A diferença entre "Black Album" e os primeiros discos do Metallica, segundo Lars Ulrich
Por Mateus Ribeiro
Postado em 12 de agosto de 2024
A discografia do Metallica é repleta de trabalhos marcantes, que colocaram a banda fundada por James Hetfield e Lars Ulrich na estante dos imortais da música pesada. Um desses registros é o disco autointitulado do quarteto (também conhecido como "Black Album", por conta de sua capa preta).
Lançado em 12 de agosto de 1991, "Black Album" marca o início de uma nova era na trajetória do Metallica. O Thrash Metal furioso dos primeiros discos cedeu lugar para um som mais lento, direto e acessível. A mudança deu certo, ao menos em termos comerciais, já que o disco autointitulado do Metallica vendeu dezenas de milhões de cópias, marca simbólica, ainda mais para uma banda de Heavy Metal.
A mudança de direcionamento musical que o Metallica promoveu em "Black Album" foi um dos assuntos abordados na entrevista que James Hetfield (guitarrista/vocalista), Kirk Hammett (guitarrista), Lars Ulrich (baterista) e Jason Newsted (baixista que fez parte do grupo por 14 anos) concederam à revista Playboy em 2001.
"Os primeiros discos eram sobre força bruta, coisas desse tipo. À medida que James foi se sentindo mais à vontade, surgiram elementos de vulnerabilidade e confusão, com menos coisas do tipo ‘bater no peito’. Ao invés de ser ‘Está tudo fodido e vou matar tudo em meu rastro’, era mais algo do tipo ‘Está tudo fodido e estou realmente sofrendo com isso’", relatou o baterista Lars Ulrich (via Revolver Magazine).
"No ‘Black Album’, quando fui escrever as letras, não sabia sobre o que escrever. Eu estava tentando escrever letras que a banda pudesse apoiar, mas somos quatro indivíduos completamente diferentes", contou o vocalista James Hetfield, que escreveu a inesquecível "Nothing Else Matters", considerada por ele mesmo como "um grande ponto de virada".
Citada no parágrafo anterior, "Nothing Else Matters" fez muito sucesso, tanto que ultrapassou 1 bilhão de plays tanto no Youtube quanto no Spotify. A música certamente deixa James Hetfield orgulhoso. No entanto, Kirk Hammett e Jason Newsted aparentemente não eram muito fãs da balada melancólica.
"No começo, não parecia muito com o Metallica para mim. Gosto de coisas rápidas e pesadas. Não acho que o Metallica deva fazer country. Chegamos bem perto disso em ‘Mama Said’ [faixa do álbum ‘Load’]", afirmou Jason Newsted, que saiu do Metallica em janeiro de 2001, três meses antes da entrevista à Playboy ser publicada.
"Tudo o que eu conseguia pensar na época era: James escreveu uma música de amor para a namorada? Isso é muito estranho", disse Kirk Hammett, que elogiou a coragem de James Hetfield. "James sempre quer ser percebido como um cara muito confiante e forte. E para ele escrever uma letra como essa - mostrando um lado sensível - foi preciso muita coragem. Lars, Jason e eu estávamos passando por divórcios. Eu estava emocionalmente abalado. Eu estava tentando pegar esses sentimentos de culpa e fracasso e canalizá-los para a música, para tirar algo positivo disso. O Jason e o Lars também estavam, e acho que isso tem muito a ver com o fato de o ‘Black Album’ ter o som que tem", finalizou o guitarrista.
Além de "Nothing Else Matters", "Black Album" apresenta como destaques as faixas "Enter Sandman", "Sad But True", "Nothing Else Matters" e "Wherever I May Roam". Em 2021, foi lançada uma versão remasterizada do disco, que conta com vários bônus e pode ser conferida no Spotify.
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