Embu Guaçu Rock 'N' Roll Fest: Grandes bandas, bom público
Resenha - Embu Guaçu RNR Fest (Praça Ivan Braga De Oliveira, Embu-Guaçu, 14/07/2012)
Por José Antonio Alves
Postado em 29 de julho de 2012
O município de Embu-Guaçu, no estado de São Paulo, recebeu o Embu Guaçu Rock 'N' Roll Fest, que contou com apoio da prefeitura local e com entrada gratuita do público, que colaboraria com a doação de agasalhos. Nada mais propício do que um festival deste porte logo depois do Dia Mundial do Rock, que reuniu grandes bandas e um público até razoável em seu primeiro dia.
O local escolhido para o evento, a Praça Ivan Braga De Oliveira, fica no centro de Embu-Guaçu, e mesmo por se tratar de um evento que fica distante da capital paulista, muitos se locomoveram até lá por alguma das opções de roteiro que a organização disponibilizou em seu site dias antes do festival, o que ajudou e muito. A estrutura do local é boa principalmente no que se diz respeito as opções de alimentação que os arredores do local fornecem.
Inicialmente previsto para começar às 15hs, só a partir das 16h30 que teve início a apresentação da banda Jailbreakers. Oriunda da própria cidade de Embu-Guaçu, a banda baseou seu repertório em grandes clássicos do rock, como "I Wanna Rock", do TWISTED SISTER, "Panama", do VAN HALEN e "Hey Stupid", de ALICE COOPER, entre várias outras. Destaque para o vocalista Stanley Wolf, que conseguiu interpretar todas as músicas com ótima voz e boa presença de palco, consequentemente tendo boa aceitação do público.
A próxima banda a se apresentar foi a também local Sintonia 16. Classificação de estilo sempre é algo difícil de se fazer, pois muita coisa pode influenciar o estilo de uma banda, e no caso do Sintonia 16, considero que a proposta de fazer "Hard Rock" é um pouco distante, visto que as músicas da banda são mais calcadas em um estilo de rock alternativo mais moderno, o que mostra que é possível reunir bandas de vários estilos do rock em um único festival, sempre deixando as diferenças de lado, afinal, como o próprio vocalista da banda citou, todos ali estavam pelo Rock. Mesmo com algumas falhas técnicas, a banda baseou o set em músicas próprias como "Continuar", "Xeque-Mate" e um cover da banda estadunidense RAGE AGAINST THE MACHINE para a música "Killing In The Name".
Os paulistanos do Santarem foram os próximos a adentrar o palco do Embu Guaçu Rock 'N' Roll Fest. Contando com Thiago Scataglia (vocal), Agenor Vallone (bateria), Alex Andreoli (guitarra) e Guilherme Furlan (baixo), a experiente banda apresentou algumas músicas de seu mais recente registro, "No Place To Hide", lançado em 2011. Com problemas com o baixo na segunda música da apresentação, a banda foi obrigada a fazer uma pausa nas músicas próprias para executar trechos de clássicos do metal, ora com vocais e bateria, ora com vocal e guitarra, para entreter o público enquanto o problema se resolvia. Depois de resolvido, todos mostraram ótima performance instrumental, destacando-se também o ótimo vocal nas músicas que passam pelo Hard Rock mesclado com passagens progressivas.
Na sequencia era a vez do KING BIRD fazer uma grande apresentação que me surpreendeu pela qualidade de cada um dos músicos, em especial do vocalista João Luiz, que incorpora grande influência de Ronnie James Dio, tanto em performance como na voz. A banda formada pelo já citado João Luiz nos vocais e também por Fábio César no baixo, Marcelo Ladwig na bateria e Silvio Lopes na guitarra promove o EP "Beyond The Rainbow", lançado este ano, e destaca-se a execução da faixa título do trabalho, que é uma homenagem mais que justa e digna ao mestre Dio.
Com o frio que estava assolando Embu-Guaçu por volta das 21hs, era hora de esquentar as coisas em um bom moshpit ao som da banda NERVOSA. A banda paulistana se prepara para lançar sua primeira demo em breve, e mostrou o motivo de ser considerada uma das grandes sensações do Thrash Metal brasileiro. "Moubid Courage", "Invisible Oppression", "Justice Be Done", "Urânio em Nós" mais os covers de "War Inside My Head", do SUICIDAL TENDENCIES e de "Black Magic", do SLAYER, foram algumas das músicas que fizeram parte do setlist, com comentários da vocalista/baixista Fernanda Lira sobre as temáticas das letras e também agradecendo ao público (inclusive ao grupo Metal Friends, que reúne gerações de fãs, músicos mais antigos e também recentes) que EFETIVAMENTE apóia a cena comparecendo aos eventos. "Masked Betrayer" fechou a apresentação da banda, que contou com alguns moshpits mais que "nervosos" que balançaram as estruturas do local.
Chegava o momento de um show mais que nostálgico para muitos que estavam ali. Uma lenda do Metal nacional, a banda Centúrias, retornava aos palcos em um show mais que especial. O Centúrias participou da coletânea "SP Metal", de 1984 e depois de mais de 23 anos após parar as atividades, mostraram que o tempo só aprimorou os músicos que praticam um Heavy Metal bem tradicional e fortemente influenciado por bandas como Judas Priest, por exemplo. Iniciando com "Guerra e Paz" e "Animal", presentes no álbum "Ninja", de 1988, e emendando "Não Pense, Não Fale", do EP "Última Noite", de 1984, a banda agitou o público que buscava alguma forma de aquecer a temperatura, já que naquele horário a sensação térmica do local era simplesmente de "muito, muito frio".
Nada que impedisse os headbangers presentes de acompanharem "Senhores da Razão", "Inúteis Palavras" (música nova da banda, que segundo o vocalista Nilton "Cachorrão", será o que a banda seguirá a partir de agora, no que se refere ao estilo das músicas), "Ninja" e "Fortes Olhos", estas duas últimas também do álbum "Ninja". Um dos momentos marcantes da apresentação foi a execução de "Arde Como Fogo/To Hell", com refrão cantado com vigor por aqueles que conhecem bem a banda e com a famosa plaquinha, que já contou com o "No Posers", na década de 80, "No Emo" mais recentemente, e agora com "No Tchu, No Tcha".
A trinca que encerraria o show seria matadora. E para alguém que possui de idade praticamente o tempo que a banda ficou sem fazer shows, um sentimento muito especial, já que gerações estavam presentes no evento e puderam desfrutar tudo aquilo. "Duas Rodas/Portas Negras", "Salem(A Cidade das Bruxas)" (cover da banda Harppia, em homenagem ao baixista Ricardo Ravache, que fez parte da banda) e "Metal Comando" transportaram o público para uma experiência bem próxima do que eram aqueles shows de bandas tradicionais brasileiras nos anos 80. Em certo momento, o vocalista Nilton "Cachorrão" e o baixista Ricardo Ravache até desceram do palco e no meio do público tocavam para alegria dos fãs. E houve até bis para a música "Arde Como Fogo/To Hell", que provou o quão boa foi a memorável apresentação.
Já eram mais de 0h quando o último show da noite, da banda Salário Mínimo, se iniciava. Mesmo para um público reduzido a essa altura, China Lee e companhia agitaram os presentes tocando clássicos como "Beijo Fatal" e "Delírio Estelar", fechando com grandiosidade a noite no Embu-Guaçu.
O Embu Guaçu Rock 'N' Roll Fest tem tudo para se perpetuar, e é uma chance ótima de ver grandes bandas tocando na faixa para diversos públicos. Até por ser um evento gratuito, todos os tipos de pessoas podem frequentá-lo, roqueiras ou não, e o que deve ser acrescentado é uma maior segurança, para que não hajam ocorrências lamentáveis que nós sabemos bem que só ajudam a associar ainda mais a imagem do Rock com baderna. Um verdadeiro encontro de gerações e de muito saudosismo foi o que se viu no festival em seu primeiro dia.
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