O álbum que Nick Mason acha que nem sempre parece ser do Pink Floyd
Por Bruce William
Postado em 29 de setembro de 2024
A obra do Pink Floyd nas décadas de sessenta e setenta foi fundamental para a evolução do Rock, e álbuns clássicos como "The Piper at the Gates of Dawn" e "The Dark Side of the Moon" mostraram a banda explorando temas complexos e inovadores, e também experimentando com sonoridades e estruturas musicais, incorporando elementos de música eletrônica e poesia. Sua capacidade de criar experiências auditivas imersivas e conceituais, aliada a letras que abordavam questões sociais, existenciais e filosóficas, solidificou o Pink Floyd como uma das bandas mais influentes e respeitadas da história.

Mas já no final dos anos setenta, cada vez mais Roger Waters ia gradativamente assumindo o protagonismo dentro do grupo: "Isso se refletiu em um controle sobre o direcionamento criativo da banda, levando a uma obra-prima como 'The Wall' (1979) - onde ele compôs praticamente todo o material (...) e a um trabalho não tão bem sucedido assim, o controverso 'The Final Cut' (1983). Controverso porque, na verdade, 'The Final Cut' foi concebido como um álbum solo de Waters, tanto que traz no encarte a frase 'A requiem for the post war dream by Roger Waters, performed by Pink Floyd'", relata a resenha sobre o álbum "A Momentary Lapse of Reason", de 1987.
Prossegue o texto: "O conflito entre Waters e Gilmour então se intensificou e a banda entrou em uma pausa, com o baixista e o guitarrista lançando novos álbuns solos. Em 5 de março de 1984 chegou às lojas o segundo disco de David Gilmour, 'About Face', e em 30 de abril foi a vez de Roger Waters lançar 'The Pros and Cons of Hitch Hiking'. As turnês que promoveram ambos os discos tiveram baixa venda de ingressos, e a gravadora da banda, a CBS, sugeriu que os músicos se reunissem e gravassem um novo álbum do Pink Floyd, o que o baixista não aceitou".
Roger Waters achava que David Gilmour jamais lançaria um álbum do Pink Floyd sem ele
Com isso, Roger acabou pulando fora do barco: "Em dezembro de 1985 Roger anunciou oficialmente a sua saída da banda, que ele definiu como 'uma força criativamente já gasta'. A CBS se uniu então com Gilmour e Nick Mason e tentou forçar Waters a gravar um novo trabalho com o grupo, ameaçando-o de processo se ele não fizesse isso. Logicamente o baixista não aceitou a pressão, e então foi confrontado por David: 'Eu disse para Waters antes de ele sair: cara, se você sair, nós vamos seguir em frente. Não faça nada sobre isso, porque nós iremos continuar com a banda'. A resposta do baixista foi um categórico 'você nunca faria isso'."
O resultado foi o "A Momentary Lapse of Reason", lançado em 1987. Originalmente a ideia de David Gilmour é que esse seria um trabalho solo, mas ele acabou sendo convencido a lançar o trabalho sob o nome da banda, apesar do próprio guitarrista admitir que o álbum demonstra uma certa indecisão sobre o rumo das coisas: "Há momentos adoráveis nele - como 'Sorrow', 'On The Turning Away' e 'Learning To Fly'. Mas, assim como a maioria [das bandas da época], nós nos deixamos levar por aquela coisa oitentista. Ficamos meio que empolgados demais com os recursos tecnológicos que nos eram oferecidos, e Rick [Richard Wright] e Nick [Mason] foram bem inefetivos."
Roger, como era de se esperar, criticou o trabalho, apesar de admitir que nem tudo ali está perdido, sob a ótica dele: "'A Momentary Lapse of Reason' traz algumas coisas muito boas que, se eu ainda estivesse na banda, [usaria] aquelas sequências de acordes e melodias em um álbum no qual eu estivesse envolvido. Mas conceitualmente e liricamente, ele é simplesmente um lixo, em parte porque não é verdadeiro. Foi tipo, 'vamos tentar escrever músicas que soam como se fosse o Pink Floyd e fazer discos que soam como se fossem discos do Pink Floyd'."
Outro integrante que se sentiu desconfortável já nas gravações foi o Nick Mason. Em seu livro, Inside Out, o baterista admitiu que se sempre se sentia desconectado do grupo ao trabalhar no disco, conforme resgatou a Far Out: "É um álbum feito com muito cuidado, com poucos riscos. Essas coisas juntas me fazem sentir um pouco afastado de 'Momentary Lapse', a ponto de nem sempre parecer como se fosse a gente. No entanto, 'Learning to Fly' consegue isso por alguma razão", diz o baterista.
Em outra ocasião, Nick chegou a dizer que o grande problema do álbum é que eles acabaram "enfeitando o pavão" na produção: "Nós colocamos tudo naquele [álbum, o 'A Momentary Lapse of Reason']. Havia um sentimento de insegurança sobre como ele ficaria sem Roger, então nós acabamos meio que enfeitando o pavão com muitos músicos contratados. Há partes que foram excessivamente produzidas, tem mais do que o necessário nele."
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