Rush e o álbum que nunca acabava, meses sem cortar o cabelo ou barba, "viramos criaturas prog"
Por Bruce William
Postado em 23 de fevereiro de 2025
O Rush nunca teve pressa para compor, mas uma coisa era certa: cada álbum exigia um nível de dedicação extrema. No final dos anos setenta, o trio canadense levou esse compromisso ao limite durante as gravações de "Hemispheres", um dos trabalhos mais desafiadores da carreira da banda. O processo foi tão intenso que os músicos praticamente perderam a noção do tempo e do próprio estado físico.
Rush - Mais Novidades

Em entrevista à Classic Rock em 2020, resgatada pelo Metal Injection, Geddy Lee e Alex Lifeson relembraram o isolamento absoluto que viveram na fazenda onde gravaram o disco. "Era como se tivéssemos entrado em um monastério", contou Lee. "Parou de fazer sentido se barbear, cortar o cabelo... nós simplesmente viramos essas criaturas prog grotescas, trancadas no estúdio, trabalhando a noite inteira e dormindo o dia todo."
A gravação parecia interminável. Segundo Lee, "Hemispheres" foi "o disco que não terminava nunca". Mesmo com apenas quatro faixas, o trabalho exigiu meses de imersão, repetição e ajustes minuciosos. Lifeson recorda que, em mais de três meses de gravação, o grupo quase não saiu do estúdio. "Acho que tivemos no máximo três momentos em que realmente deixamos a fazenda."
O esforço resultou em um álbum que elevou a ambição musical do Rush a outro nível. A longa e complexa "Cygnus X-1, Book II: Hemispheres" mergulhava em temas como razão e emoção, enquanto "La Villa Strangiato", faixa instrumental que encerra o disco, levou a técnica do trio ao limite. O próprio Lee admitiu ao The Guardian em 2018 que a banda subestimou a dificuldade de executá-la: "Acreditamos que conseguiríamos gravá-la ao vivo, de uma vez só, e pronto! Mas era muito difícil. Estava além do nosso alcance."
Apesar do desgaste, o álbum consolidou a base de fãs que apreciava essa ousadia musical. "Nosso público adorava quando entrávamos nesse modo louco", disse Lee. "Sim, é um exagero, mas foi essencial para construir a conexão que temos com os fãs."

Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps