Mutantes levam público ao delírio em Londres
Fonte: Terra Música
Postado em 23 de maio de 2006
Thomas Pappon
Os Mutantes deram o pontapé inicial de sua aguardada turnê internacional com o pé direito. O show no centro cultural Barbican, na noite chuvosa de segunda-feira em Londres, o primeiro em 33 anos dos Mutantes com os irmãos Serginho e Arnaldo Baptista e o baterista Dinho, foi um triunfo.
O grupo tocou todas as músicas mais importantes dos cinco primeiros discos e várias faixas em inglês do álbum Technicolor e conquistou a platéia com seu alto astral - como nos velhos tempos.
A noite começou nervosa. O promotor do Barbican, Bryn Ormrod, subiu ao palco, pediu desculpas pelo atraso e anunciou que Serginho Dias Baptista iria testar a guitarra, enquanto os técnicos faziam os últimos acertos no som geral.
Serginho subiu ao palco, vestido de mosqueteiro, com colante bege e uma longa echarpe branca. Ele tentou tirar som da guitarra, mas nada aconteceu. Três técnicos, todos ajoelhados no palco, tentaram solucionar o problema. Os minutos passaram, Serginho desistiu, deu de ombros e voltou para a coxia.
Eletricidade
Podia-se sentir no ar a eletricidade da expectativa do público ¿ que lotou o Barbican. Não havia um assento vazio.
Mais alguns minutos se passaram, o promotor voltou ao palco e anunciou os Mutantes. O público foi ao delírio, vendo Arnaldo e Serginho entrando, fantasiados e sorridentes.
O grupo abriu com Dom Quixote e Caminhante Noturno, com pequenos problemas no som da guitarra. Arnaldo, à esquerda do palco, sentado aos teclados, Serginho à direita, e, no centro, a "novata" Zélia Duncan, que, no começo, não parecia muito à vontade.
Ela não é Rita Lee, nem tentou ser. Cantou o vocal principal em poucas músicas, serviu como uma presença central feminina no palco, interagindo mais com os músicos da banda do que com o público.
A banda, aliás, além de Zélia, Dinho, Serginho e Arnaldo, tinha um tecladista, uma percussionista, um baixista, um músico que tocou teclados, violão, flauta doce, flauta e cello, além e dois vocalistas, um homem e uma mulher, nos backing vocals.
Ninguém gritou "Rita", Zélia foi bastante aplaudida quando anunciada e Serginho e Arnaldo pareciam se entender muito bem com ela.
Arranjos originais
Os Mutantes optaram por arranjos originais, substituindo as orquestrações mais complicadas por gravações ou samplers, como em Dom Quixote, e preservando as harmonias vocais - sempre distintas, um dos grandes fortes do grupo.
Serginho comandou a banda e os vocais e mostrou porque era tido como o maior guitarrista de sua geração em vários solos.
Arnaldo, discreto no teclado e vocais, irradiava carisma e alegria por estar ali. Cantou Dia 36 , que ficou impecável. Mas bom mesmo foi ouvir as vozes de Serginho e Arnaldo, juntas. É como visitar o bairro da Pompéia, São Paulo, em 1969.
À medida que a banda relaxava e ganhava confiança, o público se animava mais ainda.
Mandaram bem em Ave Gengis Khan, Desculpe, Babe (em inglês), Technicolor, Virgínia, Cantor de Mambo, El Justiciero (com uma brincadeira de Serginho, dizendo que o primeiro-ministro britânico Tony Blair iria chamar el justiceiro George W. Bush para acabar com o crime na Grã-Bretanha), Minha Menina (bem conhecida do público britânico, graças ao sucesso de uma versão recente feita pelo grupo The Bees), Baby (sensacional), Premier Bonheur Du Jour, Dois Mil e Um e Top Top.
À altura de Ando Meio Desligado, Bat Macumba (com participação do cantor neo-folk americano Davendra Banhart, nos backing vocals) e Panis et Circensis, o Barbican era uma farra só: todo mundo de pé, pessoas dançando, cantando junto e gritando we love you.
Nos camarins, Serginho e Dinho contaram do sufoco dos ensaios e da ansiedade com o primeiro show depois de tantos anos. O clima era de alívio e felicidade. Os Mutantes conquistaram o público, como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se nunca tivessem sumido.
E esse foi só o primeiro show. Fiquei pensando como vai ser o quarto ou quinto, quando estarão nos Estados Unidos. Vão estar tinindo, provavelmente fazendo justiça às palavras da revista Time Out na semana passada, que os chamou de "a maior banda psicodélica de todos os tempos".
BBC Brasil
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Rafael Bittencourt explica atual relação com Edu Falaschi e possibilidade de novos shows
Lynyrd Skynyrd fará shows em Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre
O dia que Rob Halford viu Ozzy Osbourne peladão e curtindo a vida adoidado
Rafael Bittencourt explica por que Fabio Lione saiu do Angra
A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
Jimmy Page faz post e comenta atual opinião sobre show do Led Zeppelin em 2007
Brasileira Marina La Torraca é anunciada como nova vocalista do Battle Beast
Sepultura confirma datas da última turnê europeia da carreira
A resposta de Rafael Bittencourt sobre possibilidade de Bruno Valverde deixar a banda
Steve Harris não descarta um grandioso show de despedida do Iron Maiden
As duas músicas do Iron Maiden que nunca foram tocadas no Brasil - e podem estrear em 2026
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
A mensagem curta e simbólica sobre o Sepultura que Iggor Cavalera compartilhou no Instagram
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
A banda que fazia rock nacional dos anos 80 já nos anos 70
Bruce Springsteen e a canção que mudou a história do rock para sempre
Marilyn Manson: 7 coisas que você não sabia sobre ele


As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
Por que Mutantes não tocavam no Brasil todo nos anos 1970?
A banda de rock que se afastou e Tim Maia ficou com saudades do convívio
A banda dos anos 1990 que Sérgio Dias dos Mutantes adorou: "Deu canja e não saia do palco"
A curiosa letra original no feminino de "Balada do Louco" que Rita Lee compôs



