Max Cavalera: ele sempre gostou mais das letras do punk, politizadas, que do metal
Por Igor Miranda
Fonte: Metal Hammer Portugal
Postado em 19 de julho de 2020
O vocalista e guitarrista Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy, ex-Sepultura) falou sobre a sua conexão com o punk e com as letras mais politizadas em entrevista a Jéssica Mar para a Metal Hammer Portugal. Durante o bate-papo, o músico citou algumas de suas influências no estilo e pediu para que haja menos racismo no metal.
Max pontuou, inicialmente, que "é bom o metal ter algo para falar". "Viemos de uma era do metal que é misturada com punk rock, principalmente o nosso começo. Na época dos nossos primeiros discos, eu e o Iggor (Cavalera, baterista e irmão ed Max) escutávamos muito punk rock, e eu gostava das letras - sempre gostei das letras do punk, mais do que as do metal. Então, fui para esse lado mais politizado", afirmou.
Em seguida, o músico mencionou as principais referências que trouxe do punk e afirmou que ainda faz composições políticas, porém, com variedade maior de assuntos. "Quando comecei a fazer músicas com uma consciência mais política, veio mais o lado punk das coisas que escuto, como Dead Kennedys, Black Flag, GBH, Discharge... hoje em dia, o meu trabalho ainda tem um pouco de política, mas é mais misturado, tem outros temas. Curto fazer letras políticas, mas não quero cair no lance de ser taxado como uma banda política, quero a liberdade de falar do que eu quiser", disse.
As críticas ao trabalho de Max Cavalera sempre existiram - até mesmo no começo, quando o Sepultura foi julgado por, simplesmente, gravar músicas em estúdio. "Gente conservadora, que fala mal, vai existir sempre, principalmente hoje com a internet - tem gente que vai na internet só para falar mal. Mas isso sempre existiu. Quando gravamos o primeiro EP 'Bestial Devastation' (1985), muita gente criticou, dizendo que a banda se vendeu porque gravou um EP. Tem gente que quer que fiquemos na caverna. Não se pode escutar essas pessoas, tem que fazer o que quer, o que o coração e a cabeça mandam", afirmou.
Por fim, o músico destacou a "irmandade entre as pessoas" que existe no metal e apelou para o fim do racismo na comunidade. "Muitas pessoas de cores, culturas e religiões diferentes são ligadas pelo metal. Em qualquer parte do mundo, o que nos liga é o metal. E uma das minhas esperanças é que haja menos racismo no metal, termos no metal aquilo que fracassou na sociedade", concluiu.
A entrevista completa pode ser lida no site da Metal Hammer Portugal.
Max Cavalera e política
Em outras declarações recentes, Max Cavalera se posicionou mais abertamente sobre temas políticos, incluindo os que envolvem o Brasil. Ao site americano Reading Eagle, o músico fez críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
"O Brasil tem um histórico de líderes corruptos, (embora) tenhamos alguns bons presidentes que fizeram algumas coisas para o país. Eu estava lá quando ele (Bolsonaro) foi eleito e era um clima muito estranho. Foi similar a quando (o presidente dos Estados Unidos, Donald) Trump foi eleito aqui. Metade do país votou nele; a outra metade, não. Eu me sinto muito negativo sobre as coisas que ele diz a respeito de índios e negros. Ele não liga para a comunidade indígena. É a coisa que mais me incomoda", afirmou, na ocasião.
Em entrevista ao Uol, concedida em novembro de 2018, Max e seu irmão, o baterista Iggor Cavalera, também falaram sobre política e deixaram suas posições um pouco mais evidentes. Max por exemplo, disse que sempre quis fazer música "para o pessoal oprimido". "A nossa música vem da raiva, mas é um ódio contra a intolerância, contra o que a gente acha errado", disse ele, que é crítico de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, mas falou com certa cautela sobre o Brasil.
Também em novembro de 2018, o frontman do Soulfly disse, em entrevista à GaúchaZH, que evita comentar sobre a política do Brasil para não "ficar meio como hipócrita", já que mora nos Estados Unidos há muitos anos.
"Sei que rolou muita coisa ruim. O Lula indo preso, o PT, a roubalheira. Acho que o pessoal tá de saco cheio. Isso acontece no mundo inteiro. Chega um limite em que as pessoas não aguentam mais. E aí precisa de mudança. Para opinar, fico meio como hipócrita, não vivo aqui. Mas eu fiz uma música nesse disco novo do Soulfly que se chama 'Evil Empowered', que é sobre a corrupção. Todos os que viram presidentes ou líderes, eles meio que sofrem a doença da corrupção. Eu odeio política, odeio políticos. É muito raro ver um honesto. Ao mesmo tempo, eu quero o melhor para o Brasil. Eu acho que o Brasil mudou muito desde a época em que morei aqui", disse.
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