Malcolm Young tinha músicas do AC/DC que entrariam para a história, mas se sentia inseguro
Por Bruce William
Postado em 30 de setembro de 2023
O AC/DC enfrentou uma situação difícil no início de 1980 quando perdeu seu vocalista, Bon Scott. A pergunta crucial era se a banda poderia continuar sem ele, já que Bon era uma parte fundamental da banda, não apenas como vocalista, mas como compositor e uma figura central em sua identidade. No entanto, os irmãos Young, conhecidos por sua tenacidade, decidiram seguir em frente, até mesmo como uma forma de homenagear Bon.
A escolha do novo vocalista recaiu sobre Brian Johnson, que enfrentou o desafio de preencher o espaço deixado por Bon, cuja voz era única. Brian contribuiu com letras que se encaixaram bem nos conceitos previamente desenvolvidos pela banda e trabalhou arduamente no álbum "Back in Black", que teve também como fundamental a presença do produtor Mutt Lange, pois ele conseguiu integrar a voz de Brian com o som da banda de forma mágica.
"Back in Black", gravado nas Bahamas entre abril e maio de 1980, não apenas colocou o AC/DC no topo das paradas novamente, mas também serviu como uma bela homenagem a Bon Scott, marcando o retorno da banda após a perda de seu amigo e parceiro, que inclusive já havia começado a trabalhar no álbum pouquíssimos dias antes da tragédia: "Bon escreveu um pouco do material, uma semana antes de falecer. Começamos a compor com Bon na bateria. Ele era originalmente um baterista. Ele batia forte enquanto eu e Malcolm trabalhávamos nos riffs", contou Angus Young em 2020 durante entrevista para a Total Guitar.
Nesta mesma entrevista, Angus enaltece as qualidades de Brian e reforça como o trabalho foi uma homenagem ao saudoso companheiro de banda: "Todo o álbum 'Back in Black' foi nossa dedicação a Bon. É por isto que a capa é totalmente preta, e ele começa com o toque de um sino, algo sombrio e diferente de tudo que já havíamos feito", se referindo ao início da música que abre o disco, "Hells Bells".
Outro destaque do álbum é a faixa título, que como explicou Igor Miranda em 2020, foi um complicado tributo a Bon Scott: "Lembro que a música 'Back in Black' foi particularmente difícil, pois os caras diziam: 'ouça, queremos que essa música seja em memória de Bon, mas não queremos que seja triste ou piegas, queremos que seja algo bom, uma canção positiva'", disse Brian Johnson sobre a música, cujo riff havia sido escrito por Malcolm, mas ele tinha dúvida se havia ficado suficientemente bom.
"Malcolm tinha o riff de 'Back in Black' fazia três semanas. Ele chegou uma noite e disse: 'Você está com a fita aqui? Posso gravar isso? Isso está me deixando louco'. E o mais engraçado é que ele me perguntou: ''O que você acha? Não sei se está uma droga ou não"', contou Angus Young em entrevista ao Boston Globe, conforme relatou Martin Huxley no livro "AC/DC: The World's Heaviest Rock".
Martin observa que "Back in Black" demonstrou facilmente como Brian Johnson se encaixou perfeitamente no AC/DC, não apenas como vocalista mas também como letrista, e embora as novas músicas demonstrassem uma sensibilidade lírica única diferente do que fazia seu antecessor, elas eram igualmente adequadas à persona coletiva da banda. "Não haveria como alguém escrever letras que não funcionasse com esses riffs. Poderia ter escrito qualquer coisa que soaria bem", disse Brian, sugerindo de forma modesta que o seu trabalho era relativamente fácil dados os riffs criados por Malcolm, aqueles mesmos que o saudoso guitarrista se sentia inseguro de usar.
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