Eric Clapton & Jeff Beck: carreiras, rivalidade e projetos
Por Ricardo Schuh
Fonte: Rolling Stone
Postado em 22 de fevereiro de 2010
Na nova edição da revista Rolling Stone, Jeff Beck e Eric Clapton sentam pela primeira vez para discutir antigas rivalidades, heróis do Blues e os segredos da arte deles. Abaixo um pouco da conversa de David Fricke com Clapton.
Como você julga o fato de que Jeff Beck não é um astro tão grande quanto você?
"Ele deliberadamente esculpiu essa imagem. Eu não acho que ele vá negar isso. Ele gosta de ficar só. Ele quer ficar embaixo do carro, trabalhando nos motores. Ele fez aquela gravação onde ele canta (o hit britânico 'Hi Ho Silver Lining', de 1967) e raramente fez isso novamente. Isso é sempre um ponto de discordância. Eu conversei com seu empresário, Harvey (Goldsmith), depois que ele assinou com Jeff. Eu disse 'Você vai coloca-lo para cantar?', e ele disse 'Vou tentar'. Boa sorte. Mas se ele não estiver motivado (a fazê-lo), acho que ele está perdendo. É algo bom de fazer".
A maioria dos guitarristas do grupo de elite que você mencionou (na matéria integral) – Robert Cray, Buddy Guy, BB King – são cantores. Jeff, não.
"Ele canta quando toca. Ele tem aquela inventividade melódica que estávamos falando ontem (na casa de Beck) que ele coloca em tudo que toca. Derek (Trucks) é outro exemplo. Eu acho que Derek deveria cantar. Porque ele tem a mesma coisa. Ele tem a Voz".
Uma mentalidade vocal.
"Exatamente. Mas eu me preocuparia com o sacrifício que eles teriam que fazer em termos de técnica, para passarem a focar em serem vocalistas".
Na conversa, os dois falam sobre suas experiências com Jimi Hendrix, setlists para os shows em conjunto (composições de Charles Mingus e Albert Collins estão sobre a mesa) e complicações na técnica de cada um (Beck cita o timing e fraseado de Clapton; Clapton elogia o trabalho da mão direita "multitarefa" de Beck). Eles também explicam porque levou quatro décadas para que se reunissem. "Nós dois estávamos tentando ser bananões", diz Beck. "Exceto por eu não ter tido os luxuosos sucessos que Eric conseguiu." Clapton conta a Fricke que eles não poderia ter colaborado nos sessenta e setenta por um grande motivo: "Porque éramos inimigos, basicamente."
Os dois não se esquivam de uma conversa franca sobre a causa da rixa – o relacionamento de ambos com o YARDBIRDS, a banda psicodélica de R&B de que participaram Clapton, Beck e Jimmy Page na guitarra (nessa ordem). Clapton admite que ele esperava que a banda acabasse sem ele, mas ficou surpreso quando ele se tornaram ainda mais bem sucedidos. "Eu queria ser o mais crítico possível sobre ele", diz Clapton. "Me magoou profundamente porque eu conseguia ver que, com Jeff, eles estavam indo além do que eu era capaz." Beck abala Clapton ao insistir que a banda o reverenciava. "Eles estavam aterrorizados."
Clapton ainda revela que está trabalhando em um novo album, possivelmente intitulado "Whiplash" – e o projeto de diversas covers pode se tornar um álbum duplo. "Eu estou tocando covers de qualquer coisa que sempre desejei tocar," ele diz. Para saber mais sobre o projeto, além dos comentários de Beck sobre os momentos sombrios da carreira e os "negócios inacabados" de Clapton com o Blind Faith, veja toda matéria na nova edição. E ainda mais, leia sobre a edição de 2010 do festival Crossroads.
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