Metal: Evoluir ou se Preservar?
Por Marcelo Kuri
Postado em 04 de agosto de 2009
Tenho certeza que esta pergunta paira no ar toda vez que uma banda, do chamado meio Metal, se reúne para início de um processo de composição/gravação de um novo álbum. Existem sim exceções em que uma provável evolução nasce naturalmente durante a composição de novas músicas, principalmente quando estamos falando de músicos mais desenvoltos e que por um motivo ou outro acabam por não se apegar a este tipo de preocupação. Porém duvido que, durante algum momento no processo de composição ou gravação esta dúvida ao menos não sobrevoe a cabeça do músico, e aqui não se exclui nem mesmo aqueles músicos menos apegados a este tipo de pensamento. A ordem das perguntas pode variar de músico para músico, mas questões do tipo: Como os fãs vão receber esta nova sonoridade? Como nós como uma banda nos sentiremos frente a esta nova sonoridade? Nos orgulharemos deste novo caminho tomado no futuro? Coisas do tipo irão, inevitavelmente, aparecer.
Mas e nós que fazemos parte de um público que, querendo ou não, sempre nos orgulhamos das raízes deste estilo musical? Até que ponto essa evolução descaracteriza completamente a sonoridade (e porque não a filosofia e aparência) que tanto apreciamos? Garanto que, primeiramente, não exista um só fã que não se orgulhe das raízes que este estilo musical possui. Cada um de nós tem histórias particulares que, em algum momento de nossas vidas, fizeram com que este estilo musical integrasse (para alguns muito para outros nem tanto) a história de nossas vidas e que nos fizesse sentir mais vivos ao som das guitarras distorcidas. Por outro lado, mesmo que contraditoriamente, sentimos muitas vezes a marginalização do som e a necessidade de uma mudança que nos faça sentir novamente aquela sensação que tivemos ao ouvir o que hoje nós mesmos classificamos como um clássico de determinado estilo. Para analisar friamente a questão pegaremos um exemplo prático: Heaven & Hell do Sabbath. Existem aqueles que amam (acredito que a maioria) e aqueles que, apesar de preferirem a época Osbourne, admiram e gostam do álbum. Aquilo foi ou não foi uma evolução? Se o leitor aqui me permitir expressarei minha opinião: Foi sim uma baita evolução! Antes que os aficionados pela era Osbourne me esculhambem vou me explicar. Evolução aqui não significa sair de algo ruim e ir para um melhor, mas sim simplesmente mudar o rumo das coisas. A contribuição do Sabbath original para o estilo que apreciamos não é mensurável, porém a mudança na sonoridade é clara frente ao resultado de Heaven & Hell. Passados muitos anos do lançamento e com os ânimos menos exaltados somos capazes de avaliar um pouco mais friamente o impacto deste álbum na cena Metal. Não cabe a mim aqui (e nem serei pretensioso o bastante) para julgar o que é melhor (mesmo porque sou um grande fã das duas gerações do Sabbath), mas que ali encontramos uma clara evolução isto ninguém pode negar. As razões desta mudança também são claras, porém não importantes quando nos focamos única e exclusivamente no termo evolução. Não pretendo também dissecar o álbum, mas o contexto que gostaria de transparecer é que ali se moldava uma grande mudança, a qual muita gente torceu o nariz e hoje estende pôsteres deste álbum em suas paredes.
Alguns de vocês agora podem me perguntar: Você é então um forte adepto da evolução dentro do metal? Está ai uma perguntinha matreira que me fez parar para escrever este texto. Sempre que nos fazem esta pergunta inevitavelmente nos vem à cabeça casos de fracasso que não vou aqui dar nome aos bois, mas que você, leitor, por si só já deve ter em mente neste momento. Acredito que toda e qualquer mudança requer dedicação, perseverança e principalmente identidade. Temos a tendência e confundimos muito, mudanças com perda ou troca de identidade. Já no âmago da discussão podemos separar a chamada evolução em dois distintos campos, a saber:
1) Que envolvem mudanças de identidade
2) Que não envolvem mudanças de identidade
Todas aquelas que geram uma mudança de identidade são mais ousadas e conseqüentemente mais perigosas, porém não necessariamente desnecessárias (desculpem a incoerência). Aquelas que não geram uma mudança de identidade são mais facilmente assimiladas, mas em contrapartida podem, assim como no 1º caso, não surtir o efeito desejado.
Em ambos os casos podemos, ou não, assimilar esta evolução. Eu particularmente sou um pouco averso (e aqui reitero que coloco minha opinião em particular) a mudanças que refletem em uma descaracterização de identidade visto que, na grande maioria dos casos, esses novos rumos levam as bandas a migrarem por caminhos que não correspondem aquilo que esperamos dela: a característica ( e a sonoridade é claro) de ser uma banda de Metal.
Portanto, respondendo a tal perguntinha matreira, me considero (e não tenho vergonha de admitir) que sou um headbanger conservador, mas (e bota importância neste mas) acredito que uma boa e bem encaixada evolução (que se caracterize como do tipo 1 descrita acima) é mais que necessária e importante para a sobrevivência e evolução deste estilo musical, evitando assim que ele se torne simples, ordinário e se caracterize em uma mera reciclagem.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Guns N' Roses anuncia valores e início da venda de ingressos para turnê brasileira 2026
Megadeth anuncia mais datas da turnê de despedida
Os cinco maiores guitarristas de todos os tempos para Neil Young
"Estou muito feliz pela banda e por tudo que conquistamos", afirma Fabio Lione
Fernanda Lira desabafa sobre ódio online e autenticidade: "não sou essa pessoa horrível"
Helloween cancela shows na Ásia devido a problemas de saúde de Michael Kiske
O álbum de Lennon & McCartney que Neil Young se recusou a ouvir; "Isso não são os Beatles"
A melhor banda ao vivo de todos os tempos, segundo o lendário Joey Ramone
Os dois guitarristas que são melhores que Ritchie Blackmore, de acordo com Glenn Hughes
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
A melhor banda de rock de todos os tempos, segundo Bono do U2
Rockstadt Extreme Fest terá 5 dias de shows com cerca de 100 bandas; veja as primeiras
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
"Fade to Black" causou revolta na comunidade do metal, segundo Lars Ulrich
The Troops of Doom tem van arrombada e itens furtados na Espanha
35 músicas de bandas de rock com mais de 1 bilhão de reproduções no Spotify
Max Cavalera: Os motivos que o levaram a sair do Sepultura
O astro do choro brazuca que tocou com John Paul Jones sem saber quem ele era
De fãs a palpiteiros, o que o heavy metal e o futebol têm em comum
A música com mensagem positiva que chegou do nada e disse o que eu precisava ouvir
Por que fãs de rock e heavy metal gostam tanto de ir a shows?
Ego - o lado mais sombrio do Rock
Como uma música completamente flopada me apresentou a uma das bandas do meu coração
Será que não damos atenção demais aos críticos musicais?
Um obrigado à música, minha eterna amiga e companheira
Rush: Quando foi que a banda se tornou legal?
Guns N' Roses: 10 músicas que seriam ótimas de se ouvir na reunião



