João Gordo: ele entende fã de metal que "não manja de política", mas punk não
Por Igor Miranda
Fonte: Meteoro Brasil
Postado em 24 de março de 2021
O vocalista e apresentador João Gordo, do Ratos de Porão, fez uma diferenciação entre os fãs de heavy metal e de punk rock, no que diz respeito a opinião sobre política, em entrevista ao canal de YouTube Meteoro Brasil. As declarações foram transcritas pelo Whiplash.Net.
O assunto veio à tona após um dos entrevistadores, Sandoval Matheus, fazer uma pergunta em que associa apoiadores do presidente Jair Bolsonaro a "fascistas". "Estávamos falando dos fascistas, esses caras que realmente incomodam e querem agredir. A gente descobre que eles estão onde menos esperamos. Suponho que você já tenha descoberto alguns fascistas entre os fãs de Ratos de Porão. Como você lida com esses caras?", questionou Sandoval.
Como o som do Ratos de Porão une elementos do punk rock/hardcore e do thrash metal, Gordo destacou que há, ao mesmo tempo, punks e headbangers entre os fãs da banda. O vocalista disse, então, que enxerga ambos os públicos de forma um pouco diferente.
"Tem muito pessoal headbanger que é fascista e reaça. Tem vários deles. Dou uma desculpa que, geralmente, headbanger não manja muito de política. Se você pega as letras das músicas deles, tem letra sobre o martelo de Thor, ou a espada do capeta, ou o pentagrama. O que eu fico revoltado é com a cambada de punk, caras da minha idade, que virou reaça. O cara pegou 50 anos de punk, desde os anos 1970, fez um canudo e enfiou no c*. O que é isso?", afirmou, inicialmente.
Em seguida, ele completou: "Se o cara pensa assim hoje, ele sempre pensou assim. É que no começo do punk, lá em 1982, quando a gente se reunia na Galeria do Rock e tal, nossa ideologia era tosca, rudimentar, não sabíamos muito".
Na visão de João Gordo, é essencial conhecer outras culturas para acabar com alguns preconceitos que, segundo ele, vêm "do berço". "Geralmente, você começa a viajar. A partir de 1989, eu viajei todos os anos ao menos duas vezes. Então, você começa a conhecer outras culturas e vai eliminando esses preconceitos que vêm do berço. Viramos pessoas Mas esses caras que ficaram lá na vida inteira deles [...] têm a mesma ideia, a mesma cabeça que tinha em 1982. Não evoluiu nada. Por isso, eles encontraram esse pessoal de extrema-direita, 'neopetec', e acham legal", disse.
Definindo Jair Bolsonaro como "fascista", o vocalista do Ratos de Porão comentou: "Como alguém pode ser punk e apoiar um cara que é racista, fascista, que apoia tortura? É incrível isso aí. O mundo está bem bizarro. Não é só aqui, eu sei, mas parece que aqui é mais comédia. Não sei se é meu complexo de vira-lata (risos), mas aqui parece que é mais louco, mais sem sentido".
O entrevistador, então, perguntou: "E quando você encontra um amigo de 40 anos e descobre que o cara virou um reaça, um fascista do caramba. Você acolhe ou 'trata na bicuda'?".
Gordo, de início, respondeu: "Eu corto relações. Se eu vejo assim, vou tirar. Sei vários deles. Não vi nunca mais. Mas tem que tomar uma tirada. Tem alguns que são headbanger, de bandas que conheço há muitos anos, que eu descobri... pelo Facebook, você descobre quem segue o Bolsonaro, entre os seus amigos. E tem amigo meu f*da que segue. Já trombei com eles algumas vezes".
Em seguida, ponderou que só toma alguma atitude mais extrema se a pessoa menciona temas políticos em uma conversa com ele. "É válido que, pelo respeito de amizade que você tem de longos anos, você não toque no assunto de política. Porque todo mundo sabe o que eu acho. Mas se começar com papo de política, a amizade vai pras picas", concluiu.
Assista à entrevista de João Gordo ao canal Meteoro Brasil, na íntegra, no player de vídeo a seguir.
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