Tom Araya, vocalista do Slayer, critica os direitos religiosos
Por Alexandre Inglez Wenceslau
Fonte: Straight Magazine
Postado em 27 de julho de 2006
Texto original de Adrian Mack
Matéria publicada na revista Straight Magazine, em julho de 2006
Lutando para encontrar a palavra certa, Tom Araya do Slayer diz: "Meu filho está interessado em – como é mesmo – Meemo? Nemo?" Será que ele quis dizer EMO? "É isso aí, Emo. Ele ouve My Chemical Romance e gosta também de Taking Black Sunday. Eles têm uma música boa". É claro que têm, Tom!
O baixista e vocalista de 45 anos conversa com a revista Straight em um quarto de hotel em Dallas uma semana após o início da turnê Unholy Alliance do Slayer. Ele se mostra muito educado e com a voz tão suave que, às vezes, o som da TV invade a entrevista. Fica feliz ao reconhecer que seus dois filhos adoram as trilhas sonoras de ‘Grease – Nos Tempos da Brilhantina’ e ‘Cowboy do Asfalto’ – graças à mãe –, mas também ouvem Ramones quando estão com ele no carro. "E também coisas antigas do Metallica e Megadeth", diz ele, cuidadosamente enfatizando ‘coisas antigas’. "As coisas boas", acrescenta rindo. "Mas queremos que eles estejam bem moldados no que diz respeito à música".
A sensação de estarmos falando de um pai de família sensato e atencioso é estranha, pois Araya é parte do Slayer, uma banda que ainda representa o que há de melhor no thrash metal e seu antecessor, o pânico moral. Quando o Slayer lançou sua obra prima ‘Reign in Blood’, em 1986, a única coisa mais intensa, rápida e mais violenta na época foi o som dos poderosos se borrando nas calças. A banda foi acusada de pregar o fascismo e o satanismo, de um lado pelos cristãos e do outro pelos políticos. Notavelmente – até o verão de 2006 – o Slayer ainda não havia se envolvido em nenhuma guerra de poder, uma vez que seus críticos mais fervorosos, a igreja e o estado, têm, de alguma maneira, as mãos mais sujas de sangue. Sem querer se vangloriar, Araya declara: "A música sempre foi acusada de muitas coisas. Até mesmo Mozart e Beethoven em seu tempo foram censurados por alguma coisa".
Sem considerarmos o pensamento imparcial de Araya, a dedicação do Slayer em expor a religião organizada permanece forte como nunca. Seu último trabalho, ‘Christ Illusion’, continua o implacável ataque ao Esquadrão de Deus desde o refrão de ‘Cult’ ("Religião é ódio, religião é medo, religião é guerra / Religião é estupro, religião é depravação, religião é uma vagabunda") até a brilhante e ofensiva arte da capa, que retrata um Jesus decadente, sem os braços e sem um dos olhos, submerso até a cintura em um mar de sangue e corpos.
"Eu acho a arte fantástica", diz ele. "Quando vimos a primeira versão, pensamos que ele deveria parecer mais chapado. Na leitura seguinte, ele estava com um olho fechado e o outro aberto e girando. Achamos que estava muito melhor! Então amputamos um braço – na verdade acho que ele o perdeu depois de tantas picadas–, então na terceira versão, ele já estava sem o outro braço".
Em outra parte de ‘Christ Illusion’, as visões políticas do Slayer continuam, como sempre, complexas. ‘Jihad’ entra na cabeça de um guerreiro sagrado, enquanto ‘Consfearacy’ parece voltar ao ponto em que a banda estava após seu último trabalho, ‘God Hates Us All’, ser lançado em 11 de setembro de 2001. No áspero despertar daquele dia fúnebre, o Slayer transformou uma das melhores faixas do álbum, ‘Payback’, em um hino de vingança contra Osama Bin Laden e Saddam Hussein. Quando pedimos para Araya falar sobre a música, ele é cuidadoso.
"Creio que [‘Consfearacy’] é a visão de Kerry sobre política", diz ele, referindo-se ao guitarrista Kerry King, "sua opinião sobre o que acha errado no governo Bush. Muito do que acontece na economia e na guerra está representado em ‘Consfearacy’. Porém não estamos querendo convencer ninguém de nada. Não somos políticos".
É uma resposta razoável. Como especialistas em política e questões sociais, digamos que o Slayer é uma excelente banda de speed metal, e, com base neste propósito, Christ Illusion deve ser o álbum mais rápido e pesado que esta banda de meia-idade já compôs. As faixas ‘Consfearacy’, ‘Fleshstorm’ e ‘Cult’ são Slayer puro. A harmonia delicada de guitarra e o chimbau rápido que concebem a faixa ‘Jihad’ nos remetem ao ambicioso ‘South of Heaven’, assim como o mid-tempo e o peso de ‘Catatonic’. A violência da bateria e a destruição em todos os departamentos dominam, do começo ao fim de ‘Christ Illusion’. Com o retorno triunfal do baterista original, Dave Lombardo, este é o primeiro álbum com a formação original do Slayer em 15 anos.
O mais importante é lembrar que dos quartetos de metal dos anos 80s, como Anthrax, Metallica e Megadeth, o Slayer foi o único que preservou sua dignidade. Comemorando suas bodas de prata com um álbum, que não deve, de maneira alguma deseja reafirmar o ‘reinado de sangue’ de outrora, Araya está desfrutando de sucesso e longevidade improváveis. "Estamos felizes após estes 25 anos?", pergunta ele. "Para que todos saibam, sim".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A melhor banda de rock de todos os tempos, segundo Bono do U2
Mystic Festival terá cerca de 100 bandas em 4 dias de shows; confira os primeiros nomes
"Melhor que os Beatles"; a banda que Jack Black e Dave Grohl colocam acima de todas
As 50 melhores bandas de rock da história segundo a Billboard
Andreas Kisser quer que o último show do Sepultura aconteça no Allianz Parque
Bangers Open Air 2026: cinco apresentações que você não pode perder
A maneira curiosa como James Hetfield reagia aos fãs que o ofendiam por conta de "Until It Sleeps"
Bono cita dois artistas que o U2 jamais vai alcançar; "Estamos na parte de baixo da escada"
Helena Nagagata reassume guitarra da Crypta
"Come to Brazil" - 2026 promete ser um ano histórico para o rock e o metal no país
Deep Purple continuará "até onde a dignidade humana permitir", declara Ian Gillan
A banda que Lars Ulrich chamou de "o Black Sabbath dos anos 90"
Três Álbuns Seminais Lançados em 1975, nos EUA
Tobias Forge quer praticar mergulho para tornar uso de máscara no palco menos claustrofóbico
Regis Tadeu e Sérgio Martins revelam roqueiros que usam peruca: "Vai dizer que você não sabia?"
A banda de Heavy Metal definitiva para Ronnie James Dio
O hit do Led Zeppelin que melhor captura sinergia com Robert Plant, segundo Jimmy Page
O hit dos Rolling Stones que John Lennon e Mick Jagger discordavam da qualidade
Max Cavalera acha que novo álbum do Soulfly tem a mesma vibe de "Reign in Blood", do Slayer
Slayer anuncia edição comemorativa do álbum "Hell Awaits"
O pior disco de cada banda do Big Four do thrash, segundo Mateus Ribeiro
Kerry King coloca uma pá de cal no assunto e define quem é melhor, Metallica ou Megadeth
Metallica x Megadeth: Kerry King escolhe sua favorita e explica o motivo
A curiosa história por trás de uma das frases mais ofensivas da carreira do Slayer
Kerry King (Slayer) escolhe seu preferido entre Metallica e Megadeth
As 40 músicas que marcaram a vida do redator Mateus Ribeiro
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
As 30 maiores músicas da história do Heavy Metal, segundo o site WatchMojo
As dez melhores bandas de heavy metal dos EUA, na opinião de Mateus Ribeiro



