Indústria: por que é que alguém ainda pagaria por uma música?
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 18 de março de 2014
O triunfo dos serviços de streaming e das rádios digitais consitituem a terceira onda de destruição da indústria musical nos últimos 15 anos.
O WALL STREET JOURNAL divulgou essa semana que o site Amazon visa adentrar o já lotado mercado de rádios digitais, seguindo os passos da iTunes Radio da Apple [que por sua vez seguiu a rádio Spotify, que seguira o Pandora, e assim vai]. Na mesma semana, a Apple anunciou que a iTunes Radio já arrebatou 8 por cento do mercado de streaming musical dos EUA em apenas um ano, tornando-a a terceira maior estação de rádio digital dos EUA, atrás apenas da iHeartRadio, de propriedade da Clear Channel, e da Pandora.
E antes de você temer pelo futuro de sua loja online predileta, essa mesma empresa anunciou que os números de ouvintes e de horas de execução ambos subiram ao longo do ano passado, e a Pandora agora tem 9 por cento de toda a audiência das rádios nos EUA [incluindo canais em AM e FM].
Se há espaço suficiente no mundo do streaming digital para uma Pandora em expansão, um iTunes em expansão, uma nova rádio da Amazon, e uma rádio Spotify reformulada e reforçada por sua nova parceria com a empresa de software musical EchoNest – pro que é que NÃO há espaço na música?
Compras
"Os jovens de hoje em dia não compram música mais", disse Martin Pyykkonen, um analista da Wedge Partners. Os números corroboram com isso. De acordo com o balanço atual da auditora Nielsen relativo à indústria musical, as vendas digitais de música caíram ano passado pela primeira vez, em 6 por cento, enquanto a indústria musical se aproxima de um modelo de acesso em detrimento da propriedade. O Streaming ao todo [que inclui rádios digitais] subiu 32 por cento, chegando a 118 bilhões de execuções de faixas em 2013. O Streaming On-Demand [do tipo ‘escolha uma música e clique no Spotify] dobrou ano passado.
Essa é pelo menos a terceira onda de destruição sobre a indústria musical na última década e meia. Primeiro foi o Napster e os sites de downloads ilegais despedaçaram o formato álbum e distribuíram arquivos de músicas em um mercado negro que as gravadoras não conseguiam deter. Segundo, a Apple usou o medo e o desespero das gravadoras para enfiar um modelo de 99 centavos de dólar por faixa no iTunes, que efetivamente destruiu o poder de agregar faixas do formato álbum nos olhos de milhões de fãs de música [ainda que as vendas de discos de música country sejam muito altas]. Na última década, as vendas despencaram. Em terceiro, a rádio digital e os sites de streaming ficaram tão bons que agora muitos fãs de música se perguntam o porquê da necessidade de comprar álbuns, antes de qualquer coisa. Consequentemente, eles não os compram.
Esta não se trata de uma observação do tipo ‘a indústria musical está morta!’, mas, ao invés de constatar isso, numa época em que a indústria da televisão prova ser um dos melhores negócios da América, a indústria musical que produz um produto simples e facilmente duplicável, tem que competir com o que talvez seja a transformação tecnológica mais voraz de todos os ramos. Dar escolhas para os consumidores é algo perigoso.
Por Derek thompson para o The Atlantic
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