Rock de hoje: vazio como comer no McDonald's
Por Nacho Belgrande
Fonte: Site do LoKaos Rock Show
Postado em 25 de setembro de 2011
Por Mick Wall, traduzido por Nacho Belgrande.
Eu estava conversando com Scott Gorham (guitarrista do THIN LIZZY) um dia desses para uma matéria que eu estava escrevendo sobre o Thin Lizzy para a (revista britânica Metal Hammer). Isso implicava em revisar todos os antigos discos do Lizzy, um a um. Eu tinha feito isso os antigos na companhia de Brian Downey, Scott e eu estávamos concentrados nos discos nos quais ele tinha tocado, começando com ‘Night Life’ em 1974, e terminando uma década depois com ‘Thunder & Lightning’.
Isso fez que ambos se percebessem que jornada musical o Thin Lizzy tinha sido naqueles anos. Desde as guitarras choronas e canções folk celtas de seus álbuns mais antigos – epitomizadas pelo primeiro hit deles, ‘Whiskey In The Jar’ – passando pelo funk ‘light’ do primeiro disco de Scott com eles, seguidos pelo raunch n’ roll de seus anos de cowboy como a banda de marginais mais perigosos da cidade, até a decadência rumo ao inferno da heroína com seus apagados derradeiros anos. Cada disco do Thin Lizzy documentando sua ascensão e queda tão precisamente quando um blog diário.
Mas isso é como as coisas eram em relação às bandas de rock e seus discos. É por isso que cada disco do Led Zeppelin era tão diferente. Como Jimmy (Page) me disse mais de uma vez: "A música sempre era escrita sobre fosse lá onde estivéssemos naquela altura da vida."
É por isso que cada álbum, não importa o quão grandioso ou pequeno na opinião de outra pessoa, de qualquer banda que teve alguma importância, eram declarações musicais tão definitivas. Lá na época em que lançar dois discos por ano – como o Lizzy e outros faziam – e nada de singles – no caso do Zeppelin e do Pink Floyd – era a norma, tudo girava em torno de participar da jornada.
O que o Sabbath faria em seguida? O Deep Purple poderia mudar de direção mais uma vez? E pro Yes, o que sobra?
Bem, esses dias já se foram há muito. Agora não se trata da jornada, mas de achar a fórmula que lhe leva ao Top 10 e daí repetir o mesmo feito ad nauseum. Trata-se de manter as coisas num nível coorporativo; alinhar-se com o mainstream. Trata-se de dinheiro e poder.
E se você perdeu a mão, musicalmente, ou comercialmente, ao longo dos últimos anos, e você está procurando uma via expressa para voltar, você simplesmente volta e cai no mercado da nostalgia. Assim como (o último disco de ALICE COOPER) ‘Welcome 2 My Nightmare’. Assim como o relançamento de tantos discos ‘históricos’. Referindo-se a setembro de 2011, que significa ‘Nevermind’ do Nirvana, ou ‘Peace Sells’ do Megadeth, ou o catálogo inteiro do Pink Floyd.
Nós não nos importamos mais com a jornada musical. Nós só queremos chegar direto no nosso destino de escolha, tudo já bolado de antemão para nós, como pedir comida chinesa para viagem de um cardápio cheio de números.
Algumas vezes não há nada de errado nisso. Em um momento, uma vez que eu tiver terminado de escrever isso, eu levarei meus filhos até o MacDonald’s e será um belo dum agrado de fim-de-semana para eles. Como assistir a um daqueles DVDs da série ‘Classic Albums’ é para os grisalhos pitando em seus cachimbos metafóricos e estralando seus dedos do pé em seus chinelos figurativos.
Mas pros meus filhos, amanhã será de volta à comida feita em casa, preparada de modo diferente cada vez. Tentar fazer com que eles experimentem algo novo, mesmo que eles nem sempre tenham idade suficiente para dar valor ao esforço que estou fazendo.
Quem está fazendo isso por eles com sua música? Quem está por aí agora que vai conduzi-los na mesma jornada musical de uma vida que o Zeppelin e o Lizzy e todos os outros me levaram?
Falando sério, quem?
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