U2 e o dia amargo do grupo Pão de Açúcar
Fonte: Isto É Dinheiro
Postado em 23 de janeiro de 2006
Por Ivan Martins
A cena não poderia ser mais constrangedora para uma das maiores e mais tradicionais marcas do País. Um grupo de consumidores postados em frente a uma loja do Pão de Açúcar, na Zonal Sul de São Paulo, saudava aos gritos o seu principal concorrente: "Carrefour, Carrefour, Carrefour". Era a manifestação de ira de uma multidão frustrada por não conseguir comprar ingressos para o show da banda de rock U2, marcado para 20 de fevereiro no estádio do Morumbi, em São Paulo. O protesto foi transmitido ao vivo pela Rede Globo em horário nobre, com audiência estimada em quase cinco milhões de pessoas. Eram sete horas da noite de segunda-feira 16, um dia desastroso para a imagem da maior rede de supermercados do País. Desde a madrugada anterior, filas quilométricas haviam se formado em frente a 12 lojas (10 em São Paulo, duas no Rio de Janeiro). Mais de 100 mil pessoas se aglomeravam para adquirir os 73 mil ingressos para o show. Deu tudo errado. A impressão dos bilhetes eletrônicos se arrastava por 10 a 20 minutos. Fãs mais afoitos furavam a fila. Idosos e gestantes recebiam "gorjetas" para comprar ingressos. Na internet, o site, congestionado, não funcionava. Os clientes tradicionais iam às compras e não conseguiam entrar nas lojas. Quando, no final do dia, a direção da rede resolveu fechar três supermercados, o tumulto se instalou. Em alguns deles, houve chutes nas portas e depredação de placas com o logotipo da companhia.
Nem paredes, nem portas ficaram tão machucadas quanto a marca Pão de Açúcar. "Pegou mal para a empresa porque gera frustração no público", diz Adriana Cury, presidente da McCann Erickson. Na realidade, o Pão de Açúcar tem apenas uma parcela da culpa. O grupo da família Diniz é uma das patrocinadoras dos shows do U2 e emprestou suas lojas. A operação da venda de ingressos ficou sob responsabilidade dos promotores, a Planmusic e a Accioly Entretenimentos. O mico sobrou para o Pão de Açúcar por ser a marca de maior visibilidade e a única entre as três com contato direto com o consumidor final. Por isso, pergunte a qualquer um dos 100 mil fãs que penaram na fila sob um sol de 35 graus: quem é o responsável por tal calvário? A resposta imediata: Pão de Açúcar.
Para alguns especialistas, a rede não pode ser inteiramente absolvida. "Talvez, ela tenha se entusiasmado com os possíveis benefícios do patrocínio e esquecido de outras variáveis. A associação com a imagem de modernidade, inovação e preocupação social da banda seria positiva para qualquer empresa", diz Eduardo Tomiya, diretor geral da Interbrand. "O Pão de Açúcar criou uma expectativa e não conseguiu satisfazê-la." O escorregão fatal residiu em abrir as portas de suas lojas para uma atividade que não é a sua, a venda de ingressos. E, por conta disso, atendeu um público que não é predominantemente seu, jovens entre 16 e 23 anos. Pior: disponibilizou apenas 12 pontos para vender mais de 70 mil ingressos. "Enfrentamos o imponderável", diz Eduardo Romero, diretor de marketing institucional do Pão de Açúcar. "Não mais colocaremos nossas lojas à disposição para esse fim."
Tão logo a situação tornou-se insustentável, os executivos elaboraram um plano de emergência. Gerentes e funcionários distribuíram senhas e colheram nomes e telefones dos fãs. A seguir, criaram um banco de dados com as informações. Na quarta-feira 18, atendentes do call center da companhia começaram a ligar para os jovens interessados e marcaram horário e local para retirada do tíquete. Desde a terça-feira, a companhia publicou nos jornais comunicados com informações sobre o assunto. É pouco, avalia João Fortunato, diretor da Brand Security, consultoria em marcas. "Caberia um pedido de desculpa pública, pela TV", afirma. Uma rápida pesquisa, ou uma consulta à C&A, poderia evitar a surpresa para o Pão de Açúcar. Dias antes do início das vendas, um sujeito chamado Adriano Macêdo colocou na internet uma série de 10 dicas de como enfrentar a corrida pelos ingressos. Macêdo assistiu à primeira apresentação do U2 no Brasil, em 1998. Na dica número 2, "Os Ingressos", escreveu: "se, em 1998, os ingressos eram adquiridos nas lojas C&A de todo o Brasil e se esgotaram em poucos dias, quem dirá agora, vendidos em apenas algumas lojas do Pão de Açúcar". Era a crônica de uma confusão anunciada.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
O melhor baterista de todos os tempos, segundo o lendário Jeff Beck
Jon busca inspiração no Metallica para shows de reunião do Bon Jovi
A banda com quem Ronnie James Dio jamais tocaria de novo; "não fazia mais sentido pra mim"
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
A melhor música que Bruce Dickinson já escreveu, segundo o próprio
A única música do Pink Floyd com os cinco integrantes da formação clássica
As músicas que o AC/DC deve tocar no Brasil, segundo histórico dos shows recentes
Gus G explica por que Ozzy ignorava fase com Jake E. Lee na guitarra
Ingressos do AC/DC em São Paulo variam de R$675 a R$1.590; confira os preços
Show do AC/DC no Brasil não terá Pista Premium; confira possíveis preços
O melhor disco do Anthrax, segundo a Metal Hammer; "Um marco cultural"
Pede música no Fantástico! Morrissey cancela show no Brasil pela terceira vez
Paisagem com neve teria feito MTV recusar clipe de "Nemo", afirma Tarja Turunen
Serj Tankian diz que tentou sair do System Of A Down e que o grupo tentou outro vocalista
Andreas Kisser: "Essa coisa de roqueiro ter que ser de esquerda é uma grande besteira"
A melhor música do Black Sabbath para ouvir chapado segundo o Black Sabbath


Rick Rubin elege o melhor álbum do U2, o de maior proporção de boas canções
O "defeito" de Madonna que chamou a atenção de Bono, do U2
O guitarrista nada virtuoso que, segundo The Edge, revolucionou a guitarra
O vocalista que para Bruce Springsteen tem o mesmo "complexo de messias" que ele
Noel Gallagher relembra encontro com Paul McCartney e U2 em bar de São Paulo



