Bad Religion: mau pressentimento sobre o mundo
Por César Enéas Guerreiro
Fonte: Chart Attack
Postado em 28 de setembro de 2006
Autor Original: Shehzaad Jiwani
Se você acha que o novo álbum do Bad Religion vai sair antes do fim do ano, a banda tem uma confissão a fazer.
"Não começamos ainda", admite o baixista e membro fundador Jay Bentley, com um certo embaraço. "Fomos preguiçosos. Se você procurar a palavra ‘preguiçoso’ no dicionário, nossa foto deveria ficar bem ao lado".
Embora mensagens postadas online pela banda afirmem que o novo LP, ainda sem título, pode chegar às lojas em meados de dezembro, Bentley ri e nega tais afirmações.
"Estivemos mentindo bastante. É como se perguntassem: ‘Você fez sua lição de casa?’ Claro... ‘Você terminou aquele álbum?’ Não".
Para compensar a falta de material novo, o BR está fazendo uma turnê pelo Canadá com seus amigos do Dropkick Murphys, além do Clit 45 e da banda canadense de metalcore, Comeback Kid.
"Foi um ano parado para nós, porque deveríamos estar compondo o novo álbum", diz Bentley. "Mas foi um ano maluco e incomum porque tocamos em muitos shows fora de turnês. Na verdade, nem chegamos a fazer turnês. Temos conversado com os nossos amigos do Dropkick Murphys há algum tempo sobre fazermos uma turnê juntos; fomos pra Inglaterra tocar em alguns festivais com eles e, quando estávamos lá, falamos sobre esse assunto novamente. Ao voltarmos, chamei nosso agente para saber se podíamos organizar alguma coisa, porque seria muito divertido. A idéia, que todos gostaram, era percorrer o Canadá antes do inverno e simplesmente viajar de leste a oeste com o Dropkick Murphys e algumas outras bandas".
Embora o Bad Religion não vá entrar no estúdio antes de fevereiro, Bentley diz que eles já têm uma idéia clara do rumo a ser tomado pelas letras do novo álbum.
"‘The Empire Strikes First’ foi um álbum em geral dedicado à política americana. Mas agora que já foi feito, lançar outro álbum desse tipo seria como chicotear um cavalo morto. As letras poderão voltar a tratar de idéias sociopolíticas e do que é importante para um ser humano, possivelmente com muita coisa do tipo ‘O que vamos fazer agora?’ Acho que, quando lançamos nosso último álbum em 2004, queríamos alguma mudança, que acabou não acontecendo. Agora essa mudança é inevitável, mas não de um modo positivo. Estamos vivendo o que se passa depois de uma atrocidade, e as pessoas responsáveis simplesmente ficam impunes. Ninguém se sentirá bem depois disso. É como se você tivesse acabado de ser assaltado".
O baixista acha que, mesmo depois que a atual administração norte-americana deixar o poder, sobrarão muitos problemas a mais para o povo resolver.
"Acho que todos nós estamos pensando: ‘O que eu faço agora?’ Que caminho devemos seguir?’ Ainda não há um plano para tratar da questão do Oriente Médio. Não há nada. Esse parece ser o grande problema. Há muitas outras questões de menor importância que a atual administração simplesmente impôs para o mundo sobre as quais as pessoas não vão ter idéia alguma pelos próximos 10 anos e eu acho que isso é algo que todos nós já discutimos. Uma coisa que está atormentando todo mundo é esse medo sobre o que vai acontecer agora".
A banda planeja tornar certas questões, como os intermináveis problemas no Oriente Médio e o déficit norte-americano de R$300 bilhões, mais fáceis de entender, através de músicas que educam ao invés de passar sermões.
"Nós sempre tivemos essa idéia de ‘Como colocar uma vida inteira de emoções em uma música punk de dois minutos?’", Bentley reflete. "Você descobre um jeito. Posso te assegurar que um pino quadrado encaixa num buraco redondo se você tiver um martelo bem grande".
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