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Alguém lembra do velho compacto?

Por Anderson Nascimento
Postado em 15 de junho de 2003

Dia desses aí o carteiro entregou lá em casa mais uma das muitas encomendas que ele costuma entregar. Sou um sem-tempo que adotou a internet como modo mais fácil de manter em dia a minha coleção de cds, discos, dvds e afins. Só que a embalagem, dessa vez, em nada lembrava as tradicionais embalagens de cds e dvds que costumam aportar na minha casa. Abri o pacote bem devagarzinho, com todo o cuidado, mantendo aquele clima, e... bom chega de suspense... a embalagem continham dois compactos (isso mesmo, aquela miniatura do lp, que geralmente traziam duas músicas). "Pô!" deve estar pensando o leitor, "algum sebo on-line?". Não! Aí é que está o grande atrativo: tratam-se de dois novos lançamentos em compacto de vinil dos Autoramas e dos Ratos de Porão.

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Os compactos foram retirados abruptamente do mercado fonográfico brasileiro em meados dos anos 80,e friamente substituídos pelo insosso disco mix, também com (normalmente) duas músicas mas no tamanho do lp tradicional. O novo formato não pegou e acabou matando o compacto no Brasil, fato que é corroborado pela tentativa de se lançar cds singles por aqui, coisa que infelizmente acaba não rolando por vários motivos, entre eles o preço. Já vi cds singles a mais de dez Reais. É inconcebível, os mesmos não deveriam custar mais que cinco Reais. Cd single é para ser comprado com dinheiro de troco, tipo você meter a mão no bolso, retirar alguns trocados e pronto. A função dos compactos ou dos cds singles é divulgar as músicas que são carros-chefes dos novos álbuns. Além disso, é lá que estão colocadas os famosos "lados B", sobras de estúdio, músicas que o artista não está pretendendo trabalhar, versões diferentes de músicas já conhecidas e atrativos em geral. E eu pergunto: onde o artista põe esse material hoje em dia?

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Mas voltando ao assunto inicial, vibrei muito ao estar com os dois disquinhos nas mãos. Não teve jeito, o saudosismo bateu na veia. Lembrei-me dos supermercados com aqueles cestos de compactos com preços irrisórios, onde as pessoas pegavam dois, três, como quem escolhe maçãs para comprar. Fato bem diferente de hoje em dia, quando lembramos que a média de preço dos cds já está na casa dos trinta e poucos reais. As capas na maioria das vezes traziam arte diferente da capa do lp correspondente. Havia todo um romantismo naquele época. Deu saudade.

Apesar de possuir uma boa quantidade de compactos em minha coleção, somente dois foram comprados zero km, são o "Free as a bird" e o "Real Love" ambos dos Beatles e lançados em 95 e 96 respectivamente. Nessa época o vinil no Brasil já estava indo para o espaço e, claro, os comprei importado pagando um pouquinho mais caro que o tradicional. Os outros são itens adquiridos em sebos, pois na época do compacto eu ainda não possuía autonomia financeira. A sensação gostosa aqui foi adquirir material recente dos Autoramas e dos RDP em compacto e por um preço de compacto, R$5,00 cada.

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O disco dos Autoramas, com lançamento apenas em vinil, traz três músicas, sendo duas inéditas e uma versão instrumental da já conhecida "Copersucar". O dos RDP é a versão em vinil do álbum "Guerra civil canibal", lançado em 2000 em cd. A versão em cd possui oito músicas, este compacto traz cinco músicas e, pasmem, vem acompanhado de poster e encarte com as letras das músicas, tudo isso por cinco reais. Ah! Não posso esquecer de um detalhe: os vinis são de cor amarela, fugindo da tradicional cor preta.

Não poderia fechar esta matéria sem parabenizar e citar os nomes dos responsáveis por manter vivo o sonho do vinil e proporcionar momentos tão saudosistas e ao mesmo tempo tão reais. Parabéns à MONSTRO DISCOS (www.monstrodiscos.com.br), distribuidora dos compactos, e à POLYSOM, única fábrica de vinis em atividade no Brasil, localizada no município de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. É sempre bom recordar aqueles tempos em que a badalada frase "Disco é cultura" poderia muito bem ser lida como "Disco é cultura que dá pra comprar!".

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Saída de Nando cria expectativa para o próximo disco dos Titãs

A saída de Nando Reis dos Titãs é um acontecimento que pode ser considerado um divisor de águas na carreira da "Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana". Nando sempre foi o meu Titã preferido, musicalmente, nas composições, o cara é bom mesmo. Existem verdadeiras pérolas encravadas nos seus três álbuns solo. Confesso que quando ouvi o último disco dos Titãs, previ que este seria o último de Nando com a banda. A melhor faixa do álbum, "O Mundo é Bom Sebastião" é dele, e difere completamente do restante do trabalho. Para os Titãs isto representa uma perda lastimável, para Nando acho que será bom para sua carreira solo. O próximo lançamento dos Titãs será decisivo para o futuro da banda.

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Para Beatlemaníacos

Uma grande notícia para os beatlemaníacos. O último disco de Ringo Starr, "Ringo Rama", lançado nos EUA em março, acaba de aportar aqui no Brasil em versão nacional. O disco pintou por aqui, como de costume, com muito atraso em relação à data de lançamento no exterior. A versão tupiniquim é idêntica à importada, capa, encarte, número de faixas. A única diferença em relação ao importado é que o gringo vem acompanhado de um DVD com imagens da gravação do disco e outros extras que ilustram o lançamento. Ringo Rama é o primeiro lançamento de inéditas de Ringo Starr desde o surpreendente "Vertical Man", 1998, e segundo o que a imprensa anda comentando, o disco é ainda mais rock'n'roll que "Vertical Man", que já trazia o peso das ilustres participações de Ozzy Osbourne, Steve Tyler, Tom Petty, Alanis Morriset, Paul McCartney e George Harrison. Desta vez os convidados, também muito ilustres, são os guitarristas David Gilmour (Pink Floyd) e Eric Clapton (Deus). Em breve esta coluna trará um review sobre o novo álbum de Ringo Starr e também sobre sua carreira.

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Review Clássico:
Electric Light Orchestra
Time, 1981

Os anos 80 foram muito cruéis com a velha guarda do Rock, o que se viu foram grandes ídolos do passado se afundando na tentativa de fazer discos moderninhos e pretensiosos, muitas vezes alterando até o seu estilo próprio para soar anos 80. Paul McCartney lançava o seu primeiro álbum pós-Wings, o fraquíssimo "McCartney II", os Rolling Stones com o sem sentido "Emotional Rescue", o Queen com o vazio "Hot Stuff", o The Who fazendo cover de si mesmo com "It's Hard", só para citar alguns grande artistas que cometeram esses álbuns.

Mas nem tudo estava perdido, em 1981 Jeff Lyne junto com a Electric Light Orchestra anunciavam um novo tempo, uma nova era, cheia de saudosismo e um pressentimento inquietante do que poderia nos reservar o futuro. Sem a Orquestra tradicional de seus discos anteriores e com o elenco reduzido a quatro integrantes, coube aos sintetizadores e teclados ceder suas teclas e botões para que de dentro deles saíssem sons que formariam a trilha sonora do futuro, um futuro pouco desejado mas iminente. O disco se sai muito bem na função que lhe é designada e transcorre como se fosse um filme sendo apresentado aos seus espectadores: "Senhoras e Senhores, eu trago uma mensagem de uma nova era, onde a escuridão e a luz andam juntas, e por você andar pelos corredores da sanidade, você se sente feliz, mas incapaz de ir além. Eu tenho uma mensagem de um novo tempo..." (Prologue – Trad. Livre, Anderson Nascimento). E por aí vai, será que já não estamos nesse futuro onde a luz e escuridão já se fundiram? Vivemos com medo todos os dias... quem diria, o "Poder Paralelo" (isso mesmo, com letras maiúsculas!!!) tomou conta do Rio de Janeiro, um novo dialeto é falado nos morros, novas leis... nem os EUA estão livres do pânico em que vivemos neste momento, tragédias no WTC, atiradores que matam à deriva..."Se lembra dos bons e velhos anos 80? Quando as coisas eram tão descomplicadas? Eu gostaria de poder voltar lá novamente, e tudo seria como antes". (Ticket the moon – Trad. Livre, A.N). E por aí vai, o disco é uma verdadeira viagem com passagens lindas como em "Ticket To The Moon" onde Jeff diz "Consegui um ticket para a lua, e estarei subindo bem alto acima da Terra muito em breve, e as lágrimas que eu chorar cairão como chuva levemente em sua janela". Aliás esta música é de fazer chorar mesmo, principalmente nos dias de hoje. O disco segue com momentos paradisíacos como "The lights go down", angustiantes "Here the news", até fechar em grande estilo com Harrisonniana "Hold On Tight" onde Jeff impressiona com vocais que remetem aos anos 60, totalizando uma música perfeita onde os coros e harmonias soam uníssonas e sua letra nos passa uma mensagem de otimismo e de esperança.

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Graças à Jeff Lyne e a Electric Light Orchestra um tesouro foi deixado no início dos anos 80 e está aí para a nossa geração e a que virá à procura de "Time" e dos bons e velhos anos 80.

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Sobre Anderson Nascimento

Anderson Nascimento é Analista de Sistema e Professor Universitário de profissão, tendo cursado Pós-Graduação em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas na PUC-RJ. Sua grande paixão é a música, começou a colecionar discos ainda na época do vinil, em 1986, com o álbum Abbey Road dos Beatles. Esse foi o primeiro passo para esse hobby que viria a se tornar tão importante em sua vida. Entre as várias atividades no meio musical, Anderson é compositor e integrou a banda de rock Projeto:Paradoxo entre 1996 e 2004. Anderson é um ávido colecionador de discos e também escreveu sobre música em vários veículos de comunicação.
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