!". "Cês tão gostando, uai?", perguntou Paul ao final do recente trabalho de estúdio. Nada poderia ser mais retórico que esta pergunta :-).
O grande momento do show para mim chegaria igualmente como uma surpresa: não era uma inédita, mas não havia tido a oportunidade de vê-la desde 1993, já que não pude estar no show de Florianópolis: sim, trata-se do single do Off The Ground, Hope Of Deliverance, música esta que, assim como tudo que está no Paul Is Live! e no All The Best!, ouvi à exaustão em minha vida. As lágrimas aumentaram enquanto via o baterista Abe tocando na linha de frente da banda (e dividindo o microfone com Paul no refrão final) e mesmo Wix também à frente para tocar violão e "cantarolar" ao lado de Paul. Senti falta do solo da música de violão, que não teve - me pareceu o primeiro erro da noite. Paul, entretanto, aproveitou para brincar com o público e literalmente "rebolar", com toda a simpatia do mundo. Mal consegui ficar bravo mesmo com a possível falha. A execução da música me deixou feliz demais e, pessoalmente, foi o ápice da noite. O público respondeu acompanhando com palmas, mas nem todos pareciam saber cantar a música, pelo menos o barulho não foi tão alto como em outros momentos.
Outro single de 1965 viria: We Can Work It Out seria a primeira das "sobras" de estúdio do Rubber Sould (dá para acreditar?) a aparecer da época do meu predileto Rubber Soul (a outra também viria mais para frente, Day Tripper). Paul troca de violão após o hit, que viria a preceder o primeiro single da carreira-solo de Paul, Another Day, para minha enorme alegria e surpresa. Uma curiosidade da música: ela foi escrita ainda quando os Beatles existiam, em 1969, durante as gravações do Let It Be, mas somente gravada durante as gravações do Ram no ano seguinte e disponibilizada depois de mais um ano, sem sair no tracklist original do Ram. Eu, particularmente, a conheci no All The Best! e mais uma vez o setlist me dava um presente. Another Day não era tocada desde 11/junho/1993, ou seja, foi a primeira vez executada pela atual formação que acompanha o gênio.
O cenário de We Can Work It Out voltaria para And I Love Her, desta vez mudando da cor preta para a vermelha. Após sua execução, um novo microfone foi adicionado no palco e, com muitas palmas o acompanhando na música, Paul, sozinho no palco e com o violão que sempre usa para a música, dominaria o público com Blackbird. Como de costume, ele anunciou a canção dizendo que ela foi concebida com o objetivo de encorajar o movimento pelos direitos civis, ainda nos anos 60. O novo microfone era para uma das novidades do palco de Paul para esta Out There! Tour, um "elevador" (plataforma) que elevou Paul. Conforme a plataforma ganhava altura, as imagens do telão principal do palco passavam a aparecer nela também, em tom predominantemente azul. Um lindo momento (lembrei brevemente das plataformas a-la Kiss). Ao final, já com a plataforma descendo, muitos erraram a letra da música na cantoria - é quase um costume anual, hehehe.
Paul, ainda no alto da plataforma, solta em nossa língua um "tô alto, sô!". Nas "alturas", ele dedicaria também em Português Here Today a John Lennon, apontando para o céu. Na hora, pensei que ele tinha errado de amigo, dedicando a música a George. A plataforma ganhava um efeito de uma cascata azul. Eu confesso que me recordo que minhas lágrimas já haviam meio que acabado e eu estava extremamente cansado já neste momento, então procurei me concentrar fortemente no show, pois era tudo muito bonito e a coisa passava em uma velocidade impressionante... ao final, Paul devolve o violão, manda um beijo para o público e se dirige ao piano colorido.
Era hora de mais uma enorme surpresa e mais um pico para o show com novo estreia mundial: diretamente da faixa 5 do Magical Mystery Tour, Paul conta até 4 para sua banda iniciar Your Mother Should Know. O telão se enche de imagens de mães, muitas famosas, como a Princesa Diana, Michelle Obama e a Linda. Há de se destacar o trabalho da banda, especialmente dos backing vocals, que fizeram um os vocais extremamente fiéis ao que se ouve no álbum de 1967. Paul nitidamente está feliz com o resultado, levantando-se do piano e dançando rapidamente com o público ao final, além de "rosnar e latir" para anunciados 53.000 presentes. Um grande momento e mais história foi feita em nossas terras! Paul volta ao mesmo piano para Lady Madonna que, para mim, já dava o primeiro claro sinal que o show caminhava para sua parte final
Após brincar novamente com o público com sons engraçados e algumas frases "a la F. Mercury", uma nova surpresa, uma nova estreia mundial: Paul resolve não esquecer do álbum Yellow Submarine desta vez! Munido do violão, ele traz a infantil, mas divertida terceira música do álbum de 1969, All Together Now. O show começaria a ganhar traços mais psicodélicos tanto no setlist como nas animações que acompanhavam a banda nos telões. Esta, em especial, bem alinhada com a proposta da música.
Os fãs dos Wings voltaram a sorrir com Mrs. Vandebilt, que continuou dando o tom de diversão do show, com o público acompanhando com o "Ho! Hey-ho" mesmo após o final da música - com Paul acompanhando a galera e falando "Brasil" - realmente esta música se tornou figura fácil nos sets pela sua extrema facilidade de funcionar ao-vivo, fazendo todos pularem de alegria. Com Abe dançando e vindo para a frente, e com Sir permanecendo com o violão, os sinais eram claros que mais uma vez abusariam do meu poder de concentração com uma das minhas músicas prediletas da vida: Eleanor Rigby. Mais uma ótima versão desta música, ainda que o desgaste da voz de Paul começa a ficar um pouco mais evidente nesta faixa, mesmo nas partes que exige menos de seu vocal. De qualquer forma, nada que abala a performance. Mais uma vez, os backing vocals devem ser destacados, pois são realmente um diferencial para este tipo de música.
A 22a música foi anunciada, após Paul retornar ao baixo, pelo próprio e em Português: "essa música é uma estreia mundial e que seria aqui, em BH". A esta altura do campeonato, eu já começava até a rir (de alegria, claro) de tantas surpresas. Passou um monte de músicas pela cabeça na hora, mas confesso que Being For The Benefit Of Mr. Kite! não foi uma delas. Paul McCartney, assim, abria a caixa de pandora, tirava o pó, ligava o modo "Alexandre B-Side" (amigo este que lembrei pelo carinhoso apelido) e premiava novamente os presentes com uma inédita. O palco se encheu de luzes coloridas pelo chão e o telão com uma animação lembrando a proteção de tela Dazzle, daquelas quando sairam os primeiros monitores coloridos do mundo. Mais que isso: raios lasers saiam do palco para o público. Um grande e diferente momento do show, uma agradável mistura do que a atual tecnologia faz para uma música criada em uma época que mal se tinha opções como estas para quem ficasse "careta"... a música foi outro grande momento, pois apresenta um grau de dificuldade maior pelos seus psicodelismos e mudanças pontuais de tempo. Paul se destaca nas lindas linhas de baixo e a banda o acompanha brilhantemente.
Não havia tempo para descanso: Paul pegaria seu ukelele e o pequeno instrumento já indicaria que George Harrison seria o homenageado da vez, com a versão que Paul e CIA fazem para o clássico Something. Aplausos e gritaria mais do que justificados e um solo de guitarra que deixaria George muito feliz, com certeza.
Mesmo com tantas mudanças no setlist, Paul, estrategicamente ou não, continua com a fórmula de tocar músicas que levam as lágrimas alternando com músicas "alegres", me deixando em um montanha-russa de emoções. Era hora então de se divertir com Ob-la-di, Ob-la-da. Paul comenta que ia pedir para o público "join in" na música antes de tocá-la, mas ele mesmo comenta que não via esta necessidade... a única coisa que não foi muito divertida foi a falha do som, ainda que pequena, mas que infelizmente teria uma consequência na música seguinte. Interessante que o som teve problema justamente na parte que o público cantava em destaque, então com certeza o momento passou desapercebido de muitos, ficando a falha mais evidente com o retorno meio "abrupto" da banda para terminar a música.
Mas foi em Band On The Run, um dos maiores clássicos do Wings, que a coisa do som ficou feia e estragou o momento. O som no clássico de 1973 falhou por duas vezes e por muito tempo. Até imaginei que a música seria executada novamente, ainda mais por se tratar de uma estreia de tour, mas Paul e CIA seguiram em frente. A falha foi a partir da segunda parte da música, "well, the undertaker drew a heavy sigh...", mas ele simplesmente "morreu" (e voltou) no refrão. Paul, percebendo o problema, fez uma cara assustada, surpresa e o público procurou reagir cantando a música alto, bater palmas, o que me deixou esperançoso por uma versão até legal, um momento que pudesse ser diferente dada a circunstância. Veio a segunda falha, mas, infelizmente, o público se perdeu na letra da música e passou a cantar apenas "band on the run". Mesmo assim, a banda continuou, com Paul dando inclusive seu tradicional chute de esquerda no ar. Uma pena, acontece...
O cardápio da noite continuaria com o mesmo tempero dos Wings, a penúltima desta banda na noite, mas desta vez com outra grande surpresa: Hi, Hi, Hi... a última vez que tinha sido tocada foi em 21/outubro/1976 pelo Wings, novamente na Wings Over the World Tour.
Após a nova surpresa, era hora de dar um retorno, com (sem trocadilhos) Back In The U.S.S.R., música que realmente ficou fixa nos setlists de Macca. Com direito a mais uma grande performance, cheia dos efeitos visuais e sonoros e mais uma vez com o impecável trabalho de backing vocals dos guitarristas e de Abe, Paul e seu baixo encantam o Mineirão.
Neste momento, eu já imaginava que estava chegando a hora de Live And Let Die, que eu sempre filmo. Tomei a decisão no momento de não filmar desta vez - e procurar ficar "lúcido". Mas sabia que antes ainda viria Let It Be, algo que se confirmou com a ida de Paul ao piano Yamaha. Eu, que não filmaria nada e não tinha nem forças mais para chorar, vi muita gente olhando para trás e apontando as arquibancadas. Me virei para ver o que era de tão interessante assim lá trás - e peguei o celular para registrar este pequeno vídeo do espetáculo visual:
Apesar do desgaste da voz de Paul, que novamente não chegou a atrapalhar, foi tudo tão mágico que fica difícil fazer qualquer observação que não seja um simples comentário de como é tudo muito lindo. Ao final, as luzes principais do palco iluminaram o público e Paul agradeceu "for the lights". Agradeceu, sentou novamente ao piano e sem tempo para piscar, começou "when you were young and your heart was a open book"...
E que versão! Com certeza a mais explosiva e diferente que vi até hoje, incluindo todos os shows do Paul e do Guns N' Roses, que sempre coverizam o clássico que é nome de filme do agente secreto mais famoso do mundo (e praticamente um pedido de desculpas da franquia da época do Sean Connery, diga-se de passagem). Nos telões, o edifício "clássico" que apareceu no telão do fundo em 2012 foi substituído pelo Palácio de Buckingham, que "explodiu" com o primeiro estouro dos fogos (foram quatro estouros, um em cada "live and let die, live and let die" da letra, e mais um no final, com Paul colocando os dedos nos ouvidos e fazendo gestos de "reprovação" ao fim, como de costume). Os novos efeitos, explosões e fogos, além da enérgica performance da banda, estão mais do que aprovados!
Paul não perde tempo novamente e durante os sinais de "reprovação" ainda de Live And Let Die, vai para o outro piano e começa aquela música que tanto me emocionou há 20 anos atrás, quando vi meu primeiro show grande da vida: Hey Jude. E a emoção continua a mesma, sendo que meu coração e cérebro se juntaram, foram até o estoque e encontraram mais um pequeno "lote" de lágrimas... a gritaria, novamente, foi total do público, como nunca é diferente. E é impressionante como Paul, que toca esta música há tantos e tantos anos, sempre dá um jeito dele mesmo se divertir com o público. É nítido que ele tem sim o script para cantá-la sempre do mesmo jeitinho, fazendo "you'll dooooooohhhhh", sempre no mesmo lugar, que ele separaria o estádio "só os huomis" (desta vez, se atrapalhou um pouco ao pronunciar "homens", falando algo como "menos", ao que pareceu), "só as muieris" e depois "everybody all together". Mas a conexão ali é inexplicável em palavras, eu choro só de pensar aqui novamente. Bexigas voando, as plaquinhas "Thank You", pessoas se abraçando, rindo, chorando, gritando, imóveis, dançando, pulando (no meu caso, as vezes conversando com o chão), é algo surreal... na parte do "na, na, na, na", Paul comanda a festa de fora do piano até o retorno triunfal para o encerramento deste clássico imortal e o encerramento da primeira parte do show. Paul e banda agradecem o público e saem rapidamente do palco.
Para o primeiro bis, novamente Wix entra no palco com a bandeira do Reino Unido (momento The Trooper?) e Paul com a nossa. A sequência seria, como de costume, com uma trinca Beatles, abrindo com o poderoso riff de Day Tripper, sendo Paul de volta ao seu principal instrumento da época do Fab Four. A música é acompanhada novamente com lasers e com toda a banda "suportando" o Sir nos trabalhos vocais. Mas ainda era tempo para uma nova e enorme surpresa!
Paul troca de instrumento, pegando seu violão mais escuro, e anuncia que novamente tocaria uma música "premier time in mundo". Sim, mais uma vez, o Brasil tem uma inédita, não podia ser melhor. Confesso que reconheci, mas custei a acreditar, que era Lovely Rita que estava começando. Mais um lado B fantástico era bom demais para ser verdade. E como foi. Cantei com todas as forças que ainda tinha. A música surpreendeu realmente e foi facilmente a menos cantada pelo público, talvez pelo fator surpresa, talvez por um certo desconhecimento da música do emblemático Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Mas foi interessante notar alguns fãs se olhando com ar de "é isso mesmo que está acontecendo?". Paul não se poupou nos "woo-hoo-hoo", ainda que o desgaste desse sinais mais claros neste momento. Ao final da música, como ela diz, "they'll never believe it!". Eu cantei, mas custei a acreditar, Paul. Com certeza, junto com a outra "estreante" do álbum da noite, foram os momentos mais inusitados que já tive em qualquer show do mito.
Paul então chama ao palco 4 garotas por trás da campanha no Facebook "Paul, vem falar uai", pergunta os nomes delas, dá os autógrafos, as cumprimenta individualmente. Uma delas pede para Paul autografar na região lateral do abdômen, levantando um pouco a blusa, momento este que Paul aproveita para brincar com o público, brincando estar espantado com a cena, e perguntando se era isso mesmo, se ele deveria seguir em frente. Claro que a garota, que já tinha os 4 Beatles tatuado, conseguiu o autógrafo. Apesar de não ser algo novo, a humildade de Paul é que deve ser ressaltada sempre. Poucos artistas, mas poucos mesmos, podem duelar com Paul nesta questão - e a briga seria até injusta, dado o status que Paul tem. As meninas deixam o palco, emocionadas, e Paul recoloca o baixo para trazer a última do bloco, Get Back, perguntando ao público, como de costume, se todos querem "get back". Claro, Paul.
Hora da banda novamente deixar o palco para retornar para o esperado segundo e último bis da noite, desta vez sem "inovar" muito. Mais uma vez, apenas músicas do quarteto histórico de Liverpool, com Paul extraindo as últimas lágrimas de quem ainda tinha dominando a todos com Yesterday. Ainda sob incessantes aplausos, ele volta ao baixo e pergunta: "do you want to rock some more?" para então me alegrar com o que eu considero uma das chamas para aquilo que nasceria pouco depois com o Sabbath, o heavy metal. Vem Helter Skelter e, mesmo depois de tanto tempo de show, de uma passagem de som durante o dia e ainda contando o fato de ser o primeiro show da tour (sem contar que Sir está com 71 anos!), ele se segura muito bem no vocal! Da minha parte, pulei como um maluco, com certeza, enquanto olhava as psicodélicas animações nos telões e as fortes luzes brancas que piscavam. Outro ótimo trabalho geral da banda, tanto em termos backing vocals, como principalmente nas guitarras. Hats off, Paul, e \m/ \m/.
O fim traz Paul de volta ao piano Yamaha, brincando com o público se já não era hora de dormir, dizendo que era "hora de ir" e "temos que partir". Abe, imitando Sir, deitava a cabeça sobre as mãos e, palma-com-palma, também fazia sinal de "dormir". Ficou o "vai-e-volta" com Paul insistindo no "yeeeeah!", às vezes em tom mais melódico, e nós no "noooooo!". Ele aproveita o momento para agradecer a "the best crew", a "my fantastic band" e, claro, os fãs, tudo em inglês.
Então Paul e banda se despedem de Minas novamente trazendo a trinca do Abbey Road: Golden Slumbers / Carry That Weight / The End, naquele momento que traz um certo aperto no peito pela certeza que o show caminha ao fim, mas uma satisfação enorme por novamente poder presenciar, ao-vivo e de tão perto, esta lenda. Paul, neste final, está com o vocal mais comprometido, chegando a falhar em alguns momentos, sendo ajudado pela banda, principalmente nas partes mais altas em Golden Slumbers, ainda que nada tenha efetivamente atrapalhado aquilo tudo. Paul retorna à guitarra para o seus último solo da noite, em alternância com os outros 2 guitarristas, para finalmente nos emocionar pela última vez com as palavras tão maravilhosas de The End, e ainda tem fôlego para um grito final.
Ao final, e quem aqui ousar duvidar que não acontecerá, ele diz "até a próxima vez; see you next time!" e, com um derradeiro "estouro", vem a chuva de papel picado (verde, amarelo e azul; tinha dourado também, sabe-se lá de que país...).
Cada show é um show, como você sabem bem. Mas eu considero este o melhor set que já vi dele (ok, junto com o de 1993), e falo isso considerando que não teve Jet, My Love e outras que tanto gosto (não ouso reclamar de nada). Mas as surpresas, os lado B e Listen to What The Man Said como Hope Of Deliverance, me derrubaram de alegria...
Até a próxima, Paul. Venha falar "uai", "oxente", "meu", "maneiro", "bah chê", o que você quiser... mas venha.
[ ] ' s,
Eduardo.
Para ver vídeos de TODAS as músicas, fotos especiais, setlist completo, capa e reportagem com instrumentos de Paul (do programa oficial), links especiais e muito mais, acesse a matéria original no Minuto HM. Aproveite e deixe um comentário por lá!
http://minutohm.com/2013/05/26/cobertura-minuto-hm-paul-mccartney-em-bh-parte-5-resenha/
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