Renato Russo: produtores envolvidos em operação dizem que não há músicas inéditas
Por Igor Miranda
Postado em 28 de outubro de 2020
Os produtores Marcelo Fróes, que teve materiais do cantor Renato Russo (Legião Urbana) apreendido pela Operação Será da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ), e Carlos Trilha afirmaram que não há músicas inéditas de Renato no acervo deles. A informação foi apurada em reportagens de Carol Prado, para o "G1", e Guilherme Lucio da Rocha, para o "Uol".
Iniciada há cerca de um ano, após uma denúncia de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, a Operação Será realizou busca e apreensão na última segunda-feira (26) em um estúdio na zona sul do Rio de Janeiro. Marcelo Fróes, envolvido diretamente e notável por produzir gravações póstumas de Renato, e Carlos Trilha, que trabalhou com o artista no passado, declaram que os registros existentes trazem gravações inéditas de músicas que já foram lançadas, e não canções inéditas.
Carlos Trilha exemplificou, em postagem no Facebook, que "as tais 'versões inéditas' de músicas que já existem é quase certo que sejam apenas remixagens utilizando-se as vozes guia das faixas que possuíam este registro (Renato odiaria isso). O que existia de material inédito já foi totalmente espremido".
Trilha esclareceu, ainda, que a operação não ocorreu nos estúdios dele e que Renato Russo nunca trabalhou diretamente com Marcelo Fróes, que é jornalista e pesquisador. Marcelo produziu apenas materiais póstumos de Renato. "É realmente lamentável que a morte de um artista possa conduzir sua obra à um universo de critério artístico duvidoso dirigido por pessoas que nunca estiveram realmente próximas à ele", comentou.
Ao "G1", Marcelo Fróes afirmou que a família de Renato Russo recebeu, em 2002, um relatório com todos os materiais de música do cantor. Neste texto, não há nenhuma citação a canções inéditas do artista.
"É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre música inédita, aquela totalmente nova, que ninguém nunca ouviu, e gravação inédita, que é a música já conhecida, gravada de uma forma diferente. Se falarmos em gravações de músicas já conhecidas, posso afirmar que existem muito mais do que 30 inéditas. Há muito material guardado, que também tem um altíssimo valor histórico", disse.
Já ao "Uol", Fróes comentou: "Eu sabia melhor do que ninguém que existia material para se fazer conteúdo póstumo, mas esses projetos pararam porque rolam muitas animosidades entre as partes envolvidas. É claro que existe um material muito precioso e eu sempre deixei isso claro para todo mundo, sempre fomos provocados sobre isso. Mas, desde 2010, não mexo nesse acervo. Só vejo más notícias sobre isso, e a última delas bateu na minha porta".
Clique para acessar as reportagens de Carol Prado, para o "G1", e Guilherme Lucio da Rocha, para o "Uol", com mais informações sobre o caso.
A versão da polícia
Conforme publicado por "G1" e "Uol", o delegado Mauricio Demétrio, titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), declarou que há "pelo menos 30 músicas em versões inéditas", sem pontuar se as canções são inéditas.
"O cumprimento do mandado de busca e apreensões foi altamente produtivo e conseguimos provas robustas, que em breve vão ajudar a esclarecer toda a verdade sobre o que estava acontecendo. Tem pelo menos 30 músicas em versões inéditas", disse.
O delegado completou: "Foi feito um serviço, a pedido de uma gravadora, e há menções de canções e versões de canções inéditas. E a gente tem que confrontar o dono do direito autoral, que é o filho do Renato Russo, para ver se ele tinha conhecimento desse material que está no caixa-forte de uma gravadora".
Até o momento, Giuliano Manfredini não se pronunciou publicamente sobre o caso.
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