JRock Revolution: Nove bandas levaram o j-rock para Los Angeles, nos E
Resenha - JRock Revolution (Wiltern Theater, Los Angeles, 25 e 26/05/2007)
Postado em 03 de junho de 2007
"Kakumei", a palavra japonesa significa "revolução". Por definição, significa pegar uma organização estabelecida e desarraigá-la, mudá-la radicalmente. Durante uma semana em maio, centenas e centenas de fãs de rock japonês, mais conhecido como j-rock, foram para Korea-town em Los Angeles, Estados Unidos – partindo até de lugares como Canadá, Europa, Japão e América do Sul – para fazer parte dessa nova revolução musical. A insurreição foi intitulada Jrock Revolution, um festival para celebrar a música japonesa ocorrido nos últimos dias 25 e 26. Pela primeira vez no continente americano, nove bandas nipônicas juntaram-se no Wiltern Theater, em Los Angeles, para anunciar que uma nova espécie de rock está se infiltrando no Ocidente.
Por Hikari, traduzido por iori
Os fãs mais devotos começaram a formar fila na frente da casa de shows na segunda-feira, 21, apesar de terem sido enxotados do lugar várias vezes. Na noite daquela segunda, YOSHIKI – organizador do festival, baterista e líder da lendária banda X JAPAN – postou no blog de seu MySpace que ficou chocado pela atitude dos fãs e não conseguiu dormir pensando nisso. Ele dirigiu de volta para o Wiltern às 3h da madrugada de terça-feira para levar café e chocolate quente às pessoas na fila.
Na quarta-feira, a fila chegou ter sessenta pessoas ao anoitecer. Por sorte, o Wiltern rendeu-se e permitiu o acampamento, mas todos os menores de dezoito anos tiveram que se retirar do local após as 22h. Os fãs que permaneceram portavam sacos de dormir, cobertores e cadeiras. O resto de nós, que não pôde desfrutar destes confortos, ficou com a calçada imunda.
O dia mais longo foi quinta-feira. Foi um dia de muita espera. No final dele, a fila dobrou o quarteirão, preenchida por uma barraca, mais cobertores e vários fãs com cabelos tingidos. YOSHIKI mandou duas mulheres de salto alto passarem aquecedores pela fila para espantar um pouco o frio, um gesto de afeto muito apreciado pelos presentes. Aquele dia foi de matar. A maioria das pessoas estava muito ansiosa para conseguir dormir, repetindo incessantemente frases como "Eu vou ver (meu ídolo)", "Eu vou ver (tal banda)", "Não é um sonho, é realidade". No crepúsculo do dia, diversas equipes de filmagem começaram a aparecer.
Um time de membros do site do Jrock Revolution chegou e começou a entrevistar qualquer um na fila que ainda estivesse consciente o bastante para falar. Às 3h da manhã de sexta-feira, a atividade baixou até que os únicos sons que poderiam ser ouvidos eram murmúrios de conversa e um ocasional mané que passou pelo local gritando "cancelado!" pela janela de seu carro.
Sexta-feira, este foi o dia da glória, o dia da agitação, o fim da peregrinação e o começo de uma história. Este foi, de longe, o dia mais tenso de toda a semana, principalmente devido a pessoas preguiçosas e egoístas que chegaram atrasadas e cortaram a fila. A segurança do evento percebeu que a situação estava fugindo de controle e começou a distribuir senhas numeradas para os primeiros duzentos da fila. Para você imaginar a situação, quando cheguei na noite de quarta, eu era o número 50, mas a senha que a segurança me deu na sexta era a número 160.
Após os fãs lotarem o interior do Wiltern em torno das 18h, um telão gigante surgiu entre cortinas para passar "The Last Live", o último show do X JAPAN. Muitos de nós estávamos agradavelmente surpresos em ver isso e passar os momentos pré-concerto com nossos olhos colados em uma época gloriosa quando "tudo era perfeito e nada machucava". Foi chocante ver as pessoas cantando as músicas, repetindo os movimentos dos braços do público do vídeo e ovacionando YOSHIKI e hide (este, o carismático guitarrista do X JAPAN). Até mesmo os fãs mais novos de j-rock pareciam entender e abraçar o legado do X JAPAN, uma das raízes que permitiu ao j-rock chegar onde está hoje.
Kagrra, subiu no palco primeiro. Isshi, o vocalista, cativou o público com seu belo quimono. O grupo tocou seu último hit, "Utakata", com o guitarrista Shin executando lindas notas no koto, um instrumento tradicional japonês semelhante à harpa.
DuelJewel, a primeira banda de visual kei a tocar nos Estados Unidos, em 2003, ocupou o palco no segundo ato. Sua performance consistiu num set de rock divertido e coreografias estranhas. Em certo ponto, o vocalista Hayato perdera a sincronia de tal modo que contentou-se apenas em dançar mais naturalmente.
A terceira apresentação levou um certo tempo para começar. Fomos apresentados ao artista quando o telão anunciou em fundo preto e um ideograma cor-de-rosa a chegada de Miyavi. Acompanhado de uma banda de apoio que creio chamar-se Kabuki BOIS, o alto violonista dançou uma performance cheia de vida.
Após tocar uma série de músicas novas de seu próximo single, Miyavi anunciou em um vídeo no telão que iria se juntar à super-banda de YOSHIKI, SKIN, com Gackt (um dos cantores mais famosos do Japão) e SUGIZO (ex-guitarrista do LUNA SEA, uma das bandas mais importantes do movimento visual kei). Os fãs presentes enviaram mensagens aos amigos por celulares e a notícia já estava na Internet minutos depois de revelada. Após causar o primeiro choque da noite, Miyavi conseguiu superá-lo ao receber no palco SUGIZO para tocar "Are you ready to ROCK?", num acontecimento inédito na história do j-rock.
YOSHIKI então juntou-se aos dois astros no palco para anunciar que o SKIN realizará seu primeiro show em Long Beach, Califórnia, EUA, no dia 29 de junho, além de agradecer a todos por irem ao Jrock Revolution.
Vidoll foi a próxima banda, alimentando a já alta energia do ambiente. O baixista Rame tirou de uma bolsa doces, que jogou para mãos ávidas na platéia. Jui, o vocalista, não pôde se comunicar em inglês com os espectadores, o que não esfriou nem um pouco a apresentação.
alice nine colaborou para a noite histórica numa demonstração talentosa de música alta, pesada e imponente. A banda impressionou novatos e veteranos. Em determinado momento, o anel do guitarrista Tora voou de sua mão e foi apanhado por um fã de sorte.
Depois do show, fãs correram para os fundos do Wiltern para ver as bandas saírem. YOSHIKI quase foi ignorado por ter saído logo atrás de Miyavi. Mas uma vez notado, YOSHIKI recebeu os aplausos que merece.
Ainda naquela sexta-feira, já havia se formado uma fila para o sábado que dobrou o quarteirão.
O segundo dia de festival foi mais direcionado ao "lado metal" do j-rock, uma vez que o primeiro consistia em sons mais leves ou alternativos.
A primeira banda a tocar no sábado foi Merry. O baterista Nero foi o porta-voz do grupo e, apesar do sotaque carregado, foi capaz de comunicar-se com o público. Gara, o vocal, estava descalço e durante o final da apresentação exibiu suas habilidades para plantar bananeira apoiando-se na cabeça e para dar saltos mortais. Os fãs ficaram loucos!
A seguir, veio girugämesh. Uma banda crua e gutural com um vocalista baixinho, eles produziram os gritos mais altos da noite por parte da platéia com seus riffs avassaladores, bateria que fez tremer as paredes e urros no microfone.
Os próximos foram D’espairsRay, que têm a reputação de serem intérpretes fenomenais ao vivo. Eles não desapontaram. A maioria das músicas tocadas são do novo álbum, "MIRROR". Ao final do set, o piso superior do Wiltern estava sacudindo com os fãs pulando e levantando seus punhos cerrados.
YOSHIKI subiu ao palco mais uma vez para agradecer a todos os fãs por fazerem daquela noite uma realidade. Ele recebeu aplausos empolgados em troca.
A última banda do festival foi MUCC. Após um show notável em Baltimore, EUA, em 2006, eles vieram rever antigos fãs e conquistar novos. Talvez tenha sido a adrenalina, mas o cantor Tatsurou superou sua usual demonstração de talento vocal. Até os que não gostavam do estilo do MUCC sentiram-se envolvidos pela performance fenomenal. A banda encaixou quantas músicas conseguiu no seu limite de tempo até que um estrondo na bateria de SATOchi sinalizou o fim do Jrock Revolution.
Exaustos, os fãs deixaram a casa de shows. Alguns correram para os fundos para se despedir de seus grupos favoritos. Outros juntaram-se na calçada para discutir o fantástico final de semana e delirar sobre a sensação de ver suas amadas bandas ao vivo e encontrar seus ídolos pessoalmente.
Um funcionário do Wiltern tirou o letreiro que dizia "Jrock Revolution" do alto da fachada do teatro, marcando o fim do evento. Mais uma noite em hotéis e os fãs subiriam em seus ônibus, carros e aviões para retornar a seus respectivos lares e países. A maioria de nós passou a segunda-feira relaxando, tirando o dia para refletir e tratar resfriados pegos durante o acampamento na frente do Wiltern. Na terça, os ânimos já haviam mudado, pois todos já faziam seus planos para ver rachar o ovo chamado SKIN em Long Beach, dali a poucas semanas. Vejo vocês lá!
*** Set list ***
Dia 1 – 25/05
Kagrra,
01. Kotodama
02. Arishi Hi no Bishou
03. Nue no Naku Koro
04. Yousai
05. Utakata
06. Urei
DuelJewel
01. Hanauta
02. Kamisori
03. Reincarnaion. Flow
04. Mxxder Marble
05. Tales
Miyavi
01. Selfish love
02. ROCK N’ ROLL IS NOT DEAD
03. Kabuki BOIZ
04. NEO VISUALIZM- Sakihokoru Hana no Yoni
05. Are you ready to ROCK?
Vidoll
01. nevaeH
02. Sangakoronda
03. Tomei Nakago
04. Chocoripeyes
05. Ningyo
alice nine.
01. Velvet
02. Red Carpet Going On
03. Yami ni Chiru Sakura
04. -NINE HEADS RODEO SHOW-
05. Haikara-Naru-Rondo
06. Shun Ka Shu Tou
BIS: Blue Planet
Dia 2 – 26/05
Merry
01. Rojiura Elegy
02. Omohide Sunset
03. Saihate no Parade
04. Dekiai no Suiso
05. Meisai no Shinshi
06. Japanese Modernist
07. Oriental BL Circus
08. Rendesvouz
girugämesh
01. volcano
02. Shadan
03. Owari to Mirai
04. Fukai no Yami
05. Omaeni Sasageru Minikui Koe
06. Take a Look Around
07. Deceived Mad Pain
D’espairsRay
01. DAMNED
02. Angeldust
03. MIRROR
04. Closer to Ideal
05. SCREEN
06. Kogoeru Yoru ni Saita Hana
07. Sixty-Nine
08. HOLLOW
MUCC
01. Gokusai
02. Rojiura Boku to Kimi e
03. Saishu Ressha
04. DOG
05. Nijyu Goji no Yuutsu
06. Libra
07. Utsuro no Heya
08. Ryuusei
Maiores informações sobre o festival: www.jrockrevolution.com.
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