Metal: em poucos anos nossos ídolos enfrentarão velhice ou o pior
Por Augusto Raugust
Postado em 07 de agosto de 2015
Se você, assim como eu, estiver entre vinte e trinta anos, daqui a mais duas décadas muito terá mudado. Muitas coisas serão criadas e várias serão defasadas, umas evoluirão e outras serão esquecidas. Com sorte estaremos com nossas belas esposas (ou charmosos maridos) e, se tudo der certo, com disposição e dinheiro suficiente para ainda prestigiarmos nossos músicos favoritos nem que seja ao menos das arquibancadas. Entretanto, enquanto estivermos na casa dos quarenta-e-poucos, nosso amiguinho Rob Halford, frontman do Judas Priest, assoprará 83 velinhas. Brian Johnson, do AC/DC, completará 87 primaveras. Hoje vamos refletir sobre a terrível realidade de ficarmos orfãos de ídolos em um futuro próximo, seja por aposentadoria ou óbito.
Anos atrás, eu lembro de ter ido ao meu primeiro show: Um punhado de covers. A música sempre me proporcionou diversas sensações maravilhosas, mas essa coisa de "Ao Vivo" elevava-a um outro nível. Anos depois tive a oportunidade de comprar com meu próprio dinheiro meu primeiro ingresso para um show internacional de grande porte no estádio do Morumbi, em São Paulo. Ah, aquele sentimento definitivamente era além da minha compreenção. Desde então, se existir um diagóstico para "vício em apresentações musicais ao vivo", já posso me incluir nesta patologia. Cortamos agora para o dia 16 de maio de 2010, e a notícia estava por todo o mundo: Ronnie James Dio fora derrotado pelo câncer.
Após algumas horas processando a informação, algo arrebatador me veio à mente naquele instante: "Jamais poderei ver Dio ao vivo". Fim de papo. Ponto final. Embora seu legado fosse viver para sempre, ninguém, fosse criança ou adulto, hoje ou daqui a vinte anos, veria o mestre em ação novamente. A partir daquele instante, estava agora assustado, receoso, de acidentes ou diagnósticos graves de outros ídolos meus ou de adiar oportunidades e me arrepender no futuro (afinal Dio havia se apresentado por aqui a exatamente um ano atrás daquela data). Ficamos então a mercê das bandas, à espera de um lançamento de álbum, um anúncio de turnê comemorativa, uma escalação em um festival, um retorno triunfal, qualquer desculpa para vê-los em território tupiniquim. Não obstante, ainda lutamos contra um outro poderoso inimigo: O valor dos ingressos.
O preço dos ingressos de nossos amados concertos podem até ser estratosféricos por ser uma renomada atração internacional e o valor de seu cachê ser alto, além disso temos a questão da variação da valorização do Real, aclive e declive do Dólar e as diversas taxas tributárias impostas nos ingressos, contudo devemos lembrar que, como dizem nos casinos, "a casa sempre ganha".
O raciocínio pode ser resumido no pensamento: "se o valor é este, é porque tem gente que paga", e pagamos mesmo porque, em parte, temos um pouco de medo do futuro. Convenhamos, Lemmy (Motorhead) por exemplo, é uma verdadeira bomba-relógio que volta e meia nos dá um susto, o mais recente deles ocorreu aqui mesmo, no Monsters of Rock, devido a um "sério distúrbio gástrico seguido de desidratação" segundo a organização. Então se nós, os fãs, estivermos mesmo dispostos a realizar o sonho de ver nossas bandas com 30/40 anos de carreira favoritas, a banca cobra um absurdo e quem quiser, paga, quem não quiser... bem, você sabe.
Não é à toa que um Meet&Greet custa em torno de R$800,00. Nenhum familiar meu jamais entendeu (e talvez jamais entenderão) o motivo de vosso autor arcar com R$300,00 pra ver uma banda de rock (lê-se Black Sabbath com o disco "13" - 10/2013). Essa pode ser a última geração de jovens e adultos a ter o prazer de enlouquecer com os maiores nomes do Rock/Heavy Metal anos 70/80. Triste pensar que não poderemos levar os futuros filhos(as) no show de uma banda pioneira do gênero. Meio deprimente, até. Ninguém gosta de falar sobre a morte, doenças ou acidentes mas, a verdade é que ninguém planeja esse tipo de coisa e elas podem acontecer a qualquer hora. Um deles pode morrer nesse exato momento enquanto você lê essa nota.
Todavia, é sabido pela sociedade que discos não são mais rentáveis. São as viagens pelo mundo que giram a roda da economia metaleira, então a notícia boa é que se depender dos artistas apaixonados por música e seus produtores interesseiros gananciosos (ou vice-versa), os grupos só devem parar com os shows por conflitos internos ou morte de integrantes. E nosso país é sempre seriamente cotado pelos músicos a fazer parte de suas viagens ao redor do globo com a banda. Somente nos últimos 4 anos tivemos duas edições do Monsters of Rock, outras duas edições do Rock In Rio, com uma terceira ainda esse ano, com alguns clássicos no recheio.
Moral do artigo de opinião: Se você parar pra pensar, com exceção da bilheteria, vivemos hoje a melhor época para presenciar um evento de música ao vivo. Os artistas estão (suficientemente) bem, as bandas estão em ativa, a tecnologia nos trouxe uma melhor aparelhagem de som e imagem tanto pra reprodução nos telões quanto para gravações pessoais, e nos tornamos os mais respeitosos e tranquilos em comparação com os fãs de outros gêneros. Exemplo disso, pesquisas feitas em 2013 em shows e festivais, incluindo o Rock In Rio, mostraram claramente que os eventos de Pop e Axé tiveram até o dobro de ocorrências médicas e policiais, envolvendo abuso de drogas, alcool, brigas e furtos, em comparação aos de Rock/Heavy Metal.
Então, amigo leitor, aproveite enquanto você pode, enquanto você consegue. Nada nem ninguém te garante que amanhã vai continuar tudo bem. Sim, eu sei que turnês no Brasil dificilmente vão além de SP/RJ/RS, mas faça um esforço e não perca a oportunidade. Seus familiares talvez te perturbem por ter "gastado dinheiro com besteira", mas lembre-se: Só você mesmo talvez entenda o amor que sente pela música ou pela banda e só você mesmo realiza seus sonhos. E aqueles R$300,00 pelo Black Sabbath que eu comentei anteriormente? Valeu cada centavo.
Crie ótimas lembranças em shows, fotografe e filme porque no futuro próximo, quando fãs e ídolos estiverem mais velhos, estas memórias, fotos e vídeos serão somente o que nos restarão ao ouvirmos suas músicas e assistirmos suas bandas cover.
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