Maiden: Bomba atômica teria inspirado música
Por Bruno Campos do Prado
Fonte: MaidenPortal.com
Postado em 29 de junho de 2006
No comentário enviado ao Whiplash por Alessandro Faga (link logo abaixo) a respeito do nome do próximo disco do Iron Maiden, A MATTER OF LIFE AND DEATH, é levantada a hipótese de que este título poderia ter sido inspirado no filme homônimo sobre um piloto de bombardeiro da Segunda Guerra Mundial. Mas o que chama mais a atenção – talvez pela proximidade com o tema do filme - é o título da 3ª música: "Brighter Than a Thousand Suns" (Mais Brilhante que Mil Sóis). Este título é o mesmo de um livro escrito por Robert Jungk cujo original em alemão é "Heller als tausend Sonnen. Das Schicksal der Atomforscher".
O livro fala a respeito de cientistas que teriam participado do Projeto Manhattan. Este era um projeto semi-secreto dos EUA com a finalidade de desenvolver da 1ª bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial em 1942. Os americanos tinham fortes razões para acreditar que a Alemanha de Hitler estava prestes a desenvolver uma arma de fissão nuclear antes de qualquer nação.
O governo americano preparou então operações secretas no front de batalha europeu (Alsos e Paperclip são as mais famosas) com a finalidade de capturar recursos nucleares alemães, materiais, e de seqüestrar importantes cientistas nazistas para auxilia-los no desenvolvimento do projeto Manhattan, evitando assim que caíssem nas mãos dos soviéticos. Além disso, os americanos queriam descobrir o que de fato os alemães sabiam sobre a criação de uma bomba atômica. O Projeto Manhattan acabou desenvolvendo três bombas nucleares em 1945:
- "Trinity": detonada para testes em 16 de Julho perto de Alamogordo, Novo México, EUA (primeira bomba nuclear do mundo)
- "Little Boy": detonada em 6 de Agosto sobre a cidade de Hiroshima, Japão.
- "Fat Man": detonada em 9 de Agosto sobre a cidade de Nagasaki, Japão.
Em Brighter than a Thousand Suns, Robert Jungk cita uma suposta afirmação do diretor científico do projeto, Robert Oppenheimer, após presenciar o cogumelo atômico e a onda de choque gerada na explosão da bomba Trinity:
"If the radiance of a thousand suns
were to burst into the sky,
that would be like
the splendor of the Mighty One —
I am become Death, the shatterer of Worlds."
Se o brilho de mil sóis
explodissem no céu
isso seria como
o esplendor do Poderoso Ser
Tornei-me a Morte, Destruidora de mundos
Antes, durante e depois da execução do projeto da bomba atômica muitos físicos discutiram sobre o uso das novas descobertas da ciência em aplicações nocivas ao homem, Albert Einstein foi o principal deles. Einstein defendeu o desenvolvimento de bombas nucleares em 1939, mas foi preterido da participação no projeto de sua criação por ser considerado suspeito para os EUA. Após o uso das bombas de Hiroshima e Nagasaki ele passou a adotar um discurso contrário ao uso da tecnologia nuclear e desde então criou-se uma discussão ética e religiosa a respeito do tema.
Se a música fala mesmo da experiência que gerou a primeira bomba atômica só saberiamos após ouvi-la (*), mas é plenamente possível que o Iron Maiden aborde este tema, pois a banda já chegou perto disto em Tail Gunner ao citar o Enola Gay (avião que jogou a bomba sobre Hiroshima). O que poderia ser ainda mais saboroso para os fãs se este disco fosse mesmo conceitual, como o Seventh Son..., ainda que isto tenha sido desmentido pela banda recentemente.
* Poucas horas depois da publicação deste artigo, Bruce Dickinson confirmou na revista Kerrang que a música é mesmo baseada neste tema da primeira bomba atômica.
Apenas com os nomes das músicas não podemos chegar a nada além de meras suposições. "Out Of The Shadows" também é título de filme e livro, talvez relacionado a Opus Dei. "Lord Of Light" é mais outro livro de ficção científica, onde um grupo de pessoas domina a tecnologia para se passarem por deuses. E "The Longest Day" é o título de um livro de 1962 que parece ter mais relações com o que foi mencionado aqui, pois se trata de uma leitura sobre a resistência francesa à espera da confirmação da invasão na Segunda Guerra Mundial.
Se os conteúdos dessas músicas se confirmarem, teremos um prato cheio para os que gostam de álbuns temáticos bolarem suas teorias, mas é tudo suposição, por enquanto.
Um disco repleto de conteúdo tão fascinante como guerras e religião, sendo temático ou não, resgataria o pouco de brilhantismo que ainda falta ao Iron Maiden para voltar a ser a banda que foi nos anos 80. Mas mesmo um disco repleto de conteúdo religioso e bélico, se for repetitivo como os últimos ou se tiver temas pouco aproveitados pode precipitar o fim de uma era.
Resta-nos então aguardar se este novo álbum nos trará alegrias ou tristezas, pois a única conclusão a que podemos chegar até o momento é que este lançamento será literalmente uma questão de vida e morte para a banda.
Artigo originalmente publicado no site MaidenPortal.com.
Os links para mais informações sobre o que foi citado neste artigo encontram-se abaixo:
Livro Brighter Than a Thousand Suns (em inglês)
Projeto Manhattan (em português)
Testemunhas da bomba Trinity (em inglês)
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