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David Gilmour admite que hoje não lançaria uma das canções mais famosas do Pink Floyd

Por Bruce William
Postado em 30 de julho de 2024

Ao longo do tempo, é comum que autores de letras de música se arrependam de algumas de suas criações. Esse arrependimento pode surgir por diversos motivos desde mudanças pessoais, crescimento emocional ou uma maior consciência social e política. Muitas vezes letras escritas em um momento de imaturidade ou sob influências externas podem não ressoar mais com a visão de mundo atual do autor. Além disso, à medida que envelhecem, os músicos podem passar a se sentir desconfortáveis com mensagens que promovem comportamentos ou valores que já não consideram adequados ou que podem ser interpretados de forma negativa.

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Outro motivo para o arrependimento de letras de músicas é a evolução do próprio contexto cultural e social. O que pode ter sido considerado aceitável ou até mesmo revolucionário em uma época pode não ser mais visto da mesma forma anos depois. Letras que eram provocativas ou polêmicas podem se tornar problemáticas à medida que as normas sociais e os padrões de aceitação mudam. Isso leva os autores a reconsiderarem o impacto de suas palavras e a desejarem distanciar-se de obras que já não representam seus valores atuais ou que podem ser prejudiciais para seus ouvintes.

Foto: Divulgação
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A polêmica envolvendo a letra de "Another Brick In The Wall (Part 2)" do Pink Floyd

Mas há casos de letras que mesmo quando lançadas já são polêmicas em um sentido que não foi a intenção original do autor. Um dos casos onde isso acontece é em "Another Brick In The Wall (Part 2)", uma das músicas mais famosas do Pink Floyd, integrante do álbum "The Wall" de 1980, e que também saiu como single, algo raro em se tratando da banda formada por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright. O single atingiu o primeiro lugar nas paradas em vários países impulsionado por sua letra contestatória, cantada por um coral infantil de uma escola britânica e pelo marcante verso que começa com "We don't need no education", que se tornou símbolo de protesto e passou a ser usado/mencionado em inúmeras situações diferentes mundo afora.

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O trecho cantado pelas crianças diz: "We don't need no education"/ "We don't need no thought control"/ "No dark sarcasm in the classroom"/ "Teachers leave them kids alone"/ "Hey! Teachers! Leave them kids alone!"/ "All in all it's just another brick in the wall"/ "All in all you're just another brick in the wall". Em português fica: "Nós não precisamos de nenhuma educação"/ "Nós não precisamos de nenhum tipo de lavagem cerebral"/ "(Não precisamos de) Nenhum sarcasmo na sala de aula"/ "Os professores deixam as crianças sozinhas"/ "Ei! Professores! Deixem as crianças em paz!/ "No final das contas, é apenas mais um tijolo no muro"/ "No final das contas, você é apenas mais um tijolo no muro".

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Mas conforme apontou a Far Out, muitos interpretaram esse coro de forma indevida como sendo uma demanda do Pink Floyd no sentido do fim do sistema educacional para as crianças da Grã-Bretanha. Alun Renshaw, chefe do departamento de música da Islington Green School, de onde são os alunos que fazem o coro, disse que a então Primeira Ministra Margaret Thatcher "odiava a música".

"Eu queria fazer música relevante para as crianças, que elas não ficassem apenas sentadas ouvindo Tchaikovsky. Eu achei a letra muito boa - 'We don't need no education, we don't need no thought control'... imaginei que aquilo seria uma experiência maravilhosa para as crianças", disse Alun, que chegou a arriscar seu cargo fazendo a gravação do coro às escondidas da diretora da escola, Margaret Maden, que a princípio se irritou com a letra. Mais tarde, entretanto, ela mudou de opinião: "No fim das contas, foi parte de uma educação musical muito rica".

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A mensagem da letra de "Another Brick in the Wall", do Pink Floyd, conforme seu autor, Roger Waters

O autor da letra, Roger Waters, explicou que a principal ideia por trás de "Another Brick in the Wall" não é a temática da escola e sim a possibilidade da juventude poder se expressar e não ser repreendida por isso: "Realmente, a coisa mais importante dessa música não é a relação com o professor e a escola. Acho que foi a primeira coisa que escrevi em que expressei liricamente a ideia de que você pode construir uma parede com um certo número de tijolos diferentes, que quando encaixados, formam algo impermeável. Quando você chega na puberdade e começa a ficar arrogante, é bom ter um adulto por perto que fale: 'Bom, vamos conversar sobre isso'. Ao invés de 'Fique quieto, ninguém liga para o que você pensa', que foi o que aconteceu no meu caso. Eles dizem apenas que 'você está aqui para aprender'. Mas não sei até onde isso é verdade agora. Espero que as crianças hoje em dia tenham mais voz".

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Mais tarde, seu colega de banda, David Gilmour, explicou para Andrew Marr da BBC sua ressalva em relação à má interpretação da letra da música e porque o Pink Floyd é o responsável por isso: "Roger vai dizer que está tudo em um contexto, e eu hoje desconfio, não tenho certeza se for uma boa ideia lançar algo assim como single. Nós precisamos de professores, e Roger estava falando sobre o tipo de professores que eram típicos das escolas deste país quando estávamos crescendo, mas acho que eu não lançaria uma música assim hoje em dia".

O que também impulsionou o sucesso de "Another Brick in the Wall - Part II" foi o vídeo extraído da versão cinematográfica do "The Wall", que mostra uma cena protagonizada por Pink, o personagem central do filme. Conforme descreve o wikipedia: "Pink imagina vários estudantes marchando ao ritmo da música, voltando-se para uma máquina da qual se transforma clones vazios com uma face de barro sem qualquer distinção um do outro. Esses estudantes caem em um moedor de carne, são pulverizados e picados e saem como salsichas. Começando com um solo de guitarra de Gilmour, as crianças destroem a escola, a incendiando, arrastando seus professores para fora da escola entre golpes e gritos. A música termina com Pink esfregando a mão, depois que o professor bate nele com uma régua. Esta versão cinematográfica foi utilizada como um clipe nos canais MTV e VH1".

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Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
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