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Andre Matos: O que ele me ensinou e não pude agradecer

Por Lucas Rodrigues
Postado em 17 de junho de 2019

Termina "Reach Out For The Light" e Andre Matos finge cair sob os braços de Tobias Sammet, vocalista do AVANTASIA. ANDRE MATOS reverencia a banda e sai brincando com todos, arrancando gargalhadas do grupo e da plateia. 02/06/2019. Essa foi a última vez que o vi– assim como milhares de fãs presentes no Espaço das Américas, em São Paulo.

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Mas a influência dele como músico, artista e pessoa chegou em minha vida muito antes, ainda na infância. Na época nem sabia quem ele era, mas ouvia repetidamente no aparelho de som uma certa música da trilha sonora da novela "Beijo do Vampiro" e que, ainda hoje, considero uma das canções mais lindas do universo: Fairy Tale.

Adolescente depressivo do interior e sem acesso à internet, porém já amante de bandas como GUNS N' ROSES, OZZY OSBOURNE e METALLICA, dependia de amigos para conhecer outras variedades musicais. Um deles gravou um DVD contendo centenas de músicas. Entre elas, havia uma música aleatória perdida no meio, cuja descrição era "RituaLive – Here I Am".

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Como não tinha acesso ao Google nem nada, passei anos escutando aquela música sem fazer ideia de quem era o cantor ou os músicos que a executavam. Imaginava que era uma banda gringa. E ficava impressionado com os dotes vocais daquele cantor misterioso, assim como da fusão do metal melódico com a doçura sombria do piano.

A charada só foi descoberta após começar a trabalhar, aos 16, e poder finalmente ter acesso à internet. Ali descobri o SHAMAN, cuja formação original já havia se desfeito. No combo veio o ANGRA, AVANTASIA, VIRGO, SYMFONIA e tudo o mais que envolvia a voz do Andre.

Desde então a voz desse multi-instrumentista passou a estar presente em praticamente todos os momentos da minha vida, dos mais fúteis aos mais importantes.

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Nas tristezas e problemas amorosos me socorria com "Face The End", "Fairy Tale", "White Summit", "Born To Be", "Wuthering Heigths" e "Make Believe". Nos dias mais elétricos (ou na hora da academia) não podia faltar "Carry On", "Letting Go", "Here I Am", "Distant Thunder", "Over Your Head", "Turn Away", "Rio", "I Will Return".

Quando apenas queria apreciar a beleza do som, me deleitava com "Time To Be Free", "Carolina IV", "Holy Land", "When The Sun Cried Out", "In The Night" e "A New Moonlight". Com essa última canção citada sempre me perguntava: como o mundo não conhece essa ópera-rock delicada e poderosa, com tantas nuances e reviravoltas que enchem a alma de qualquer um?

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Assim como os tweets do Eduardo Cunha, é possível dizer que há uma música composta/interpretada pelo Andre Matos para qualquer momento da vida.

Porém, o mais importante disso tudo é o que diferencia a obra deixada pelo Andre. A relação que geralmente temos com a música é a de incorporá-la como um entretenimento, uma distração, um acessório, um elemento a mais para tornar a existência mais feliz e/ou para nos passar sensações.

Com o André era além. A obra dele, por si só, deu lições importantíssimas de vida e de carreira. Ao decidir nunca lançar um álbum igual ao outro ou repetir fórmulas prontas de sucesso (seja no ANGRA, SHAMAN ou carreira solo), ele ensinou a importância da autenticidade e de sempre buscar o aprimoramento em tudo o que nos dispomos a fazer. Ensinou que a arte mecânica, encomendada, embalada a vácuo, tem pouco valor.

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Andre ensinou que tudo feito com capricho, estudo, cuidado e delicadeza fica mais bonito. Reparem que até as músicas mais simples dele possuem algum elemento a mais para o bolo não ficar sem a "cereja".

Sempre que queria passar alguma mensagem, ideia, ou ambientar o ouvinte em determinada situação, inseria o máximo de elementos, mesmo os mais sutis, para cumprir esse objetivo.

Reparem na beleza da miscelânea em "Carolina IV", do som dos oceanos em "Lullaby For Lucifer", das tribos em "Rescue", a declaração do ancião com os batuques crescendo em "The Shaman" e a canção dos quatro patinhos na introdução de "Over Your Head" (apesar de admitir que, nesta última, nunca entendi muito bem o conceito). Esses exemplos são evidências cabais da qualidade e primor do trabalho do Andre, que não se contentava com nada "mais ou menos".

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Ainda ensinou a necessidade de valorizar a nossa identidade ao sempre inserir elementos da cultura brasileira em suas músicas, mostrando o quanto é rica, diversa e com infinitas possibilidades de ser explorada em prol da arte.

Andre mostrou que o reconhecimento vem para quem tem talento e busca fazer o seu melhor. Que não é preciso se ajoelhar ao mercado e se limitar a dançar conforme a música que mais vende. Que não é preciso criar falsas polêmicas ou simular fatos na mídia para obter espaço. Mesmo com momentos conturbados em sua carreira, ele sempre se posicionou de forma moderada, coerente e honesta, evitando acusações, vitimizações ou qualquer forma de usar os fatos para se promover.

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Se recusava a ter redes sociais, por mais que isso pudesse alavanca-lo - como comunicador, sempre achei isso um erro terrível e se tivesse a oportunidade me ofereceria para gerenciar tudo de graça, mas hoje entendo que era uma convicção dele e cabia apenas respeitar.

Também ensinou o valor da humildade e do perdão quando ocorreu o retorno do Shaman, no ano passado, após tantos anos de hiato. "Nasce da humildade, nasce da compreensão, nasce do perdão e do amor que a gente tem àquela coisa que a gente fez e que foi interrompida em determinado momento", disse o próprio, em entrevista ao canal Heavy Talk.

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Queria muito poder dizer ao Andre que ele me ajudou a acreditar que eu poderia alcançar meus objetivos se me dedicasse muito e desse meu melhor, apesar de todas as dificuldades de quem vem de família humilde e do interior. Que me ajudou a ser perfeccionista, detalhista e exigente comigo mesmo e com tudo o que eu faço na minha vida e trabalho. Que me alertou a nunca se acomodar como pessoa nem como profissional, por mais que as circunstâncias fossem favoráveis.

Apesar de ter conseguido ir a três shows (um solo e dois do SHAMAN), sempre na grade, para poder conhece-lo um pouco mais de perto, nunca pude falar com o Andre pessoalmente. Nas conversas com a galera da fila dos shows, geralmente eu era quem vinha de mais longe (Cuiabá).

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Mesmo que agora seja impossível agradecê-lo cara a cara, deixo esse "muito obrigado" póstumo. Para que a família, amigos e pessoas próximas saibam que o legado dele não só teve uma importância grandiosa na minha vida, mas na vida de muitas outras pessoas.

Para que saibam que sua obra e sua influência continuam mais vivos do que nunca.

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Sobre Lucas Rodrigues

Lucas Rodrigues mora em Cuiabá, estuda Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso, trabalha no site MidiaJur, produz curta-metragens, atua e tenta cantar. Curte do Hard Rock ao Black Metal e acompanha o trabalho de bandas como Guns N' Roses, Andre Matos, Avantasia, Metallica, Angra, Shaman, Epica, Scorpions, Black Label Society e Ozzy Osbourne.
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