Gene Simmons conta como a insegurança afetou o Kiss em "Creatures of the Night"
Por André Garcia
Postado em 04 de dezembro de 2022
O Kiss se viu no fundo do poço com "Music From the Elder" (1981), detonado por críticos e fãs. Para piorar, vendeu tão pouco que nem sequer rendeu uma turnê — um vexame para alguém que até pouco tempo faturava disco de platina sem fazer esforço.
Quando entraram em estúdio em 1982 para trabalhar no que seria o "Creatures of the Night", Gene Simmons e Paul Stanley se viram inseguros e com a confiança em frangalhos por seus recentes tropeços.
"Estávamos andando com uma perna só", disse o baixista em entrevista recente para a Guitar World. "Se tivesse que descrever em uma imagem, seria nós sendo totalmente inseguros de nós mesmos. Na época do 'Creatures [of the Night'], mal éramos uma banda — era Paul [Stanley], eu e um monte de músicos a nosso redor que trouxemos para nos ajudar a gravar. Claro, tínhamos Eric Carr, que era ótimo baterista, mas ainda era muito novo."
"Pela primeira vez, tivemos compositores de fora para nos ajudar a escrever as músicas. Aquilo foi difícil para mim, porque pela primeira vez na história, nos sentimos totalmente inseguros do que fazíamos com o Kiss. [Até então] sempre acreditamos na visão do Kiss, mas as coisas saíram tanto do prumo que não sabíamos mais como corrigir a rota do navio."
"Quando fizemos o 'Creatures [of the Night]', Ace [Frehley] já tinha saído. Ele não aparece em uma única música no disco, sua única aparição foi para fotos promocionais. Ele ainda nos fez um favor em aparecer no clipe de 'I Love It Loud'. Mas mesmo isso acabou sendo um erro, porque, como ele claramente não sabia a música, ficou fingindo tocar do começo ao fim. Então não apenas estávamos inseguros como ainda nem sequer tínhamos um guitarrista solo."
"Apesar de tudo isso, a magia do Kiss brilhou. Estávamos reduzidos a dois membros originais e sem um guitarrista solo, mas as músicas até que se saíram bem. Devo dizer que não teríamos conseguido sem Eric [Carr] — ele deu duro para obter aquele som pesado de bateria. Aquilo ajudou a muitas daquelas músicas, como 'War Machine' e 'I Love It Loud', que pegaram e estão no nosso repertório até hoje", concluiu.
Kiss
Concebido e formado por Gene Simmons e Paul Stanley, o Kiss lançou seu álbum de estreia, autointitulado, em 1974, com Peter Criss e Ace Frehley completando a formação. Anônimo, o quarteto para chamar atenção do público adotou maquiagens, salto plataforma e roupas de couro.
O sucesso chegou com "Rock and Roll All Nite" emplacando em "Alive!" (1975) e o lançamento de "Destroyer" (1976), reconhecido como uma obra-prima.
A fama, no entanto, não fez bem à banda, provocando tensão entre seus membros e levando sua sonoridade por rumos mais pop que derrubaram sua popularidade. O fundo do poço foi "Music From the Elder" (1981), que vendeu tão pouco que nem sequer teve uma turnê.
No começo dos anos 80 a banda, abalada por mudanças na formação, amargou um novo fracasso comercial em "Creatures of the Night" (1982), apesar do hit "I Love It Loud". Em "Lick It Up" (1983), Gene e Paul partiram para o all-in ao abandonar as máscaras, sua marca registrada. A partir dali, embarcaram em uma fase mais hair metal, seguindo os passos de nomes como Mötley Crüe.
Em meados dos anos 90, o Kiss retornou às máscaras e a sua formação original, mas a reunião não durou muito. No começo dos anos 2000, com Eric Singer e Tommy Thayer no lugar de Peter e Ace, a banda chegou a sua formação mais estável, que permanece junta até hoje.
Sua turnê de despedida passou pelo Brasil no primeiro semestre de 2022.
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